JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 1 

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PRIMEIRA PARTE Entendendo as pessoas CAPÍTULO 1 
Entendendo como as pessoas pensam 

"Com que compararemos o reino de Deus ou que parábola usaremos para descrevê-lo? Ele é como a semente de mostarda, que é a menor semente que plantamos no solo. No entanto, quando plantada, ela cresce e torna-se a maior de todas as plantas do jardim, com ramos tão grandes que os pássaros do ar podem se abrigar à sua sombra." Com muitas parábolas como essa Jesus anunciava a seus seguidores a Palavra conforme podiam entender. Ele não lhes falava nada a não ser em parábolas. Marcos 4:30-34 Jesus sabia que quase tudo o que fazemos na vida baseia-se simplesmente na fé. A maior parte das nossas decisões é tomada inicialmente em razão do que sentimos ou acreditamos. Só depois racionalizamos para justificar nossas escolhas. Jesus usava parábolas para nos obrigar a lidar com as nossas crenças, e não com nossos raciocínios lógicos. A pessoa verdadeiramente sábia é sempre humilde. Jesus nunca escreveu um livro, sempre falou por meio de parábolas e conduziu as pessoas à verdade através do seu exemplo vivo. Ele era confiante sem ser arrogante, acreditava em valores absolutos sem ser rígido e tinha clareza sobre sua própria identidade sem julgar os outros. Jesus abordava as pessoas com técnicas psicológicas que estamos apenas começando a entender. Em vez de mostrar-se superior, dando palestras eruditas baseadas no seu conhecimento teológico, ele humildemente dizia o que queria através de simples histórias. Falava de um modo que levava as pessoas a ouvirem, porque sabia o que as fazia querer escutar. Jesus foi um poderoso comunicador porque compreendia o que a psicologia está nos ensinando hoje: que baseamos a nossa vida mais no que acreditamos do que no que sabemos. Suas críticas mais severas eram dirigidas aos professores de religião, embora fosse um deles. Jesus não os censurava pelo conhecimento que possuíam, mas pela arrogância que demonstravam. Para ele era claro que quanto mais aprendemos, mais deveríamos perceber que existem muitas coisas que ainda não sabemos. A arrogância é sinal de insegurança. Jesus entendia que as idéias humanas nunca expressam totalmente a realidade, e seu estilo de ensinar sempre levou este fato em consideração. Acredito que se desejarmos ser comunicadores mais eficazes precisamos aprender o que Jesus sabia a respeito da relação entre o conhecimento e a humildade. 1 Os grandes pensadores são sempre humildes. Eles compreendem que a vida está mais ligada à fé do que ao conhecimento. POR QUE JESUS FALAVA POR MEIO DE PARÁBOLAS "E não lhes falava nada a não ser em parábolas." Marcos 4:34. Jesus compreendia a forma de pensar das pessoas. Ele foi um dos maiores professores da história porque sabia que cada pessoa só pode compreender as coisas a partir da sua perspectiva pessoal. Por isso ele ensinava por meio de parábolas. A parábola é uma história que nos ajuda a compreender a realidade. Podemos extrair dela as verdades que formos capazes de entender e aplicá-las em nossas vidas À medida que crescemos e evoluímos, podemos rever as parábolas para descobrir novos significados que nos guiem em nossos caminhos. As parábolas me ajudaram a entender a vida. Isso aconteceu, sobretudo durante um dos períodos mais difíceis, quando eu não estava conseguindo compreender meu sofrimento. Foi uma época em que passei a questionar tudo, pensando: como pode existir um Deus se estou sofrendo tanto? Eu estava completamente desesperado e nada era capaz de me ajudar. Nessa ocasião, fui à casa do meu irmão para me queixar da minha situação. Tim é geólogo e passa a maior parte do tempo ao ar livre. Ele não costuma falar muito, mas, quando o faz, geralmente diz coisas muito proveitosas. Sempre o considerei um homem humilde, no melhor sentido da palavra. Eu estava sentado na cozinha da casa dele, com um ar deprimido e sentindo-me sem esperanças, quando meu irmão disse: "Sabe, Mark, recentemente, quando eu estava fazendo uma pesquisa geológica, notei uma coisa interessante a respeito da maneira como o mundo é feito. Nossa equipe escalou a montanha mais alta da região e a vista nos deixou emocionados. As experiências no alto das montanhas são magníficas. No entanto, nessa altitude as árvores não conseguem sobreviver. No topo da montanha nada cresce, mas quando olhamos para baixo notamos uma coisa interessante: todo o crescimento está nos vales.”. A parábola de Tim me ensinou uma verdade essencial: o sofrimento nos causa dor, mas também nos faz crescer. Nunca esquecerei o que Tim disse naquele dia. As palavras dele não eliminaram a minha dor, mas de certa maneira a tornaram mais tolerável. As parábolas não alteram os fatos da nossa vida - elas nos ajudam a olhá-los de outra maneira. Era o que Jesus pretendia ao contar as parábolas. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Só podemos entender as coisas a partir da nossa própria perspectiva. COMO CONHECEMOS A VERDADE "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." João 14:6 Don trouxe uma lista quando veio para a primeira sessão de terapia. Ele não gostava de perder antes. Quanto mais ele aprendia sobre si mesmo, mais conseguia perceber os motivos que o levavam a tomar determinadas decisões. Don descobriu as verdades mais importantes sobre a sua vida, não por causa dos meus conselhos, mas porque o nosso relacionamento foi capaz de conduzi-lo a um entendimento mais profundo sobre si mesmo. Jesus sabia que as pessoas jamais poderiam entender completamente a vida se usassem apenas o intelecto. Ele não dizia: "Vou ensinar a vocês o que é a verdade." Ele dizia: "Eu sou a verdade." Ele sabia que a mais elevada forma de conhecimento decorre dos relacionamentos em que existe confiança mútua, e não de grandes quantidades de informação. Jesus respondia às perguntas diretas com metáforas para atrair as pessoas para um diálogo e um relacionamento com ele. Este princípio espiritual - que aprendemos as verdades mais profundas da vida através dos nossos relacionamentos - é à base da forma como eu pratico a terapia. Todos temos idéias conscientes e inconscientes 2 que afetam a maneira como percebemos o mundo. É psicologicamente impossível colocar completamente de lado a influência da nossa mente sobre a maneira como percebemos as coisas, sobretudo porque na maioria das vezes não temos consciência de que tudo o que conhecemos intelectualmente passa pelo filtro das nossas crenças. A terapia proporciona às pessoas um relacionamento que pode levá-las a se conhecerem melhor, descobrindo, assim, as outras verdades da sua vida. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Aprendemos as verdades mais profundas através dos nossos relacionamentos. POR QUE TENTAMOS SER OBJETIVOS "A sabedoria é demonstrada pelas suas ações." Mateus 11:19 Craig e Betty tinham valores e metas semelhantes na vida, o que os tornava bons parceiros e fez com que o casamento dos dois desse certo durante os primeiros anos. No entanto, pouco a pouco, Betty foi ficando insatisfeita com o relacionamento. Nas primeiras vezes em que tentou conversar com Craig a respeito do que sentia, o diálogo foi tão difícil que ela desistiu, porque acabavam brigando. Betty respeitava Craig, mas nos últimos tempos não estava segura nem mesmo para falar com ele de seus temores, o que a incomodava terrivelmente. —Nunca fui infiel e sempre proporcionei uma vida de qualidade a você e às crianças. Não acho que exista razão para sentir medo. Se você olhar objetivamente para as coisas, vai ver que temos um bom casamento - insistia Craig. —Não se trata de definir quem está certo e quem está errado - retrucava Betty. - É que eu não me sinto suficientemente segura para dizer como me sinto. —Segura? - espantava-se Craig. - Você está imaginando coisas! Você tem uma ótima casa, uma poupança e eu fiz para você um seguro de vida de um milhão de dólares. A única maneira de ficar mais segura seria se eu morresse. As conversas desse tipo nunca ajudaram Betty. Foi só depois que os dois foram procurar uma terapia de casal que o problema começou a se esclarecer. Craig passou a entender que os fatos objetivos que ele tentava mostrar para a esposa não a estavam ajudando. Ela queria apenas que ele compreendesse que ela sentia medo e precisava de apoio. Ela não esperava que ele eliminasse seus temores, queria só compartilhar seus sentimentos na esperança de se sentir mais perto dele. Craig se sentia muito melhor examinando os fatos, mas percebeu que essa atitude não melhorava a situação, pois Betty precisava que ele a escutasse, a entendesse e respondesse com compaixão. Existem momentos em que a objetividade não faz entender a essência da questão. Quando Craig tornou-se consciente do que estava acontecendo, foi capaz de ajudar Betty. As pessoas valorizam demais a objetividade. Dizemos coisas como: "Por favor, limite-se a me apresentar os fatos", como se obter os fatos fosse realmente à coisa mais importante a ser feita. Conclusões baseadas em fatos objetivos nos conferem uma sensação de segurança. No entanto, para Jesus, agir com sabedoria era muito mais importante do que acumular fatos objetivos. Para ele, o conhecimento devia se traduzir sempre nos atos e não nos discursos racionais. Foi isso que ele quis dizer quando falou: "A sabedoria é demonstrada pelas suas ações." Podemos estar objetiva e racionalmente certos a respeito de algo que tem conseqüências devastadoras nos nossos relacionamentos com os outros, mas a sabedoria vai sempre considerar os resultados das nossas ações. Jesus ensinou que insistir em chegar aos fatos objetivos sobre as coisas às vezes pode ser perigoso. Guerras foram deflagradas, religiões divididas, casamentos terminados, crianças repudiadas e amizades desfeitas por causa dessa atitude. Às vezes, vencer numa discussão pode nos custar um relacionamento. Como diz o antigo ditado, temos duas escolhas no casamento: podemos ter razão ou podemos ser felizes. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Busquem mais a sabedoria do que o conhecimento. PODEMOS ESTAR SINCERAMENTE ERRADOS "Os homens humildes são muito afortunados!" Mateus 5:5 (Living Bible) Às vezes confiamos muito no que pensamos porque isso nos dá uma falsa sensação de segurança. Podemos sinceramente acreditar que algo é verdade, mas ainda assim estar completamente errados. 3 Jesus nos avisou que não devemos confundir a sinceridade com a verdade. Quando acreditamos em alguma coisa, estamos convencidos de que ela é a verdade. Jesus ensinou que devemos ser humildes com relação ao que pensamos saber, porque só podemos conhecer a verdade a partir da nossa perspectiva pessoal. Quando eu estava na faculdade, um grupo de cristãos da contracultura costumava fazer pregações nos pontos mais freqüentados do campus. Um deles pregava a mensagem de Jesus com toda a força. Eu ficava impressionado com a sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza, depois de ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe: - Então, quantas pessoas vocês conseguiram atrair para Cristo com os seus discursos? Para minha surpresa, a resposta foi: -Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É a nossa missão. Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a coisa certa. O resultado não era tão importante quanto à sinceridade com a qual ele executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas questionei se o simples fato de ser sincero fazia com que estivesse certo. Na verdade, eu conhecia dezenas de alunos da faculdade que ficavam irritados com os sermões e se afastavam daquele Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância. Esse pregador ignorava uma importante verdade que Jesus exercitava. Ser ao mesmo tempo fortemente convicto e bastante flexível requer uma grande força de caráter. As pessoas maduras conseguem ser corajosas o suficiente para se comprometerem com a verdade, permanecendo abertas à possibilidade de estarem erradas com relação à maneira como a percebem. É assim que o conhecimento e a humildade se relacionam. Jesus disse: "Os homens humildes s PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não confundam a sinceridade com a verdade; vocês podem estar sinceramente errados. NÃO CONDENE O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE "Não condeneis e não sereis condenados." Lucas 6:37 Conheço uma antiga história a respeito de três cegos que encontraram um elefante. Quando lhes foi pedido que descrevessem o animal, cada um disse uma coisa diferente. Um afirmou que o elefante era como uma grande mangueira; o segundo, que ele parecia um cabo de vassoura; e o terceiro, que ele se assemelhava ao tronco de uma árvore. Cada um descreveu o animal a partir da sua perspectiva. Nenhum deles estava certo ou errado; todos estavam expondo o seu ponto de vista pessoal. Somos humildes quando percebemos que somos como os cegos, limitados na nossa capacidade de perceber as coisas que estão bem diante de nós. Luke e Annie procuraram uma terapia de casal porque haviam chegado a um impasse no seu relacionamento. Annie era uma pessoa muito espontânea que expressava seus sentimentos mais profundos com facilidade. Luke era um homem de negócios bemsucedido e muito racional que se preocupava com a família, sendo marido e pai dedicado. O maior problema que enfrentamos na terapia foi à dificuldade que Luke tinha com Annie, por considerá-la "excessivamente emocional". Todas as vezes que discutiam, ela chorava ou se magoava, e Luke ficava furioso, queixando-se de que ela se recusava a ser "racional" com relação às coisas. Quando procuraram à terapia, o relacionamento os havia colocado em dois extremos. Luke era o frio e racional, e Annie, a excessivamente emocional. Luke tinha sido criado para fazer sempre a coisa correta, independentemente de como se sentisse com relação a ela. Estar certo vinha em primeiro lugar; os sentimentos eram de certa forma ignorados ou negados. Ser confiável era importante; os sentimentos só serviam para atrapalhar. Como Annie expressava seus sentimentos com muita facilidade, Luke freqüentemente ficava confuso. Chegava a temer os sentimentos de Annie, porque não sabia como reagir para ajudá-la. Temos medo daquilo que não conhecemos. "Oh, não! Lá vai você de novo!", queixava-se ele sempre que ela expressava como se sentia com relação às coisas. As emoções intensas assustavam Luke e por isso ele criticava as pessoas que as demonstravam. "Não dou a mínima com relação a como você se sente a respeito do assunto. Vá simplesmente em frente", dizia ele. É claro que essa atitude só reforçava o comportamento emocional de Annie, piorando a situação. As coisas começaram a melhorar quando Luke entendeu que reagia negativamente aos sentimentos de Annie por não entendê-los. Ele passou a compreender que os sentimentos não são nem bons nem maus; são apenas outra fonte de informações necessárias para que o casamento dê certo. Talvez Luke pudesse se beneficiar tentando entender como Annie se sentia. Ele contribuiu para a harmonia conjugai quando deixou de achar que a mulher era emocional demais e começou a procurar ver as coisas a partir da perspectiva dela. A atitude dele ajudou Annie a parar de se condenar por ter reações emocionais muito intensas diante das coisas. Ela não era "excessivamente emocional". Era apenas uma pessoa que se sentia mal por ser emotiva, o que a fazia desmoronar sempre que se aborrecia. O fato de se permitir ter sentimentos possibilitou que estes surgissem e fossem resolvidos mais naturalmente. Luke e Annie ainda têm discussões, mas conseguem superá-las muito mais rápido agora. Quando tudo volta ao normal, Luke freqüentemente diz: "Sabe, estou feliz por termos conversado a respeito disso." As discussões passaram a ser mais produtivas quando um deixou de julgar o outro e procuraram entender as diferenças. Jesus nos advertiu das armadilhas que encontramos ao julgar os outros. Ele sabia que nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser e que não correspondem necessariamente à realidade. Precisamos acreditar que sabemos a verdade completa a respeito das coisas e das pessoas para nos sentirmos seguros, achando que dominamos completamente a situação e que nada novo virá nos perturbar. Esse temor do desconhecido é à base da intolerância. Ele nos leva a julgar e rotular pessoas e coisas. Quando sentimos esse tipo de medo, condenamos o que não compreendemos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Ao julgar os outros, nós nos condenamos. LIVRANDO-NOS DA AUTOCONDENAÇÃO "Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo.” João 3:17 Kirsten começou a se tratar comigo porque estava sabotando a sua carreira e não conseguia entender por quê. Ela tinha conseguido chegar ao topo da organização e agora não conseguia trabalhar, ficava paralisada devido ao crescente pânico de ser demitida. Estava quase incapacitada por sentimentos de insegurança. Foram necessários vários meses, mas finalmente conseguimos entender em parte por que ela estava arruinando o seu sucesso. Kirsten não se sentia orgulhosa por causa das suas realizações. Na verdade, ela não sentia nenhum orgulho de si mesma. Sua auto estima era baixíssima e ela tentava compensar este sentimento com o sucesso empresarial e a riqueza material. Procurava parecer boa externamente porque acreditava que era má por dentro. Estava nas garras da autocondenação. Kirsten passou a infância tendo que lidar com uma mãe alcoólatra e tentando esconder do mundo a vergonha que sentia. Vivia quase o tempo todo assustada ou envergonhada. A experiência foi traumatizante demais e, apesar de a mãe ter parado de beber quando Kirsten era adolescente, ficaram marcas profundas. Ela achava que sentia ódio de si mesma devido à maneira como se sentia com relação à mãe. Acontece que não era a si mesma que ela odiava e sim à mãe. Apesar dos horrores e humilhações por que passara quando criança, Kirsten jamais se permitira sentir raiva da mãe. Era como se tivesse o dever de enfrentar os problemas e fazer as coisas parecerem normais. Mas a verdade é que ela sempre se culpara pelos fracassos da mãe. Acreditava que se tivesse sido uma criança melhor, sua mãe não teria precisado beber, e acabou acreditando que não merecia que a mãe se esforçasse para cuidar dela. Enquanto condenou-se por causa da sua infância miserável, Kirsten teve a certeza de não merecer ter sucesso na vida. Quando Kirsten começou a perceber o que estava acontecendo, as coisas mudaram. Quando se condenava, era como se o fracasso na vida fosse inevitável. Acreditou que nunca teria sucesso, e ponto final. Quando tomou consciência de que "nunca terei sucesso" não era um fato real, mas apenas uma crença criada por sua experiência de vida, começou a melhorar. Os fatos não mudam, mas as crenças, sim. Agora ela sabe que acreditou no seu fracasso durante anos e que as convicções podem mudar. Está criando novas idéias a respeito de si mesma e passando pelo processo de perdoar a mãe pelo que ocorreu na infância. Mas para isso foi necessário que ela tomasse consciência do ódio que sentia pela mãe. Jesus sabia que as pessoas são salvas ou destruídas com base no que acreditam, e a autocondenação é uma dessas crenças destrutivas. Kirsten passou a esforçar-se para sair dessa situação causada pela força de sua crença. A parte mais difícil da terapia foi fazê-la descobrir que ela se condenava e se sabotava não por fatos reais, mas por causa do que acreditava ser verdadeiro a seu respeito. Quando ela percebeu isso, sua capacidade de mudar manifestou-se muito mais rápido. Todo mundo sente-se mal às vezes com relação a coisas que fez, mas algumas pessoas sentem-se mal a respeito de quem são. Elas se condenam e se tornam autodestrutivas se não descobrirem como mudar suas convicções com relação a si mesmas. Apresentar-lhes fatos raramente O Sr. e a Sra. Parker tinham uma única diretriz com relação à Nathan: "Só queremos que ele seja feliz." Achavam que estavam investindo em sua felicidade quando, em vez de colocar limites quando ele era criança, ofereciam-lhe alternativas para que escolhesse. Por exemplo, em vez de determinar uma hora fixa de dormir quando o filho estava na escola primária, perguntavam: "Nathan, você quer ir dormir tarde e ficar cansado amanhã o dia inteiro ou prefere ir dormir agora e se sentir descansado e bem disposto quando acordar?" É claro que Nathan preferia ir dormir mais tarde, o que fazia com que estivesse freqüentemente cansado quando criança. O casal não queria ser autoritário com Nathan, de modo que tentaram ensinar que tudo tem conseqüências, dependendo das escolhas que fazemos. Mas na época Nathan não tinha maturidade para entender isso, e essa atitude dos pais o deixava inseguro, achando que eles não sabiam o que fazer e por isso estavam sempre lhe perguntando o que ele preferia. A vida de Nathan ficou descontrolada porque lhe deram uma responsabilidade que ele não era capaz de assumir. Quando temos sete anos e acreditamos que ninguém dirige o universo, chegamos à conclusão de que nada importa. Para Nathan, a verdade era relativa, e a realidade era como a criávamos. Na verdade, Nathan precisava que seus pais soubessem das coisas. Como criança, ele precisava que eles estabelecessem limites, fazendo-o sentir-se seguro, e que dessem respostas diretas às suas perguntas. Obrigar uma criança cedo demais a decidir por si mesma pode ter conseqüências negativas. Nathan necessitava aprender que a verdade não é relativa, 4 mesmo que cada um de nós a veja a partir de sua própria perspectiva pessoal. A vida ainda é bem difícil para a família Parker, mas está melhorando. O Sr. e a Sra. Parker admitiram que desejam outras coisas para Nathan além das que lhe transmitiam. Eles querem que o filho seja respeitoso, responsável e uma companhia agradável. Eles sempre desejaram isso, mas achavam que impor seus desejos ao filho prejudicaria a felicidade dele. No entanto, à medida que os pais são mais claros com relação ao que querem dele, Nathan está se tornando um rapaz mais feliz. Respeitar o ponto de vista uns dos outros não significa que tudo é relativo. Acreditar que a verdade é relativa e que nada realmente importa é exatamente o oposto do que Jesus ensinou. Mas tudo é importante. O que ocorre é que, apesar de a verdade ser absoluta, nós a percebemos de forma relativa. Foi por isso que Jesus disse: "Eu sou a Verdade" (João 14:6). Ele sabia que não compreendemos objetivamente as verdades mais profundas da vida; nós nos aproximamos delas. Sempre interpretamos o que percebemos, o que significa que nunca somos realmente objetivos a respeito de nada. Acreditar que a verdade é relativa significa afirmar que não existe uma verdade objetiva, de modo que cada um pode fazer o que quiser. Jesus ensinava a fazer do nosso "sim um sim" porque queria que fôssemos pessoas de convicção. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Acreditem na verdade com convicção; aproximem-se dela com humildade. HUMILDADE NÃO É PASSIVIDADE "Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra". Mateus 5:39 Freqüentemente dizemos que as pessoas passivas são humildes. É uma maneira de encontrar algo amável para se referir a pessoas que consideramos bastante incapazes. Raramente admiramos a humildade, porque a consideramos como o oposto da agressividade, que associamos ao sucesso. Jesus, no entanto, tinha uma visão diferente da humildade. Ele disse: "Agora que eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (João 13:14). Jesus não se fez humilde na presença de outros porque possuía uma baixa auto-estima. Ele escolheu servir seus apóstolos porque tinha consciência de quem era; Jesus era suficientemente confiante para assumir o papel de servidor. Ele sabia que o status e o poder não tornam uma pessoa importante. O que faz uma pessoa ser importante é sua capacidade de servir os outros. A verdadeira humildade exige confiança em si mesmo. Para ser humilde você precisa saber quem é e escolher servir os outros. Não se trata da modéstia causada pela insegurança. Dar importância à outra pessoa sem nos considerarmos diminuídos é a verdadeira humildade. Uma das minhas alegrias quando criança era jogar dominó com o meu avô. Ele levava o jogo muito a sério. Fora criado em uma pequena cidade do Arkansas onde a habilidade de um homem no dominó garantia sua reputação num raio de vários quilômetros. Um dia, na tentativa de ganhar a partida, agi impulsivamente procurando ver as peças de meu avô. A forma que o menino de dez anos que eu era encontrou foi me inclinando para frente e começando a derrubar todas as peças do jogo. Instintivamente, meu avô se levantou da cadeira horrorizado com o que eu estava fazendo. Quase ofegante e tenso, começou a retirar-se, mas parou no meio do caminho. Com a mesma rapidez com que se erguera, inverteu o movimento e lentamente voltou a se sentar com um sorriso de quem sabe das coisas. Pediu-me para ajudá-lo a recolher as peças a fim de retomarmos o jogo. Na hora achei esse comportamento estranho, e só muito mais tarde vim a entender o que ele significava. Embora tivesse lutado para chegar onde estava na vida, meu avô sabia que ganhar não era tudo. Para ele, o objetivo de qualquer jogo não era conseguir o maior número de pontos; era jogar de maneira a obter o maior respeito possível do oponente. Lembro-me daquele jogo de dominó com o meu avô porque ele se tornou um símbolo do nosso relacionamento. O importante para ele não era parecer capaz; ao contrário, era fazer com que eu me sentisse capaz. Ele deixou de brigar comigo quando derrubei as peças do jogo não porque fosse passivo, mas para me ensinar algo a respeito da humildade. Foram necessários muitos eventos desse tipo na minha vida para que eu pudesse entender isso, mas meu avô ensinou-me de uma forma muito poderosa o que é a humildade - ele a praticou concretamente. Ser uma pessoa passiva é recusar-se a ter uma atitude por causa do medo. Ser humilde é ter uma atitude devido ao amor. Foi isso que Jesus quis dizer quando falou: "Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra." Ele não disse: "Se alguém te ferir na face direita, dá meia volta e afasta-te." Jesus queria que as pessoas tomassem uma posição firme e tivessem uma atitude digna. O que ele estava transmitindo é que o amor é mais forte do que o ódio. Se as pessoas atacarem você por ódio, procure amálas até a morte. Jesus viveu este preceito literalmente na sua vida. Ele preferiu uma vida mais curta repleta de humildade e amor do que uma existência mais longa cheia de medo e passividade. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A humildade é a força sob controle. POR QUE OS TERAPEUTAS PRECISAM SER HUMILDES "Abençoados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5:3) Elaine era uma mulher tímida que procurou a psicoterapia por causa de constantes relacionamentos fracassados. À medida que o tempo passava, foi ficando cada vez mais difícil encerrarmos nossas sessões na hora. Era como se algo importante fosse surgir nos últimos minutos de quase todas as sessões, e Elaine rompia em lágrimas e expressava sentimentos sofridos, o que tornava difícil para nós dois concluir as sessões. No início, pensei que talvez as sessões de 45 minutos não fossem longas o suficiente para ela. Parecia que nossas conversas faziam um poço de emoções que havia dentro de Elaine entrar em erupção. Eu não queria atribuir a dificuldade em terminar a sessão ao fato de considerá-la "excessivamente emocional", já que não gosto de ver as pessoas dessa maneira, pois parece que estou condenando quem expressa seus sentimentos. De repente, entendi. Quando a sessão ia chegando ao fim, eu procurava terminar a conversa. Eu não queria iniciar algo muito profundo, pois só nos restavam alguns minutos. Sem perceber, eu estava sutilmente cortando Elaine. Minha intenção era evitar trazer à tona qualquer coisa que não tivéssemos tempo de examinar. Para Elaine, eu a estava rejeitando, como se dissesse que não queria mais ouvir o que ela estava sentindo. Quando percebemos o que estava acontecendo, o término das nossas sessões começou a transcorrer de maneira muito mais suave. O encerramento ainda doía, mas deixou de ser sentido por ela como rejeição. O que estava precisando de tratamento não era um problema no interior de Elaine e sim o nosso relacionamento, que necessitava de atenção. Jesus ensinou que os "pobres em espírito" herdarão tesouros devido à sua humildade. Os terapeutas precisam ser humildes a fim de receber os tesouros que aparecem a partir de um bom relacionamento com os pacientes. Hoje, muitos profissionais acreditam que o relacionamento criado na terapia é que ajuda as pessoas. 5 Os psicólogos precisam ouvir com muito cuidado cada paciente para juntos descobrirem de que maneira o relacionamento que está sendo formado pode levar à cura. Eles estão aplicando nos consultórios o que Jesus disse ser verdade a respeito de herdarmos o Reino de Deus. Para Jesus, o agente de cura sempre pensa em si mesmo em relação aos outros. As pessoas não buscam simplesmente a cura; elas formam um relacionamento com aquele que a oferece, e essa relação, se bem conduzida, contribu PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A terapia é mais do que um processo; é um relacionamento. JESUS, O TERAPEUTA "Amai uns aos outros." João 15:17 Quando Sheila compareceu à primeira sessão, anunciou que eu era seu sétimo terapeuta e que já conhecia seu diagnóstico. - Tenho um distúrbio de personalidade limítrofe. É claro que você sabe que não existe cura para o meu caso - declarou ela. Nada causa mais medo no coração de um terapeuta do que o termo "limítrofe", de modo que lhe dei total atenção. - E como você chegou a essa conclusão? - perguntei. - Minha última terapeuta deixou isso bem claro. Espero que você seja capaz de lidar com esse problema, porque preciso de alguém que saiba o que está fazendo - disse ela num tom hostil. Logo se tornou visível que a terapeuta anterior a havia rotulado de "limítrofe" por causa dos seus relacionamentos intensos e instáveis, dos acessos de raiva e do seu medo sufocante de ser abandonada. De fato seus sintomas podiam levar a esse diagnóstico, que é um distúrbio difícil de ser tratado, pois os terapeutas sofrem agressões intensas dos pacientes durante o tratamento. À medida que o tempo foi passando, ficou óbvio que Sheila receava muito que eu a rejeitasse, e por isso se empenhava desesperadamente para que eu a levasse a sério e me envolvesse com seu tratamento. As ameaças de suicídio, os telefonemas de emergência às três horas da manhã, as ligações sexuais com desconhecidos e as violentas explosões emocionais no meu consultório tinham a intenção de intensificar o nosso relacionamento, porque ela vivia sob a constante ameaça de que ele poderia terminar a qualquer momento. Pude perceber que diagnosticar Sheila como um caso de "distúrbio de personalidade limítrofe" havia se tornado parte do problema. Se ambos estávamos esperando que Sheila agisse de um modo agressivo devido à sua deficiência, seria este o comportamento que ela manifestaria. Sheila não estava sofrendo de uma raiva patológica inata que a forçava à autodestruição; era uma pessoa que estava desesperadamente tentando salvar a si mesma e o seu relacionamento comigo. Ela não estava tentando ser destrutiva, assim como a pessoa que está se afogando não está tentando matar aquele que vem em seu socorro. O salva-vidas experiente sabe que as pessoas fazem qualquer coisa para se salvar, até mesmo arrastar o salva-vidas para o fundo. Pessoas desesperadas fazem coisas desesperadas. Assim que percebi que Sheila não estava lutando comigo, mas lutando para salvar a si mesma no nosso relacionamento, as lutas de poder entre nós começaram a diminuir. Concentrei-me então em compreender as suas tentativas desesperadas de relacionar-se comigo. Às vezes ainda é difícil conviver com Sheila, mas o comportamento agressivo, tão comum há alguns anos, melhorou. O diagnóstico inicial tornou-se menos importante, porque ela se sente genuinamente ligada a mim e a outras pessoas. Hoje ela valoriza o fato de ser amada. Em seus ensinamentos, Jesus dizia que, em vez de nos basearmos no dogma, devíamos nos apoiar em um relacionamento amoroso com Deus. A chave não era estarmos certos com relação às coisas e sim desenvolver um bom relacionamento. Jesus pregou: "Eis o que vos ordeno: amai uns aos outros." O amor é a substância que faz os seres humanos formarem com os outros unidades indivisíveis. O amor é o termo espiritual para a conexão genuína que muitos terapeutas procuram estabelecer com os seus pacientes. Muitos terapeutas afirmam que precisamos tirar a ênfase das teorias e dos diagnósticos técnicos e colocá-la sobre o relacionamento formado na terapia. Tanto em relação à saúde psicológica quanto à salvação espiritual, a chave é deslocar a ênfase do conhecimento objetivo para a qualidade da relação. Esse ensinamento de Jesus é aplicado nos consultórios de muitos terapeutas. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O dogma não deve se tornar seu mestre. 



por Mark W. Baker

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