JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 7

SEGUNDA PARTE
Conhecendo a si mesmo CAPÍTULO 7
Conhecendo os seus sentimentos
Naquele momento aproximaram-se de Jesus os discípulos e perguntaram: "Quem será o maior no reino dos céus?" Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Em verdade vos digo, se não vos transformardes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus. Pois aquele que se fizer humilde como esta criança será o maior no reino dos céus.” "E quem receber uma destas crianças em meu nome, é a mim que recebe. Mas quem fizer pecar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria para ele que lhe pendurassem uma pedra ao pescoço e o jogassem no fundo do mar.” Mateus 18:1-6 Jesus ensinou que o que sentimos no coração determina quem somos. Ele falou em renascer, viver com fé e ter um coração de criança. Ele queria que fôssemos como crianças porque estas são inocentes, crédulas e abertas às suas emoções. As pessoas profundamente espiritualizadas têm consciência de suas emoções. Jesus gostava de desafiar a maneira como as pessoas pensam. Para sermos grandes, disse ele, precisamos ser pequenos. Para sermos líderes, precisamos servir aos outros. Para sermos profundos pensadores, temos que ser capazes de sentir. Jesus ensinou que a identidade do ser humano é uma questão do coração. Jesus amou, sentiu raiva, experimentou o medo, chorou de tristeza e viveu com coragem. Ele sabia quem era e agia motivado pelo que sentia, mesmo que isso não fizesse um sentido lógico para os outros. Nossas emoções nos fazem conhecer quem somos e nos levam a fazer as coisas que fazemos. Jesus queria que conhecêssemos a gama completa das nossas emoções.1 SEJA COMO AS CRIANÇAS, MAS NÃO SEJA INFANTIL "Se não vos transformardes e não vos tornardes como crianças...” Mateus 18:3 Algumas pessoas relutam em agir de forma emocional porque a consideram uma atitude infantil. No entanto, existe uma diferença entre ser infantil e ser como as crianças. Ser infantil é ser imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações. Ser como as crianças é assumir responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de entregar-se às emoções. Jesus atribuía uma grande importância ao fato de sermos como as crianças. Ser infantil exige pouco esforço, mas é preciso força para nos abrirmos às emoções como fazem as crianças. Jesus sempre teve uma noção muito clara dos limites e permaneceu consciente das conseqüências das suas ações, mas tinha coragem de entregar-se às suas emoções. Isso fazia com que as pessoas se sentissem próximas dele, enquanto que o seu senso de responsabilidade confiável as fazia sentir-se seguras em sua presença. Harriet envolvera-se repetidas vezes em relacionamentos intensos e problemáticos que nunca davam certo. Sempre que alguém a desapontava, tinha explosões de raiva, embora já tivesse passado por inúmeras sessões de terapia tentando entender seus problemas com a sensação de abandono. Durante as nossas sessões, Harriet tinha dificuldade em admitir sua parte de responsabilidade em seus problemas de relacionamento, mas acusava outras pessoas, culpando as por esses problemas. No início, sempre que Harriet se considerava em estado de emergência emocional, ela enviava mensagens para o meu Pager. Ficava furiosa com todo mundo, inclusive comigo, e sentia que tinha o direito de expressar a sua raiva praguejando, gritando e tendo acessos de fúria. Nossas sessões com freqüência eram repletas desse tipo de explosão. Ela acreditava que os terapeutas tinham a obrigação de lidar com esses comportamentos, pois eram uma forma desesperada de fazer com que compreendessem a profundidade da sua dor. As explosões infantis não beneficiavam os relacionamentos de Harriet nem a ajudavam a lidar com os seus sentimentos. Ela estava convencida de que as outras pessoas não gostariam dela caso falasse a respeito do que sentia. Não falava, mas explodia. Para prevenir a rejeição que imaginava, Harriet tinha um comportamento hostil. Ela se sentia melhor quando a rejeição vinha dela. Aos poucos Harriet foi percebendo que a sua expectativa de rejeição a impedia de receber o que precisava dos outros e começou a mudar a maneira como expressava seus sentimentos. Em vez de violentas explosões que criavam o distanciamento, Harriet começou a externar sentimentos de dor e vulnerabilidade, a falar sobre eles e a pedir ajuda, tal como faz uma criança confiante. Surpreendeu-se ao ser ouvida e acolhida. Harriet descobriu pela primeira vez na vida que quando revelava suas emoções com a sinceridade das crianças ela se tornava mais atraente. Suas tentativas corajosas de manifestar sua vulnerabilidade faziam as pessoas gostar mais dela, em vez rejeitá-la, como ela sempre temera. O maior benefício dessa mudança foi a transformação no modo como ela se sentia a respeito de si mesma. Harriet parou de recear ser rejeitada pelos outros e começou a se considerar uma pessoa melhor. Esse era o tipo de atitude própria das crianças a que Jesus estava se referindo. Ele recomendou que as pessoas "se tornassem como crianças" para serem mais abertas e confiantes. Por incrível que pareça, ter medo de manifestar a própria vulnerabilidade é a forma mais poderosa de viver. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os atos infantis afastam, enquanto que as ações próprias das crianças atraem. O PAPEL DOS SENTIMENTOS NO CRESCIMENTO "Deixai vir a mim as criancinhas." Lucas 18:16 Brittany, de sete anos, era uma menina difícil. Ficava freqüentemente zangada e tinha um comportamento agressivo, o que dificultava muito o seu relacionamento com as outras crianças. Mordia, chutava e arranhava qualquer pessoa que a perturbasse, e seus acessos de raiva eram exaustivos para todo mundo, inclusive para ela. Alarmados e confusos com o comportamento da filha, seus pais procuraram ajuda profissional. Quando Paula viu Brittany pela primeira vez, soube que tinha um trabalho difícil pela frente. A menina, sentada no chão no meio do quarto, quebrava os seus brinquedos. Perguntar a Brittany por que ela estava sendo tão destrutiva era inútil, porque a menina não sabia. Estava externando sentimentos que tinha dentro de si, mas não conseguia expressar de outra maneira. Paula compreendeu isso. Era muito claro que Brittany estava zangada, mas era mais difícil perceber que a raiva encobria o medo. Paula sentiu que precisava acolher os sentimentos de Brittany de uma maneira que fizesse a menina sentir-se segura. Como Brittany se expressava mais fisicamente, Paula tinha que lidar com ela nesse nível. Se Brittany gritava, Paula dizia: "Estou vendo que você está muito zangada." Mas se Brittany queria arranhar ou morder, Paula a segurava com firmeza até que ela se acalmasse. Como a menina estava ao mesmo tempo zangada e com medo, Paula precisava respeitar essas emoções no relacionamento das duas. Ela queria ajudar Brittany a expressar todas as emoções, não apenas a raiva. Com o tempo, em decorrência da terapia com Paula, Brittany mudou. Socialmente, ela ainda é um tanto inábil, mas deixou de ser tão violenta quanto antes. É mais capaz agora de falar sobre seus sentimentos, de modo que tem menos necessidade de externá-los por meio de ações. Brittany aprendeu que pode expressar o seu medo e que ele pode ser bem recebido pelos outros, o que a faz sentir-se mais segura. Ela cresceu como pessoa porque consegue manifestar melhor suas emoções. A habilidade com que Paula acolheu os sentimentos de Brittany foi uma libertação para a menina. O relacionamento das duas é um exemplo do crescimento que pode acontecer quando acolhemos amorosamente todas as emoções que alguém nos traz, exatamente como Jesus fazia. Jesus sempre recebeu bem as crianças. Ele conhecia a importância de ser receptivo à abertura delas. Hoje sabemos que o cérebro humano precisa experimentar a acolhida aos sentimentos para poder desenvolver-se adequadamente.2 Cada vez que uma criança é capaz de identificar um sentimento, como "Eu estou triste" ou "Eu estou feliz", ela desenvolve uma noção mais forte de quem é o "eu" que está tendo o sentimento. A criança aprende que é o seu "eu" que está tendo sentimentos tristes ou alegres e que eles não estão vindo de outra pessoa ou de outro lugar. Os pais que acolhem os sentimentos dos seus filhos estão na verdade ajudando-os a solidificar uma identidade que os conduzirá através da vida. Ajudar as crianças, e também os adultos, a identificar os seus sentimentos os ajuda a crescer. O ardente desejo de Jesus de acolher as crianças é um modelo psicológico para nós. Ao receber com alegria a espontaneidade emocional das crianças, ele estava estimulando o crescimento delas. A sua capacidade de acolher tornou-se a marca registrada da sua presença benéfica que era sentida por todos que o encontravam. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A identidade de uma criança forma-se mais no coração do que na cabeça. O PAPEL DOS SENTIMENTOS NA NOSSA CONEXÃO COM OS OUTROS "Felizes os puros de coração, pois verão a Deus." Mateus 5:8 (Living Bible) Jesus ensinou que as pessoas espiritualizadas relacionam-se de coração para coração. O entendimento emocional cria um vínculo. Nós nos sentimos aprovados quando os outros concordam intelectualmente conosco, e somos confortados quando eles nos protegem fisicamente, mas só nos sentimos ligados quando compartilhamos com eles experiências emocionais. Os puros de coração têm uma conexão especial com Deus não apenas porque são sinceros, mas também por causa da sua capacidade de saber claramente como se sentem. Sandra e Ben procuraram o aconselhamento matrimonial por causa de um dos problemas mais comuns que encontro hoje nos casamentos: a comunicação emocional deficiente. Antes do casamento, ambos eram profissionais de nível superior com uma carreira de sucesso. Quando começaram a formar a família, decidiram de comum acordo que Sandra deixaria seu trabalho e ficaria em casa para cuidar das crianças. Eles estavam felizes com essa decisão, satisfeitos com o dinheiro que Ben trazia para a família e contentes com o desempenho dos filhos. O que não agüentavam mais eram as brigas constantes entre eles. Sandra e Ben não conseguiam resolver as discussões porque não compreendiam a importância das emoções. Tanto Sandra quanto Ben achavam que seriam capazes de negociar as divergências no relacionamento seguindo as mesmas regras que haviam usado com sucesso nas respectivas carreiras. Infelizmente, as normas do trabalho não são iguais às regras do lar. Não são os procedimentos que devem ser examinados, mas as razões que os provocam. A maneira como os parceiros falam um com o outro é tão importante quanto o tema da conversa. Em casa, Sandra tentava conversar com Ben sobre uma preocupação que estava lhe causando um dos filhos. Ben dava uma interpretação superficial e sugeria que eles passassem a adotar uma mudança de comportamento. Esta resposta fazia Sandra se sentir menosprezada, reproduzindo uma sensação de sua infância e adolescência. Por isso, ela discordava do marido. A atitude dela, por sua vez, colocava Ben na defensiva, pois fazia-o lembrar das críticas constantes que recebera devido ao perfeccionismo do pai. Ele então defendia com mais intensidade a sua posição. Essas discussões quase sempre terminavam da mesma maneira. Um dos dois levantava as mãos desgostoso e dizia abruptamente: "Tudo bem! Então faça como você quiser!" e marchava com passos pesados para fora do quarto. Neste processo, o casamento ia se desgastando. Finalmente Sandra e Ben chegaram à conclusão de que dar a seu relacionamento um caráter profissional não funcionava. Ser íntimos dos nossos colegas de trabalho não é importante; ser íntimos do nosso cônjuge é. A meta no trabalho é desempenhar tarefas. O objetivo em casa, além de desempenhar as tarefas domésticas, é sobretudo amar um ao outro, e a maneira de fazer isso é prestando atenção aos sentimentos mútuos. Sandra e Ben estão se sentindo melhor hoje com relação ao casamento porque reconhecem que as emoções presentes em cada conversa são tão importantes quanto o seu conteúdo. Ben já não se sente mais tão agredido pelas exigências de Sandra porque chegou à conclusão de que estas são completamente diferentes das de seu pai. Sandra agora faz um auto-exame antes de discordar automaticamente, porque não sente mais necessidade de se afirmar. Quando começa a sentir que Ben a está menosprezando, ela consegue dizer a ele como está se sentindo e falar dos sentimentos antigos que a atitude do marido faz vir à tona. Ben se desculpa dizendo que sua intenção não era depreciála; ele está apenas ansioso para ajudar e às vezes se apressa em apresentar logo uma solução por causa da pressão que o pai exercia sobre ele. Sandra e Ben aprenderam uma importante verdade: a conexão entre as pessoas só é plenamente exercida quando a intimidade é vivida pela expressão clara dos sentimentos. Eles não eram capazes de experimentar a intimidade sem uma maior clareza no coração. Como Jesus previu, é preciso pureza de coração para construir um relacionamento feliz. Jesus nunca colocou o valor intelectual acima da pureza de coração. Ele sabia que as pessoas estabelecem contato através das emoções e que as nossas divergências mais sérias não são a respeito do que pensamos, mas o resultado de como fomos emocionalmente feridos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A intimidade que vem de um coração puro é essencial no relacionamento de um casal. O SEGREDO PARA SOBREVIVERÃO SOFRIMENTO "Não se perturbe o vosso coração.Confiai em Deus; confiai também em mim.” João 14:1 Jesus ensinou que a solução para sobreviver ao sofrimento era permanecer ligado a Deus. Se permitirmos que Deus permaneça conosco no sofrimento, por pior que este seja, podemos amadurecer e crescer durante os tempos difíceis. Qualquer coisa é tolerável se não tivermos que suportá-la sozinhos. Rica era uma das crianças mais baixas da sua turma no colégio. Era sempre o último a ser escolhido para um time, e os meninos mais altos freqüentemente caçoavam dele. Ele tentava evitar situações em que as outras crianças pudessem ter a oportunidade de zombar dele por ser tão baixo, mas mesmo assim isso acontecia com freqüência. Rick escapou de tornar-se uma pessoa amarga em parte devido ao seu relacionamento com Greg. Os dois formaram uma amizade especial que durou a vida inteira. Certa vez Rick passou por uma situação humilhante, quando um valentão alto e forte o enfiou em uma lata de lixo apenas para se divertir. Sem dizer uma palavra, Greg, que estava ao lado de Rick, lançou para o amigo um olhar solidário, como se dissesse: "Deixa pra lá. Esse cara é um completo idiota." Era isso que Rick precisava, de que outra pessoa lhe desse apoio. A solidariedade de Greg tornava as coisas menos dolorosas. Rick conseguiu superar o trauma causado pelas zombarias porque sabia que Greg sempre iria entender como ele se sentia. Hoje sua vida é melhor porque ele teve alguém com quem compartilhar os seus sentimentos durante os momentos difíceis. Jesus queria que entendêssemos que este é o segredo para sobreviver ao sofrimento. Algumas das pessoas mais sábias que conheço sofreram muito na vida, mas o mesmo posso dizer de algumas das pessoas mais amargas que encontrei. Jesus sabia que o sofrimento pode nos tornar melhores ou mais amargos. O próprio sofrimento dele era uma parte inevitável da sua vida, e enfrentá-lo foi fundamental para a sua missão na Terra. Jesus demonstrou com sua vida qual é a maneira de sobreviver ao sofrimento. Mesmo nos momentos mais difíceis, Jesus nunca perdeu a sua ligação com Deus. Ele não tentou passar sozinho pelo sofrimento. E é isso o que ele nos ensina. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O sofrimento é tolerável se não tivermos que suportá-lo sozinhos. POR QUE O SOFRIMENTO SE TORNA TRAUMÁTICO "Se o demônio parte... ele volta e encontra o coração do homem limpo mas vazio! O demônio então convoca outros sete espíritos piores do que ele e todos entram no homem e nele se instalam. E a situação dele torna-se pior do que antes.” Mateus 12:43 Algumas crianças que sofreram circunstâncias extremamente difíceis tornaram-se relativamente equilibradas, ao passo que outras que passaram por um sofrimento muito menor parecem psicologicamente mais prejudicadas. A explicação está na diferença entre dano psicológico e trauma psicológico. O dano psicológico é aquele que sofremos quando somos atingidos emocionalmente. Isso acontece com todos nós. As pessoas que nos criaram podem deixar de satisfazer de maneira significativa algumas de nossas necessidades, e podemos também ser expostos a circunstâncias cruéis, ou agredidos por alguém de um modo que nos magoe profundamente. O trauma psicológico acontece quando ninguém está presente para nos dar apoio e nos ajudar a compreender os danos que sofremos. Os danos psicológicos podem causar traumas que nos deixam com a impressão de sermos fracos, incompetentes, defeituosos e perseguidos. Um evento doloroso torna-se traumático quando adquire um significado negativo a respeito de quem somos. Os eventos traumáticos do passado podem transformar-se em demônios que nos perseguem a vida inteira. Ter a presença de uma pessoa que se mostre receptiva à nossa dor faz toda a diferença do mundo. Jesus sabia que precisamos da ajuda dos outros quando somos magoados para evitar que os demônios voltem a nos ferir ainda mais. Candice é uma mulher atraente e inteligente. Quem olha para ela não imagina que tenha passado por uma experiência que modificou a sua vida. Quando era adolescente, ela foi estuprada quando voltava da casa de uma amiga. Foi o acontecimento mais terrível da sua vida. Se pudesse, ela o apagaria da memória. Antes de fazer terapia, Candice nunca havia falado detalhadamente sobre o estupro. Contara aos pais o que tinha acontecido naquela noite, eles deram queixa na polícia e tudo ficou por isso mesmo. Ela não procurou ajuda terapêutica e seus pais acharam que falar sobre o assunto iria humilhá-la ainda mais, de modo que nunca mais o trouxeram à baila. Candice tem problemas ao relacionar-se intimamente com os homens por causa do estupro. Fica tensa quando pensa em ter um contato sexual com um homem e sente medo quando está perto de homens fortes e dinâmicos. Cora a terapia, ela acabou descobrindo que não é bom guardar para si certos segredos. Candice caiu na armadilha na qual sucumbem muitos sobreviventes de estupro. Ela não conseguia parar de pensar: "Se ao menos eu tivesse pedido uma carona naquela noite", "O vestido que eu estava usando chamava muita atenção" ou "Como posso ter sido tão idiota?" Candice estava se culpando. Este procedimento transformou o dano que sofrera em um trauma duradouro. Talvez se ela tivesse sido capaz de conversar com alguém, seu segredo não tivesse sido tão nocivo. Outra pessoa poderia tê-la ajudado a ver que seus sentimentos não eram anormais e que ela não era responsável pelo que acontecera. Se Candice tivesse recebido ajuda para lidar com seus sentimentos, esse terrível acontecimento talvez não tivesse se transformado em um trauma permanente que a fazia sentir-se tão mal com relação a si mesma. Os demônios adoram trabalhar em segredo, mas fogem quando são forçados a se tornar visíveis. Candice está começando a sentir-se menos amedrontada na presença dos homens, porque está trabalhando os seus sentimentos na terapia. Fechar a porta para os danos do passado não mantinha os demônios à distância, mas permitir que seu terapeuta percorra com ela os lugares escuros e ocultos está conseguindo afastá-los. Jesus sabia que todos sofremos danos, mas não temos que viver traumatizados por causa deles. Ele acreditava que, se compartilharmos o fardo das ofensas que recebemos com alguém em quem confiamos, poderemos evitar que elas se transformem em trauma. O tempo por si só não é capaz de curar. Se não procurarmos ajuda, os demônios do passado ficarão presentes. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O tempo por si só não é capaz de curar. OS SERES HUMANOS GOSTAM DE RACIONALIZAR "O coração do homem determina as suas palavras." Mateus 12:34 (Living Bible) Christopher acha que as emoções são sinal de fraqueza. Sua mãe lutou contra a depressão quando ele era criança, e seu pai freqüentemente o castigava com raiva. Ele jurou que nunca seria como eles. A mulher de Christopher pediu o divórcio após quatro anos de casamento porque "suas necessidades emocionais não estavam sendo satisfeitas", o que o deixou ainda mais convencido de que as pessoas que vivem com base nas emoções acabam destruindo tudo à sua volta. Christopher acredita que as pessoas racionais são de confiança e as pessoas emocionais são fracas e patéticas. Considera que seu único erro no casamento foi não ter percebido antes como sua esposa era emocional. O que Christopher não percebe é que a sua conclusão a respeito das emoções está profundamente ligada ao que sofreu na infância. Por este motivo, ele não foi capaz de criar uma intimidade emocional com a mulher, o que fez com que o casamento acabasse muito antes de ela deixá-lo. A sua insistência em afirmar que o fato de ela ser "excessivamente emocional" tinha sido a causa do divórcio foi na verdade uma racionalização que ele usou para defender-se. Christopher tinha um medo enorme de que a mulher o magoasse depois de toda a dor que os seus pais haviam lhe causado. O problema não era o fato de a sua mulher ser emocional demais, mas de ele depreciar e negar as emoções. Christopher possui um argumento racional para explicar como as emoções arrumaram a sua vida. O que não percebe é o papel que ele próprio desempenhou na destruição do casamento. Apesar de achar que sua decisão de evitar as emoções era racional, foi uma decisão puramente emocional. E como ele não tem consciência disso, fica sujeito ao poder destrutivo de uma emoção não controlada. As agências de publicidade, os políticos, os profissionais da área de vendas - todas as pessoas que lidam com a maneira como tomamos decisões - sabem que os impulsos, os desejos e os sentimentos são as verdadeiras motivações por trás do nosso processo de tomada de decisões. Freqüentemente pensamos estar sendo objetivos e racionais para emprestar maior credibilidade às nossas conclusões. Mas a verdade é que seguimos o coração nas conclusões a que chegamos, mesmo quando insistimos em negar isso. Jesus freqüentemente seguia a paixão do seu coração, mesmo quando ela não fazia nenhum sentido lógico para aqueles que o cercavam. Quando decidiu escolher um grupo de discípulos para o seu círculo mais chegado de amigos, o seu principal critério não foi a educação e nem mesmo a inteligência. Ele preferiu aqueles capazes de "entender com o coração". Jesus não tentou mudar o mundo com uma nova filosofia ou um melhor conjunto de princípios espirituais que pudessem ser ensinados de modo acadêmico. Ele sabia que o Reino de Deus seria difundido pelo impacto do que as pessoas sentiam no coração. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Justificamos na mente o que decidimos no coração.

SEGUNDA PARTE
Conhecendo a si mesmo CAPÍTULO 7
Conhecendo os seus sentimentos
Naquele momento aproximaram-se de Jesus os discípulos e perguntaram: "Quem será o maior no reino dos céus?" Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Em verdade vos digo, se não vos transformardes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus. Pois aquele que se fizer humilde como esta criança será o maior no reino dos céus.” "E quem receber uma destas crianças em meu nome, é a mim que recebe. Mas quem fizer pecar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria para ele que lhe pendurassem uma pedra ao pescoço e o jogassem no fundo do mar.” Mateus 18:1-6 Jesus ensinou que o que sentimos no coração determina quem somos. Ele falou em renascer, viver com fé e ter um coração de criança. Ele queria que fôssemos como crianças porque estas são inocentes, crédulas e abertas às suas emoções. As pessoas profundamente espiritualizadas têm consciência de suas emoções. Jesus gostava de desafiar a maneira como as pessoas pensam. Para sermos grandes, disse ele, precisamos ser pequenos. Para sermos líderes, precisamos servir aos outros. Para sermos profundos pensadores, temos que ser capazes de sentir. Jesus ensinou que a identidade do ser humano é uma questão do coração. Jesus amou, sentiu raiva, experimentou o medo, chorou de tristeza e viveu com coragem. Ele sabia quem era e agia motivado pelo que sentia, mesmo que isso não fizesse um sentido lógico para os outros. Nossas emoções nos fazem conhecer quem somos e nos levam a fazer as coisas que fazemos. Jesus queria que conhecêssemos a gama completa das nossas emoções.1 SEJA COMO AS CRIANÇAS, MAS NÃO SEJA INFANTIL "Se não vos transformardes e não vos tornardes como crianças...” Mateus 18:3 Algumas pessoas relutam em agir de forma emocional porque a consideram uma atitude infantil. No entanto, existe uma diferença entre ser infantil e ser como as crianças. Ser infantil é ser imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações. Ser como as crianças é assumir responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de entregar-se às emoções. Jesus atribuía uma grande importância ao fato de sermos como as crianças. Ser infantil exige pouco esforço, mas é preciso força para nos abrirmos às emoções como fazem as crianças. Jesus sempre teve uma noção muito clara dos limites e permaneceu consciente das conseqüências das suas ações, mas tinha coragem de entregar-se às suas emoções. Isso fazia com que as pessoas se sentissem próximas dele, enquanto que o seu senso de responsabilidade confiável as fazia sentir-se seguras em sua presença. Harriet envolvera-se repetidas vezes em relacionamentos intensos e problemáticos que nunca davam certo. Sempre que alguém a desapontava, tinha explosões de raiva, embora já tivesse passado por inúmeras sessões de terapia tentando entender seus problemas com a sensação de abandono. Durante as nossas sessões, Harriet tinha dificuldade em admitir sua parte de responsabilidade em seus problemas de relacionamento, mas acusava outras pessoas, culpando as por esses problemas. No início, sempre que Harriet se considerava em estado de emergência emocional, ela enviava mensagens para o meu Pager. Ficava furiosa com todo mundo, inclusive comigo, e sentia que tinha o direito de expressar a sua raiva praguejando, gritando e tendo acessos de fúria. Nossas sessões com freqüência eram repletas desse tipo de explosão. Ela acreditava que os terapeutas tinham a obrigação de lidar com esses comportamentos, pois eram uma forma desesperada de fazer com que compreendessem a profundidade da sua dor. As explosões infantis não beneficiavam os relacionamentos de Harriet nem a ajudavam a lidar com os seus sentimentos. Ela estava convencida de que as outras pessoas não gostariam dela caso falasse a respeito do que sentia. Não falava, mas explodia. Para prevenir a rejeição que imaginava, Harriet tinha um comportamento hostil. Ela se sentia melhor quando a rejeição vinha dela. Aos poucos Harriet foi percebendo que a sua expectativa de rejeição a impedia de receber o que precisava dos outros e começou a mudar a maneira como expressava seus sentimentos. Em vez de violentas explosões que criavam o distanciamento, Harriet começou a externar sentimentos de dor e vulnerabilidade, a falar sobre eles e a pedir ajuda, tal como faz uma criança confiante. Surpreendeu-se ao ser ouvida e acolhida. Harriet descobriu pela primeira vez na vida que quando revelava suas emoções com a sinceridade das crianças ela se tornava mais atraente. Suas tentativas corajosas de manifestar sua vulnerabilidade faziam as pessoas gostar mais dela, em vez rejeitá-la, como ela sempre temera. O maior benefício dessa mudança foi a transformação no modo como ela se sentia a respeito de si mesma. Harriet parou de recear ser rejeitada pelos outros e começou a se considerar uma pessoa melhor. Esse era o tipo de atitude própria das crianças a que Jesus estava se referindo. Ele recomendou que as pessoas "se tornassem como crianças" para serem mais abertas e confiantes. Por incrível que pareça, ter medo de manifestar a própria vulnerabilidade é a forma mais poderosa de viver. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os atos infantis afastam, enquanto que as ações próprias das crianças atraem. O PAPEL DOS SENTIMENTOS NO CRESCIMENTO "Deixai vir a mim as criancinhas." Lucas 18:16 Brittany, de sete anos, era uma menina difícil. Ficava freqüentemente zangada e tinha um comportamento agressivo, o que dificultava muito o seu relacionamento com as outras crianças. Mordia, chutava e arranhava qualquer pessoa que a perturbasse, e seus acessos de raiva eram exaustivos para todo mundo, inclusive para ela. Alarmados e confusos com o comportamento da filha, seus pais procuraram ajuda profissional. Quando Paula viu Brittany pela primeira vez, soube que tinha um trabalho difícil pela frente. A menina, sentada no chão no meio do quarto, quebrava os seus brinquedos. Perguntar a Brittany por que ela estava sendo tão destrutiva era inútil, porque a menina não sabia. Estava externando sentimentos que tinha dentro de si, mas não conseguia expressar de outra maneira. Paula compreendeu isso. Era muito claro que Brittany estava zangada, mas era mais difícil perceber que a raiva encobria o medo. Paula sentiu que precisava acolher os sentimentos de Brittany de uma maneira que fizesse a menina sentir-se segura. Como Brittany se expressava mais fisicamente, Paula tinha que lidar com ela nesse nível. Se Brittany gritava, Paula dizia: "Estou vendo que você está muito zangada." Mas se Brittany queria arranhar ou morder, Paula a segurava com firmeza até que ela se acalmasse. Como a menina estava ao mesmo tempo zangada e com medo, Paula precisava respeitar essas emoções no relacionamento das duas. Ela queria ajudar Brittany a expressar todas as emoções, não apenas a raiva. Com o tempo, em decorrência da terapia com Paula, Brittany mudou. Socialmente, ela ainda é um tanto inábil, mas deixou de ser tão violenta quanto antes. É mais capaz agora de falar sobre seus sentimentos, de modo que tem menos necessidade de externá-los por meio de ações. Brittany aprendeu que pode expressar o seu medo e que ele pode ser bem recebido pelos outros, o que a faz sentir-se mais segura. Ela cresceu como pessoa porque consegue manifestar melhor suas emoções. A habilidade com que Paula acolheu os sentimentos de Brittany foi uma libertação para a menina. O relacionamento das duas é um exemplo do crescimento que pode acontecer quando acolhemos amorosamente todas as emoções que alguém nos traz, exatamente como Jesus fazia. Jesus sempre recebeu bem as crianças. Ele conhecia a importância de ser receptivo à abertura delas. Hoje sabemos que o cérebro humano precisa experimentar a acolhida aos sentimentos para poder desenvolver-se adequadamente.2 Cada vez que uma criança é capaz de identificar um sentimento, como "Eu estou triste" ou "Eu estou feliz", ela desenvolve uma noção mais forte de quem é o "eu" que está tendo o sentimento. A criança aprende que é o seu "eu" que está tendo sentimentos tristes ou alegres e que eles não estão vindo de outra pessoa ou de outro lugar. Os pais que acolhem os sentimentos dos seus filhos estão na verdade ajudando-os a solidificar uma identidade que os conduzirá através da vida. Ajudar as crianças, e também os adultos, a identificar os seus sentimentos os ajuda a crescer. O ardente desejo de Jesus de acolher as crianças é um modelo psicológico para nós. Ao receber com alegria a espontaneidade emocional das crianças, ele estava estimulando o crescimento delas. A sua capacidade de acolher tornou-se a marca registrada da sua presença benéfica que era sentida por todos que o encontravam. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A identidade de uma criança forma-se mais no coração do que na cabeça. O PAPEL DOS SENTIMENTOS NA NOSSA CONEXÃO COM OS OUTROS "Felizes os puros de coração, pois verão a Deus." Mateus 5:8 (Living Bible) Jesus ensinou que as pessoas espiritualizadas relacionam-se de coração para coração. O entendimento emocional cria um vínculo. Nós nos sentimos aprovados quando os outros concordam intelectualmente conosco, e somos confortados quando eles nos protegem fisicamente, mas só nos sentimos ligados quando compartilhamos com eles experiências emocionais. Os puros de coração têm uma conexão especial com Deus não apenas porque são sinceros, mas também por causa da sua capacidade de saber claramente como se sentem. Sandra e Ben procuraram o aconselhamento matrimonial por causa de um dos problemas mais comuns que encontro hoje nos casamentos: a comunicação emocional deficiente. Antes do casamento, ambos eram profissionais de nível superior com uma carreira de sucesso. Quando começaram a formar a família, decidiram de comum acordo que Sandra deixaria seu trabalho e ficaria em casa para cuidar das crianças. Eles estavam felizes com essa decisão, satisfeitos com o dinheiro que Ben trazia para a família e contentes com o desempenho dos filhos. O que não agüentavam mais eram as brigas constantes entre eles. Sandra e Ben não conseguiam resolver as discussões porque não compreendiam a importância das emoções. Tanto Sandra quanto Ben achavam que seriam capazes de negociar as divergências no relacionamento seguindo as mesmas regras que haviam usado com sucesso nas respectivas carreiras. Infelizmente, as normas do trabalho não são iguais às regras do lar. Não são os procedimentos que devem ser examinados, mas as razões que os provocam. A maneira como os parceiros falam um com o outro é tão importante quanto o tema da conversa. Em casa, Sandra tentava conversar com Ben sobre uma preocupação que estava lhe causando um dos filhos. Ben dava uma interpretação superficial e sugeria que eles passassem a adotar uma mudança de comportamento. Esta resposta fazia Sandra se sentir menosprezada, reproduzindo uma sensação de sua infância e adolescência. Por isso, ela discordava do marido. A atitude dela, por sua vez, colocava Ben na defensiva, pois fazia-o lembrar das críticas constantes que recebera devido ao perfeccionismo do pai. Ele então defendia com mais intensidade a sua posição. Essas discussões quase sempre terminavam da mesma maneira. Um dos dois levantava as mãos desgostoso e dizia abruptamente: "Tudo bem! Então faça como você quiser!" e marchava com passos pesados para fora do quarto. Neste processo, o casamento ia se desgastando. Finalmente Sandra e Ben chegaram à conclusão de que dar a seu relacionamento um caráter profissional não funcionava. Ser íntimos dos nossos colegas de trabalho não é importante; ser íntimos do nosso cônjuge é. A meta no trabalho é desempenhar tarefas. O objetivo em casa, além de desempenhar as tarefas domésticas, é sobretudo amar um ao outro, e a maneira de fazer isso é prestando atenção aos sentimentos mútuos. Sandra e Ben estão se sentindo melhor hoje com relação ao casamento porque reconhecem que as emoções presentes em cada conversa são tão importantes quanto o seu conteúdo. Ben já não se sente mais tão agredido pelas exigências de Sandra porque chegou à conclusão de que estas são completamente diferentes das de seu pai. Sandra agora faz um auto-exame antes de discordar automaticamente, porque não sente mais necessidade de se afirmar. Quando começa a sentir que Ben a está menosprezando, ela consegue dizer a ele como está se sentindo e falar dos sentimentos antigos que a atitude do marido faz vir à tona. Ben se desculpa dizendo que sua intenção não era depreciála; ele está apenas ansioso para ajudar e às vezes se apressa em apresentar logo uma solução por causa da pressão que o pai exercia sobre ele. Sandra e Ben aprenderam uma importante verdade: a conexão entre as pessoas só é plenamente exercida quando a intimidade é vivida pela expressão clara dos sentimentos. Eles não eram capazes de experimentar a intimidade sem uma maior clareza no coração. Como Jesus previu, é preciso pureza de coração para construir um relacionamento feliz. Jesus nunca colocou o valor intelectual acima da pureza de coração. Ele sabia que as pessoas estabelecem contato através das emoções e que as nossas divergências mais sérias não são a respeito do que pensamos, mas o resultado de como fomos emocionalmente feridos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A intimidade que vem de um coração puro é essencial no relacionamento de um casal. O SEGREDO PARA SOBREVIVERÃO SOFRIMENTO "Não se perturbe o vosso coração.Confiai em Deus; confiai também em mim.” João 14:1 Jesus ensinou que a solução para sobreviver ao sofrimento era permanecer ligado a Deus. Se permitirmos que Deus permaneça conosco no sofrimento, por pior que este seja, podemos amadurecer e crescer durante os tempos difíceis. Qualquer coisa é tolerável se não tivermos que suportá-la sozinhos. Rica era uma das crianças mais baixas da sua turma no colégio. Era sempre o último a ser escolhido para um time, e os meninos mais altos freqüentemente caçoavam dele. Ele tentava evitar situações em que as outras crianças pudessem ter a oportunidade de zombar dele por ser tão baixo, mas mesmo assim isso acontecia com freqüência. Rick escapou de tornar-se uma pessoa amarga em parte devido ao seu relacionamento com Greg. Os dois formaram uma amizade especial que durou a vida inteira. Certa vez Rick passou por uma situação humilhante, quando um valentão alto e forte o enfiou em uma lata de lixo apenas para se divertir. Sem dizer uma palavra, Greg, que estava ao lado de Rick, lançou para o amigo um olhar solidário, como se dissesse: "Deixa pra lá. Esse cara é um completo idiota." Era isso que Rick precisava, de que outra pessoa lhe desse apoio. A solidariedade de Greg tornava as coisas menos dolorosas. Rick conseguiu superar o trauma causado pelas zombarias porque sabia que Greg sempre iria entender como ele se sentia. Hoje sua vida é melhor porque ele teve alguém com quem compartilhar os seus sentimentos durante os momentos difíceis. Jesus queria que entendêssemos que este é o segredo para sobreviver ao sofrimento. Algumas das pessoas mais sábias que conheço sofreram muito na vida, mas o mesmo posso dizer de algumas das pessoas mais amargas que encontrei. Jesus sabia que o sofrimento pode nos tornar melhores ou mais amargos. O próprio sofrimento dele era uma parte inevitável da sua vida, e enfrentá-lo foi fundamental para a sua missão na Terra. Jesus demonstrou com sua vida qual é a maneira de sobreviver ao sofrimento. Mesmo nos momentos mais difíceis, Jesus nunca perdeu a sua ligação com Deus. Ele não tentou passar sozinho pelo sofrimento. E é isso o que ele nos ensina. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O sofrimento é tolerável se não tivermos que suportá-lo sozinhos. POR QUE O SOFRIMENTO SE TORNA TRAUMÁTICO "Se o demônio parte... ele volta e encontra o coração do homem limpo mas vazio! O demônio então convoca outros sete espíritos piores do que ele e todos entram no homem e nele se instalam. E a situação dele torna-se pior do que antes.” Mateus 12:43 Algumas crianças que sofreram circunstâncias extremamente difíceis tornaram-se relativamente equilibradas, ao passo que outras que passaram por um sofrimento muito menor parecem psicologicamente mais prejudicadas. A explicação está na diferença entre dano psicológico e trauma psicológico. O dano psicológico é aquele que sofremos quando somos atingidos emocionalmente. Isso acontece com todos nós. As pessoas que nos criaram podem deixar de satisfazer de maneira significativa algumas de nossas necessidades, e podemos também ser expostos a circunstâncias cruéis, ou agredidos por alguém de um modo que nos magoe profundamente. O trauma psicológico acontece quando ninguém está presente para nos dar apoio e nos ajudar a compreender os danos que sofremos. Os danos psicológicos podem causar traumas que nos deixam com a impressão de sermos fracos, incompetentes, defeituosos e perseguidos. Um evento doloroso torna-se traumático quando adquire um significado negativo a respeito de quem somos. Os eventos traumáticos do passado podem transformar-se em demônios que nos perseguem a vida inteira. Ter a presença de uma pessoa que se mostre receptiva à nossa dor faz toda a diferença do mundo. Jesus sabia que precisamos da ajuda dos outros quando somos magoados para evitar que os demônios voltem a nos ferir ainda mais. Candice é uma mulher atraente e inteligente. Quem olha para ela não imagina que tenha passado por uma experiência que modificou a sua vida. Quando era adolescente, ela foi estuprada quando voltava da casa de uma amiga. Foi o acontecimento mais terrível da sua vida. Se pudesse, ela o apagaria da memória. Antes de fazer terapia, Candice nunca havia falado detalhadamente sobre o estupro. Contara aos pais o que tinha acontecido naquela noite, eles deram queixa na polícia e tudo ficou por isso mesmo. Ela não procurou ajuda terapêutica e seus pais acharam que falar sobre o assunto iria humilhá-la ainda mais, de modo que nunca mais o trouxeram à baila. Candice tem problemas ao relacionar-se intimamente com os homens por causa do estupro. Fica tensa quando pensa em ter um contato sexual com um homem e sente medo quando está perto de homens fortes e dinâmicos. Cora a terapia, ela acabou descobrindo que não é bom guardar para si certos segredos. Candice caiu na armadilha na qual sucumbem muitos sobreviventes de estupro. Ela não conseguia parar de pensar: "Se ao menos eu tivesse pedido uma carona naquela noite", "O vestido que eu estava usando chamava muita atenção" ou "Como posso ter sido tão idiota?" Candice estava se culpando. Este procedimento transformou o dano que sofrera em um trauma duradouro. Talvez se ela tivesse sido capaz de conversar com alguém, seu segredo não tivesse sido tão nocivo. Outra pessoa poderia tê-la ajudado a ver que seus sentimentos não eram anormais e que ela não era responsável pelo que acontecera. Se Candice tivesse recebido ajuda para lidar com seus sentimentos, esse terrível acontecimento talvez não tivesse se transformado em um trauma permanente que a fazia sentir-se tão mal com relação a si mesma. Os demônios adoram trabalhar em segredo, mas fogem quando são forçados a se tornar visíveis. Candice está começando a sentir-se menos amedrontada na presença dos homens, porque está trabalhando os seus sentimentos na terapia. Fechar a porta para os danos do passado não mantinha os demônios à distância, mas permitir que seu terapeuta percorra com ela os lugares escuros e ocultos está conseguindo afastá-los. Jesus sabia que todos sofremos danos, mas não temos que viver traumatizados por causa deles. Ele acreditava que, se compartilharmos o fardo das ofensas que recebemos com alguém em quem confiamos, poderemos evitar que elas se transformem em trauma. O tempo por si só não é capaz de curar. Se não procurarmos ajuda, os demônios do passado ficarão presentes. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O tempo por si só não é capaz de curar. OS SERES HUMANOS GOSTAM DE RACIONALIZAR "O coração do homem determina as suas palavras." Mateus 12:34 (Living Bible) Christopher acha que as emoções são sinal de fraqueza. Sua mãe lutou contra a depressão quando ele era criança, e seu pai freqüentemente o castigava com raiva. Ele jurou que nunca seria como eles. A mulher de Christopher pediu o divórcio após quatro anos de casamento porque "suas necessidades emocionais não estavam sendo satisfeitas", o que o deixou ainda mais convencido de que as pessoas que vivem com base nas emoções acabam destruindo tudo à sua volta. Christopher acredita que as pessoas racionais são de confiança e as pessoas emocionais são fracas e patéticas. Considera que seu único erro no casamento foi não ter percebido antes como sua esposa era emocional. O que Christopher não percebe é que a sua conclusão a respeito das emoções está profundamente ligada ao que sofreu na infância. Por este motivo, ele não foi capaz de criar uma intimidade emocional com a mulher, o que fez com que o casamento acabasse muito antes de ela deixá-lo. A sua insistência em afirmar que o fato de ela ser "excessivamente emocional" tinha sido a causa do divórcio foi na verdade uma racionalização que ele usou para defender-se. Christopher tinha um medo enorme de que a mulher o magoasse depois de toda a dor que os seus pais haviam lhe causado. O problema não era o fato de a sua mulher ser emocional demais, mas de ele depreciar e negar as emoções. Christopher possui um argumento racional para explicar como as emoções arrumaram a sua vida. O que não percebe é o papel que ele próprio desempenhou na destruição do casamento. Apesar de achar que sua decisão de evitar as emoções era racional, foi uma decisão puramente emocional. E como ele não tem consciência disso, fica sujeito ao poder destrutivo de uma emoção não controlada. As agências de publicidade, os políticos, os profissionais da área de vendas - todas as pessoas que lidam com a maneira como tomamos decisões - sabem que os impulsos, os desejos e os sentimentos são as verdadeiras motivações por trás do nosso processo de tomada de decisões. Freqüentemente pensamos estar sendo objetivos e racionais para emprestar maior credibilidade às nossas conclusões. Mas a verdade é que seguimos o coração nas conclusões a que chegamos, mesmo quando insistimos em negar isso. Jesus freqüentemente seguia a paixão do seu coração, mesmo quando ela não fazia nenhum sentido lógico para aqueles que o cercavam. Quando decidiu escolher um grupo de discípulos para o seu círculo mais chegado de amigos, o seu principal critério não foi a educação e nem mesmo a inteligência. Ele preferiu aqueles capazes de "entender com o coração". Jesus não tentou mudar o mundo com uma nova filosofia ou um melhor conjunto de princípios espirituais que pudessem ser ensinados de modo acadêmico. Ele sabia que o Reino de Deus seria difundido pelo impacto do que as pessoas sentiam no coração. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Justificamos na mente o que decidimos no coração.
por Mark W. Baker
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