JESUS,
O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 1

PRIMEIRA PARTE
Entendendo as pessoas
CAPÍTULO 1
Entendendo como as pessoas pensam
"Com que compararemos o reino de Deus ou que parábola
usaremos para descrevê-lo? Ele é como a semente de mostarda,
que é a menor semente que plantamos no solo. No entanto,
quando plantada, ela cresce e torna-se a maior de todas as plantas
do jardim, com ramos tão grandes que os pássaros do ar podem
se abrigar à sua sombra." Com muitas parábolas como essa Jesus
anunciava a seus seguidores a Palavra conforme podiam
entender. Ele não lhes falava nada a não ser em parábolas.
Marcos 4:30-34
Jesus sabia que quase tudo o que fazemos na vida baseia-se
simplesmente na fé. A maior parte das nossas decisões é tomada
inicialmente em razão do que sentimos ou acreditamos. Só depois
racionalizamos para justificar nossas escolhas. Jesus usava
parábolas para nos obrigar a lidar com as nossas crenças, e não
com nossos raciocínios lógicos.
A pessoa verdadeiramente sábia é sempre humilde. Jesus nunca
escreveu um livro, sempre falou por meio de parábolas e conduziu
as pessoas à verdade através do seu exemplo vivo. Ele era
confiante sem ser arrogante, acreditava em valores absolutos sem
ser rígido e tinha clareza sobre sua própria identidade sem julgar
os outros.
Jesus abordava as pessoas com técnicas psicológicas que
estamos apenas começando a entender. Em vez de mostrar-se
superior, dando palestras eruditas baseadas no seu conhecimento
teológico, ele humildemente dizia o que queria através de simples
histórias. Falava de um modo que levava as pessoas a ouvirem,
porque sabia o que as fazia querer escutar. Jesus foi um poderoso
comunicador porque compreendia o que a psicologia está nos
ensinando hoje: que baseamos a nossa vida mais no que
acreditamos do que no que sabemos.
Suas críticas mais severas eram dirigidas aos professores de religião,
embora fosse um deles. Jesus não os censurava pelo
conhecimento que possuíam, mas pela arrogância que
demonstravam. Para ele era claro que quanto mais aprendemos,
mais deveríamos perceber que existem muitas coisas que ainda
não sabemos. A arrogância é sinal de insegurança. Jesus entendia
que as idéias humanas nunca expressam totalmente a realidade, e
seu estilo de ensinar sempre levou este fato em consideração.
Acredito que se desejarmos ser comunicadores mais eficazes
precisamos aprender o que Jesus sabia a respeito da relação entre
o conhecimento e a humildade. 1
Os grandes pensadores são
sempre humildes. Eles compreendem que a vida está mais ligada
à fé do que ao conhecimento.
POR QUE JESUS FALAVA POR MEIO DE PARÁBOLAS
"E não lhes falava nada a não ser em parábolas."
Marcos 4:34.
Jesus compreendia a forma de pensar das pessoas. Ele foi um dos
maiores professores da história porque sabia que cada pessoa só
pode compreender as coisas a partir da sua perspectiva pessoal.
Por isso ele ensinava por meio de parábolas.
A parábola é uma história que nos ajuda a compreender a realidade.
Podemos extrair dela as verdades que formos capazes de
entender e aplicá-las em nossas vidas À medida que crescemos e
evoluímos, podemos rever as parábolas para descobrir novos
significados que nos guiem em nossos caminhos.
As parábolas me ajudaram a entender a vida. Isso aconteceu,
sobretudo durante um dos períodos mais difíceis, quando eu não
estava conseguindo compreender meu sofrimento. Foi uma época
em que passei a questionar tudo, pensando: como pode existir um
Deus se estou sofrendo tanto? Eu estava completamente
desesperado e nada era capaz de me ajudar.
Nessa ocasião, fui à casa do meu irmão para me queixar da minha
situação. Tim é geólogo e passa a maior parte do tempo ao ar
livre. Ele não costuma falar muito, mas, quando o faz, geralmente
diz coisas muito proveitosas. Sempre o considerei um homem
humilde, no melhor sentido da palavra.
Eu estava sentado na cozinha da casa dele, com um ar deprimido
e sentindo-me sem esperanças, quando meu irmão disse: "Sabe,
Mark, recentemente, quando eu estava fazendo uma pesquisa
geológica, notei uma coisa interessante a respeito da maneira
como o mundo é feito. Nossa equipe escalou a montanha mais alta
da região e a vista nos deixou emocionados. As experiências no
alto das montanhas são magníficas. No entanto, nessa altitude as
árvores não conseguem sobreviver. No topo da montanha nada
cresce, mas quando olhamos para baixo notamos uma coisa
interessante: todo o crescimento está nos vales.”.
A parábola de Tim me ensinou uma verdade essencial: o sofrimento
nos causa dor, mas também nos faz crescer. Nunca
esquecerei o que Tim disse naquele dia. As palavras dele não
eliminaram a minha dor, mas de certa maneira a tornaram mais
tolerável.
As parábolas não alteram os fatos da nossa vida - elas nos ajudam
a olhá-los de outra maneira. Era o que Jesus pretendia ao contar
as parábolas.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Só podemos entender as coisas a partir da
nossa própria perspectiva.
COMO CONHECEMOS A VERDADE
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida."
João 14:6
Don trouxe uma lista quando veio para a primeira sessão de
terapia. Ele não gostava de perder
antes. Quanto mais ele aprendia sobre si mesmo, mais conseguia
perceber os motivos que o levavam a tomar determinadas
decisões. Don descobriu as verdades mais importantes sobre a
sua vida, não por causa dos meus conselhos, mas porque o nosso
relacionamento foi capaz de conduzi-lo a um entendimento mais
profundo sobre si mesmo.
Jesus sabia que as pessoas jamais poderiam entender completamente
a vida se usassem apenas o intelecto. Ele não dizia: "Vou
ensinar a vocês o que é a verdade." Ele dizia: "Eu sou a verdade."
Ele sabia que a mais elevada forma de conhecimento decorre dos
relacionamentos em que existe confiança mútua, e não de grandes
quantidades de informação. Jesus respondia às perguntas diretas
com metáforas para atrair as pessoas para um diálogo e um
relacionamento com ele.
Este princípio espiritual - que aprendemos as verdades mais profundas
da vida através dos nossos relacionamentos - é à base da
forma como eu pratico a terapia. Todos temos idéias conscientes e
inconscientes 2 que afetam a maneira como percebemos o mundo.
É psicologicamente impossível colocar completamente de lado a
influência da nossa mente sobre a maneira como percebemos as
coisas, sobretudo porque na maioria das vezes não temos
consciência de que tudo o que conhecemos intelectualmente
passa pelo filtro das nossas crenças. A terapia proporciona às
pessoas um relacionamento que pode levá-las a se conhecerem
melhor, descobrindo, assim, as outras verdades da sua vida.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Aprendemos as verdades mais profundas através dos nossos
relacionamentos.
POR QUE TENTAMOS SER OBJETIVOS
"A sabedoria é demonstrada pelas suas ações."
Mateus 11:19
Craig e Betty tinham valores e metas semelhantes na vida, o que
os tornava bons parceiros e fez com que o casamento dos dois
desse certo durante os primeiros anos. No entanto, pouco a pouco,
Betty foi ficando insatisfeita com o relacionamento. Nas primeiras
vezes em que tentou conversar com Craig a respeito do que
sentia, o diálogo foi tão difícil que ela desistiu, porque acabavam
brigando. Betty respeitava Craig, mas nos últimos tempos não
estava segura nem mesmo para falar com ele de seus temores, o
que a incomodava terrivelmente.
—Nunca fui infiel e sempre proporcionei uma vida de qualidade a
você e às crianças. Não acho que exista razão para sentir medo.
Se você olhar objetivamente para as coisas, vai ver que temos um
bom casamento - insistia Craig.
—Não se trata de definir quem está certo e quem está errado - retrucava
Betty. - É que eu não me sinto suficientemente segura para
dizer como me sinto.
—Segura? - espantava-se Craig. - Você está imaginando coisas!
Você tem uma ótima casa, uma poupança e eu fiz para você um
seguro de vida de um milhão de dólares. A única maneira de ficar
mais segura seria se eu morresse.
As conversas desse tipo nunca ajudaram Betty.
Foi só depois que os dois foram procurar uma terapia de casal que
o problema começou a se esclarecer. Craig passou a entender que
os fatos objetivos que ele tentava mostrar para a esposa não a
estavam ajudando. Ela queria apenas que ele compreendesse que
ela sentia medo e precisava de apoio. Ela não esperava que ele
eliminasse seus temores, queria só compartilhar seus sentimentos
na esperança de se sentir mais perto dele. Craig se sentia muito
melhor examinando os fatos, mas percebeu que essa atitude não
melhorava a situação, pois Betty precisava que ele a escutasse, a
entendesse e respondesse com compaixão. Existem momentos
em que a objetividade não faz entender a essência da questão.
Quando Craig tornou-se consciente do que estava acontecendo,
foi capaz de ajudar Betty.
As pessoas valorizam demais a objetividade. Dizemos coisas
como: "Por favor, limite-se a me apresentar os fatos", como se
obter os fatos fosse realmente à coisa mais importante a ser feita.
Conclusões baseadas em fatos objetivos nos conferem uma
sensação de segurança. No entanto, para Jesus, agir com
sabedoria era muito mais importante do que acumular fatos
objetivos. Para ele, o conhecimento devia se traduzir sempre nos
atos e não nos discursos racionais. Foi isso que ele quis dizer
quando falou: "A sabedoria é demonstrada pelas suas ações."
Podemos estar objetiva e racionalmente certos a respeito de algo
que tem conseqüências devastadoras nos nossos relacionamentos
com os outros, mas a sabedoria vai sempre considerar os resultados
das nossas ações.
Jesus ensinou que insistir em chegar aos fatos objetivos sobre as
coisas às vezes pode ser perigoso. Guerras foram deflagradas,
religiões divididas, casamentos terminados, crianças repudiadas e
amizades desfeitas por causa dessa atitude. Às vezes, vencer
numa discussão pode nos custar um relacionamento. Como diz o
antigo ditado, temos duas escolhas no casamento: podemos ter
razão ou podemos ser felizes.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Busquem mais a sabedoria do que
o conhecimento.
PODEMOS ESTAR SINCERAMENTE ERRADOS
"Os homens humildes são muito afortunados!"
Mateus 5:5 (Living Bible)
Às vezes confiamos muito no que pensamos porque isso nos dá
uma falsa sensação de segurança. Podemos sinceramente
acreditar que algo é verdade, mas ainda assim estar
completamente errados. 3 Jesus nos avisou que não devemos
confundir a sinceridade com a verdade. Quando acreditamos em
alguma coisa, estamos convencidos de que ela é a verdade. Jesus
ensinou que devemos ser humildes com relação ao que pensamos
saber, porque só podemos conhecer a verdade a partir da nossa
perspectiva pessoal.
Quando eu estava na faculdade, um grupo de cristãos da
contracultura costumava fazer pregações nos pontos mais
freqüentados do campus. Um deles pregava a mensagem de
Jesus com toda a força. Eu ficava impressionado com a
sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza, depois de
ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter
muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe:
- Então, quantas pessoas vocês conseguiram atrair para Cristo
com os seus discursos?
Para minha surpresa, a resposta foi:
-Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É a nossa missão.
Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a coisa certa. O resultado
não era tão importante quanto à sinceridade com a qual ele
executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas
questionei se o simples fato de ser sincero fazia com que estivesse
certo. Na verdade, eu conhecia dezenas de alunos da faculdade
que ficavam irritados com os sermões e se afastavam daquele
Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam
aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância.
Esse pregador ignorava uma importante verdade que Jesus exercitava.
Ser ao mesmo tempo fortemente convicto e bastante flexível
requer uma grande força de caráter. As pessoas maduras
conseguem ser corajosas o suficiente para se comprometerem
com a verdade, permanecendo abertas à possibilidade de estarem
erradas com relação à maneira como a percebem. É assim que o
conhecimento e a humildade se relacionam.
Jesus disse: "Os homens humildes s
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Não confundam a sinceridade com a verdade; vocês podem estar
sinceramente errados.
NÃO CONDENE O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE
"Não condeneis e não sereis condenados."
Lucas 6:37
Conheço uma antiga história a respeito de três cegos que
encontraram um elefante. Quando lhes foi pedido que
descrevessem o animal, cada um disse uma coisa diferente. Um
afirmou que o elefante era como uma grande mangueira; o
segundo, que ele parecia um cabo de vassoura; e o terceiro, que
ele se assemelhava ao tronco de uma árvore. Cada um descreveu
o animal a partir da sua perspectiva. Nenhum deles estava certo
ou errado; todos estavam expondo o seu ponto de vista pessoal.
Somos humildes quando percebemos que somos como os cegos,
limitados na nossa capacidade de perceber as coisas que estão
bem diante de nós.
Luke e Annie procuraram uma terapia de casal porque haviam
chegado a um impasse no seu relacionamento. Annie era uma
pessoa muito espontânea que expressava seus sentimentos mais
profundos com facilidade. Luke era um homem de negócios bemsucedido
e muito racional que se preocupava com a família, sendo
marido e pai dedicado.
O maior problema que enfrentamos na terapia foi à dificuldade que
Luke tinha com Annie, por considerá-la "excessivamente emocional".
Todas as vezes que discutiam, ela chorava ou se magoava, e
Luke ficava furioso, queixando-se de que ela se recusava a ser
"racional" com relação às coisas. Quando procuraram à terapia, o
relacionamento os havia colocado em dois extremos. Luke era o
frio e racional, e Annie, a excessivamente emocional.
Luke tinha sido criado para fazer sempre a coisa correta, independentemente
de como se sentisse com relação a ela. Estar certo
vinha em primeiro lugar; os sentimentos eram de certa forma
ignorados ou negados. Ser confiável era importante; os
sentimentos só serviam para atrapalhar.
Como Annie expressava seus sentimentos com muita facilidade,
Luke freqüentemente ficava confuso. Chegava a temer os
sentimentos de Annie, porque não sabia como reagir para ajudá-la.
Temos medo daquilo que não conhecemos.
"Oh, não! Lá vai você de novo!", queixava-se ele sempre que ela
expressava como se sentia com relação às coisas. As emoções
intensas assustavam Luke e por isso ele criticava as pessoas que
as demonstravam.
"Não dou a mínima com relação a como você se sente a respeito
do assunto. Vá simplesmente em frente", dizia ele. É claro que
essa atitude só reforçava o comportamento emocional de Annie,
piorando a situação.
As coisas começaram a melhorar quando Luke entendeu que reagia
negativamente aos sentimentos de Annie por não entendê-los.
Ele passou a compreender que os sentimentos não são nem bons
nem maus; são apenas outra fonte de informações necessárias
para que o casamento dê certo. Talvez Luke pudesse se beneficiar
tentando entender como Annie se sentia. Ele contribuiu para a
harmonia conjugai quando deixou de achar que a mulher era
emocional demais e começou a procurar ver as coisas a partir da
perspectiva dela.
A atitude dele ajudou Annie a parar de se condenar por ter reações
emocionais muito intensas diante das coisas. Ela não era
"excessivamente emocional". Era apenas uma pessoa que se
sentia mal por ser emotiva, o que a fazia desmoronar sempre que
se aborrecia. O fato de se permitir ter sentimentos possibilitou que
estes surgissem e fossem resolvidos mais naturalmente. Luke e
Annie ainda têm discussões, mas conseguem superá-las muito
mais rápido agora. Quando tudo volta ao normal, Luke
freqüentemente diz: "Sabe, estou feliz por termos conversado a
respeito disso." As discussões passaram a ser mais produtivas
quando um deixou de julgar o outro e procuraram entender as
diferenças.
Jesus nos advertiu das armadilhas que encontramos ao julgar os
outros. Ele sabia que nossos julgamentos se baseiam em
informações distorcidas por nosso modo de ser e que não
correspondem necessariamente à realidade. Precisamos acreditar
que sabemos a verdade completa a respeito das coisas e das
pessoas para nos sentirmos seguros, achando que dominamos
completamente a situação e que nada novo virá nos perturbar.
Esse temor do desconhecido é à base da intolerância. Ele nos leva
a julgar e rotular pessoas e coisas. Quando sentimos esse tipo de
medo, condenamos o que não compreendemos.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Ao julgar os outros, nós nos condenamos.
LIVRANDO-NOS DA AUTOCONDENAÇÃO
"Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo.”
João 3:17
Kirsten começou a se tratar comigo porque estava sabotando a
sua carreira e não conseguia entender por quê. Ela tinha
conseguido chegar ao topo da organização e agora não conseguia
trabalhar, ficava paralisada devido ao crescente pânico de ser
demitida. Estava quase incapacitada por sentimentos de
insegurança.
Foram necessários vários meses, mas finalmente conseguimos entender
em parte por que ela estava arruinando o seu sucesso.
Kirsten não se sentia orgulhosa por causa das suas realizações.
Na verdade, ela não sentia nenhum orgulho de si mesma. Sua
auto estima era baixíssima e ela tentava compensar este
sentimento com o sucesso empresarial e a riqueza material.
Procurava parecer boa externamente porque acreditava que era
má por dentro. Estava nas garras da autocondenação.
Kirsten passou a infância tendo que lidar com uma mãe alcoólatra
e tentando esconder do mundo a vergonha que sentia. Vivia quase
o tempo todo assustada ou envergonhada. A experiência foi
traumatizante demais e, apesar de a mãe ter parado de beber
quando Kirsten era adolescente, ficaram marcas profundas.
Ela achava que sentia ódio de si mesma devido à maneira como
se sentia com relação à mãe. Acontece que não era a si mesma
que ela odiava e sim à mãe. Apesar dos horrores e humilhações
por que passara quando criança, Kirsten jamais se permitira sentir
raiva da mãe. Era como se tivesse o dever de enfrentar os
problemas e fazer as coisas parecerem normais. Mas a verdade é
que ela sempre se culpara pelos fracassos da mãe. Acreditava que
se tivesse sido uma criança melhor, sua mãe não teria precisado
beber, e acabou acreditando que não merecia que a mãe se
esforçasse para cuidar dela. Enquanto condenou-se por causa da
sua infância miserável, Kirsten teve a certeza de não merecer ter
sucesso na vida.
Quando Kirsten começou a perceber o que estava acontecendo,
as coisas mudaram. Quando se condenava, era como se o
fracasso na vida fosse inevitável. Acreditou que nunca teria
sucesso, e ponto final. Quando tomou consciência de que "nunca
terei sucesso" não era um fato real, mas apenas uma crença
criada por sua experiência de vida, começou a melhorar. Os fatos
não mudam, mas as crenças, sim.
Agora ela sabe que acreditou no seu fracasso durante anos e que
as convicções podem mudar. Está criando novas idéias a respeito
de si mesma e passando pelo processo de perdoar a mãe pelo que
ocorreu na infância. Mas para isso foi necessário que ela tomasse
consciência do ódio que sentia pela mãe.
Jesus sabia que as pessoas são salvas ou destruídas com base no
que acreditam, e a autocondenação é uma dessas crenças
destrutivas. Kirsten passou a esforçar-se para sair dessa situação
causada pela força de sua crença. A parte mais difícil da terapia foi
fazê-la descobrir que ela se condenava e se sabotava não por
fatos reais, mas por causa do que acreditava ser verdadeiro a seu
respeito. Quando ela percebeu isso, sua capacidade de mudar
manifestou-se muito mais rápido.
Todo mundo sente-se mal às vezes com relação a coisas que fez,
mas algumas pessoas sentem-se mal a respeito de quem são.
Elas se condenam e se tornam autodestrutivas se não descobrirem
como mudar suas convicções com relação a si mesmas.
Apresentar-lhes fatos raramente
O Sr. e a Sra. Parker tinham uma única diretriz com relação à
Nathan: "Só queremos que ele seja feliz." Achavam que estavam
investindo em sua felicidade quando, em vez de colocar limites
quando ele era criança, ofereciam-lhe alternativas para que
escolhesse. Por exemplo, em vez de determinar uma hora fixa de
dormir quando o filho estava na escola primária, perguntavam:
"Nathan, você quer ir dormir tarde e ficar cansado amanhã o dia
inteiro ou prefere ir dormir agora e se sentir descansado e bem
disposto quando acordar?" É claro que Nathan preferia ir dormir
mais tarde, o que fazia com que estivesse freqüentemente
cansado quando criança. O casal não queria ser autoritário com
Nathan, de modo que tentaram ensinar que tudo tem
conseqüências, dependendo das escolhas que fazemos.
Mas na época Nathan não tinha maturidade para entender isso, e
essa atitude dos pais o deixava inseguro, achando que eles não
sabiam o que fazer e por isso estavam sempre lhe perguntando o
que ele preferia. A vida de Nathan ficou descontrolada porque lhe
deram uma responsabilidade que ele não era capaz de assumir.
Quando temos sete anos e acreditamos que ninguém dirige o
universo, chegamos à conclusão de que nada importa. Para
Nathan, a verdade era relativa, e a realidade era como a
criávamos.
Na verdade, Nathan precisava que seus pais soubessem das
coisas. Como criança, ele precisava que eles estabelecessem
limites, fazendo-o sentir-se seguro, e que dessem respostas
diretas às suas perguntas. Obrigar uma criança cedo demais a
decidir por si mesma pode ter conseqüências negativas. Nathan
necessitava aprender que a verdade não é relativa, 4
mesmo que
cada um de nós a veja a partir de sua própria perspectiva pessoal.
A vida ainda é bem difícil para a família Parker, mas está melhorando.
O Sr. e a Sra. Parker admitiram que desejam outras coisas
para Nathan além das que lhe transmitiam. Eles querem que o filho
seja respeitoso, responsável e uma companhia agradável. Eles
sempre desejaram isso, mas achavam que impor seus desejos ao
filho prejudicaria a felicidade dele. No entanto, à medida que os
pais são mais claros com relação ao que querem dele, Nathan está
se tornando um rapaz mais feliz. Respeitar o ponto de vista uns
dos outros não significa que tudo é relativo.
Acreditar que a verdade é relativa e que nada realmente importa é
exatamente o oposto do que Jesus ensinou. Mas tudo é
importante. O que ocorre é que, apesar de a verdade ser absoluta,
nós a percebemos de forma relativa. Foi por isso que Jesus disse:
"Eu sou a Verdade" (João 14:6). Ele sabia que não
compreendemos objetivamente as verdades mais profundas da
vida; nós nos aproximamos delas. Sempre interpretamos o que
percebemos, o que significa que nunca somos realmente objetivos
a respeito de nada.
Acreditar que a verdade é relativa significa afirmar que não existe
uma verdade objetiva, de modo que cada um pode fazer o que
quiser. Jesus ensinava a fazer do nosso "sim um sim" porque
queria que fôssemos pessoas de convicção.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
Acreditem na verdade com convicção; aproximem-se dela com
humildade.
HUMILDADE NÃO É PASSIVIDADE
"Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra".
Mateus 5:39
Freqüentemente dizemos que as pessoas passivas são humildes.
É uma maneira de encontrar algo amável para se referir a pessoas
que consideramos bastante incapazes. Raramente admiramos a
humildade, porque a consideramos como o oposto da
agressividade, que associamos ao sucesso.
Jesus, no entanto, tinha uma visão diferente da humildade. Ele
disse: "Agora que eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés,
também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (João 13:14).
Jesus não se fez humilde na presença de outros porque possuía
uma baixa auto-estima. Ele escolheu servir seus apóstolos porque
tinha consciência de quem era; Jesus era suficientemente
confiante para assumir o papel de servidor. Ele sabia que o status
e o poder não tornam uma pessoa importante. O que faz uma
pessoa ser importante é sua capacidade de servir os outros.
A verdadeira humildade exige confiança em si mesmo. Para ser
humilde você precisa saber quem é e escolher servir os outros.
Não se trata da modéstia causada pela insegurança. Dar
importância à outra pessoa sem nos considerarmos diminuídos é a
verdadeira humildade.
Uma das minhas alegrias quando criança era jogar dominó com o
meu avô. Ele levava o jogo muito a sério. Fora criado em uma pequena
cidade do Arkansas onde a habilidade de um homem no dominó
garantia sua reputação num raio de vários quilômetros.
Um dia, na tentativa de ganhar a partida, agi impulsivamente procurando
ver as peças de meu avô. A forma que o menino de dez
anos que eu era encontrou foi me inclinando para frente e
começando a derrubar todas as peças do jogo.
Instintivamente, meu avô se levantou da cadeira horrorizado com o
que eu estava fazendo. Quase ofegante e tenso, começou a
retirar-se, mas parou no meio do caminho. Com a mesma rapidez
com que se erguera, inverteu o movimento e lentamente voltou a
se sentar com um sorriso de quem sabe das coisas. Pediu-me
para ajudá-lo a recolher as peças a fim de retomarmos o jogo. Na
hora achei esse comportamento estranho, e só muito mais tarde
vim a entender o que ele significava.
Embora tivesse lutado para chegar onde estava na vida, meu avô
sabia que ganhar não era tudo. Para ele, o objetivo de qualquer
jogo não era conseguir o maior número de pontos; era jogar de
maneira a obter o maior respeito possível do oponente. Lembro-me
daquele jogo de dominó com o meu avô porque ele se tornou um
símbolo do nosso relacionamento. O importante para ele não era
parecer capaz; ao contrário, era fazer com que eu me sentisse
capaz.
Ele deixou de brigar comigo quando derrubei as peças do jogo não
porque fosse passivo, mas para me ensinar algo a respeito da
humildade. Foram necessários muitos eventos desse tipo na minha
vida para que eu pudesse entender isso, mas meu avô ensinou-me
de uma forma muito poderosa o que é a humildade - ele a praticou
concretamente.
Ser uma pessoa passiva é recusar-se a ter uma atitude por causa
do medo. Ser humilde é ter uma atitude devido ao amor. Foi isso
que Jesus quis dizer quando falou: "Se alguém te ferir na face
direita, oferece também a outra." Ele não disse: "Se alguém te ferir
na face direita, dá meia volta e afasta-te." Jesus queria que as
pessoas tomassem uma posição firme e tivessem uma atitude
digna. O que ele estava transmitindo é que o amor é mais forte do
que o ódio. Se as pessoas atacarem você por ódio, procure amálas
até a morte. Jesus viveu este preceito literalmente na sua vida.
Ele preferiu uma vida mais curta repleta de humildade e amor do
que uma existência mais longa cheia de medo e passividade.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
A humildade é a força sob controle.
POR QUE OS TERAPEUTAS PRECISAM SER HUMILDES
"Abençoados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos
céus.”
(Mateus 5:3)
Elaine era uma mulher tímida que procurou a psicoterapia por
causa de constantes relacionamentos fracassados. À medida que
o tempo passava, foi ficando cada vez mais difícil encerrarmos
nossas sessões na hora. Era como se algo importante fosse surgir
nos últimos minutos de quase todas as sessões, e Elaine rompia
em lágrimas e expressava sentimentos sofridos, o que tornava
difícil para nós dois concluir as sessões.
No início, pensei que talvez as sessões de 45 minutos não fossem
longas o suficiente para ela. Parecia que nossas conversas faziam
um poço de emoções que havia dentro de Elaine entrar em
erupção. Eu não queria atribuir a dificuldade em terminar a sessão
ao fato de considerá-la "excessivamente emocional", já que não
gosto de ver as pessoas dessa maneira, pois parece que estou
condenando quem expressa seus sentimentos.
De repente, entendi. Quando a sessão ia chegando ao fim, eu procurava
terminar a conversa. Eu não queria iniciar algo muito profundo,
pois só nos restavam alguns minutos. Sem perceber, eu
estava sutilmente cortando Elaine. Minha intenção era evitar trazer
à tona qualquer coisa que não tivéssemos tempo de examinar.
Para Elaine, eu a estava rejeitando, como se dissesse que não
queria mais ouvir o que ela estava sentindo.
Quando percebemos o que estava acontecendo, o término das
nossas sessões começou a transcorrer de maneira muito mais
suave. O encerramento ainda doía, mas deixou de ser sentido por
ela como rejeição. O que estava precisando de tratamento não era
um problema no interior de Elaine e sim o nosso relacionamento,
que necessitava de atenção.
Jesus ensinou que os "pobres em espírito" herdarão tesouros
devido à sua humildade. Os terapeutas precisam ser humildes a
fim de receber os tesouros que aparecem a partir de um bom
relacionamento com os pacientes. Hoje, muitos profissionais
acreditam que o relacionamento criado na terapia é que ajuda as
pessoas. 5 Os psicólogos precisam ouvir com muito cuidado cada
paciente para juntos descobrirem de que maneira o
relacionamento que está sendo formado pode levar à cura. Eles
estão aplicando nos consultórios o que Jesus disse ser verdade a
respeito de herdarmos o Reino de Deus.
Para Jesus, o agente de cura sempre pensa em si mesmo em
relação aos outros. As pessoas não buscam simplesmente a cura;
elas formam um relacionamento com aquele que a oferece, e essa
relação, se bem conduzida, contribu
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
A terapia é mais do que um processo; é um relacionamento.
JESUS, O TERAPEUTA
"Amai uns aos outros."
João 15:17
Quando Sheila compareceu à primeira sessão, anunciou que eu
era seu sétimo terapeuta e que já conhecia seu diagnóstico.
- Tenho um distúrbio de personalidade limítrofe. É claro que você
sabe que não existe cura para o meu caso - declarou ela.
Nada causa mais medo no coração de um terapeuta do que o
termo "limítrofe", de modo que lhe dei total atenção.
- E como você chegou a essa conclusão? - perguntei.
- Minha última terapeuta deixou isso bem claro. Espero que você
seja capaz de lidar com esse problema, porque preciso de alguém
que saiba o que está fazendo - disse ela num tom hostil.
Logo se tornou visível que a terapeuta anterior a havia rotulado de
"limítrofe" por causa dos seus relacionamentos intensos e
instáveis, dos acessos de raiva e do seu medo sufocante de ser
abandonada. De fato seus sintomas podiam levar a esse
diagnóstico, que é um distúrbio difícil de ser tratado, pois os
terapeutas sofrem agressões intensas dos pacientes durante o
tratamento.
À medida que o tempo foi passando, ficou óbvio que Sheila receava
muito que eu a rejeitasse, e por isso se empenhava
desesperadamente para que eu a levasse a sério e me envolvesse
com seu tratamento. As ameaças de suicídio, os telefonemas de
emergência às três horas da manhã, as ligações sexuais com
desconhecidos e as violentas explosões emocionais no meu
consultório tinham a intenção de intensificar o nosso
relacionamento, porque ela vivia sob a constante ameaça de que
ele poderia terminar a qualquer momento.
Pude perceber que diagnosticar Sheila como um caso de "distúrbio
de personalidade limítrofe" havia se tornado parte do problema. Se
ambos estávamos esperando que Sheila agisse de um modo
agressivo devido à sua deficiência, seria este o comportamento
que ela manifestaria. Sheila não estava sofrendo de uma raiva
patológica inata que a forçava à autodestruição; era uma pessoa
que estava desesperadamente tentando salvar a si mesma e o seu
relacionamento comigo. Ela não estava tentando ser destrutiva,
assim como a pessoa que está se afogando não está tentando
matar aquele que vem em seu socorro. O salva-vidas experiente
sabe que as pessoas fazem qualquer coisa para se salvar, até
mesmo arrastar o salva-vidas para o fundo. Pessoas
desesperadas fazem coisas desesperadas.
Assim que percebi que Sheila não estava lutando comigo, mas lutando
para salvar a si mesma no nosso relacionamento, as lutas
de poder entre nós começaram a diminuir. Concentrei-me então
em compreender as suas tentativas desesperadas de relacionar-se
comigo.
Às vezes ainda é difícil conviver com Sheila, mas o comportamento
agressivo, tão comum há alguns anos, melhorou. O diagnóstico
inicial tornou-se menos importante, porque ela se sente
genuinamente ligada a mim e a outras pessoas. Hoje ela valoriza o
fato de ser amada.
Em seus ensinamentos, Jesus dizia que, em vez de nos
basearmos no dogma, devíamos nos apoiar em um
relacionamento amoroso com Deus. A chave não era estarmos
certos com relação às coisas e sim desenvolver um bom
relacionamento.
Jesus pregou: "Eis o que vos ordeno: amai uns aos outros." O
amor é a substância que faz os seres humanos formarem com os
outros unidades indivisíveis. O amor é o termo espiritual para a
conexão genuína que muitos terapeutas procuram estabelecer
com os seus pacientes.
Muitos terapeutas afirmam que precisamos tirar a ênfase das teorias
e dos diagnósticos técnicos e colocá-la sobre o
relacionamento formado na terapia. Tanto em relação à saúde
psicológica quanto à salvação espiritual, a chave é deslocar a
ênfase do conhecimento objetivo para a qualidade da relação.
Esse ensinamento de Jesus é aplicado nos consultórios de muitos
terapeutas.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
O dogma não deve se tornar seu mestre.
por Mark W. Baker
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