JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 8

Conhecendo o seu inconsciente
"A vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e terá em abundância; mas de quem não tem, até mesmo o que tem será tirado. Eis por que lhes falo em parábolas: para que, olhando, não vejam e, ouvindo, não escutem nem compreendam. E neles se cumpra a profecia de Isaías, que diz: 'Ouvireis com os ouvidos e não entendereis, olhareis com os olhos e não vereis.” Mateus 13:11-14 Podemos olhar diretamente para as pessoas sem vê-las, ou ouvir as pessoas falarem, mas não escutá-las. Jesus sabia que forças fora da nossa percepção consciente atuam na nossa mente, freqüentemente impedindo que lidemos com as coisas que estão bem na nossa frente. Ele conhecia este aspecto da mente humana que hoje chamamos de inconsciente. O inconsciente é uma maneira de descrever o modo como a mente filtra o pensamento. É o jeito que a nossa mente tem de evitar que pensemos a respeito de tudo de uma vez só. Como não podemos lidar com tudo de uma única vez, não podemos estar plenamente conscientes de tudo o que se passa na nossa mente em um determinado momento. O problema não é o fato de a nossa mente operar inconscientemente e sim de não termos consciência disso. Trabalhamos os nossos assuntos inacabados no inconsciente. Questões problemáticas ou não resolvidas do passado ficam armazenadas no inconsciente e são freqüentemente revisitadas. Sem perceber, ficamos repetindo o passado na tentativa de corrigilo. Por isso é importante conhecer o inconsciente. Sem essa percepção, "estaremos sempre ouvindo, mas nunca entendendo", porque algumas coisas muito importantes que precisamos compreender estão ocultas no nosso inconsciente.1 SOMOS CRIATURAS DE HÁBITOS "...vós vos apegais às tradições dos homens." Marcos 7:8 Miguel concordou em procurar o aconselhamento conjugai com Adrienne após anos de insistência da parte dela. Adrienne queixava-se de que Miguel era muito exigente e crítico. Ele só se dispôs a vir às sessões para agradá-la. Ambos encaravam o próprio casamento como "tradicional", porque apenas Miguel trabalhava fora e Adrienne havia optado por ficar em casa com as crianças. Adrienne estava contente com essa situação, mas se ressentia com a atitude controladora de Miguel. Parecia que ele queria impor a ela e às crianças a forma de viver com que fora criado, e Adrienne estava achando o jeito do marido autoritário e humilhante. —Meus pais estão juntos a cinqüenta anos, o que é mais tempo do que eu vejo na maioria dos casais — proclamou Miguel. — O que há de errado em tentar seguir o exemplo deles? —Você está se esquecendo dos problemas que havia quando você morava com eles, Miguel - retrucou Adrienne. —Tudo não era tão perfeito na sua família. Depois de algumas sessões, Miguel admitiu que, embora respeitasse o pai, reconhecia que fora importante rebelar-se contra o poder que ele exercia na família. "De fato, ele era duro comigo. Mas aquela era a única maneira de me fazer aprender", insistiu ele. O pai de Miguel era partidário do castigo corporal e freqüentemente batia no filho com um cinto. A triste conseqüência que essa atitude teve em Miguel foi fazer com que ele tirasse uma conclusão inconsciente a respeito da autoridade de um pai: para que um homem seja respeitado em casa, ele precisa ser temido pelas pessoas que vivem com ele. Miguel estava seguindo o exemplo autoritário do pai, sem se dar conta de que odiara viver daquela maneira. Sem perceber, Miguel tinha medo de perder o respeito da mulher e dos filhos caso não adotasse uma postura dominadora com relação a eles. Inconscientemente, o respeito e o medo confundiram-se, o que o levou a acreditar que precisava dominar os membros da família para não ser um fracasso como marido e pai. Miguel está começando a aceitar que as tradições que estava tentando seguir tinham origem em fatos do passado que o fizeram sofrer. Ele consegue ver agora que a imposição de seu ponto de vista sobre a maneira como a família tinha que ser administrada não dava espaço para o modo como Adrienne pensava e lidava com os filhos. Percebeu o preço que todos eles estavam pagando por isso. Miguel já não vive mais seu papel de pai e marido baseado no medo, e Adrienne finalmente está começando a sentir que a sua opinião é respeitada. Miguel precisava compreender que seguir inconscientemente as tradições pode ser perigoso, e a percepção de que estava preso a crenças geradas pelas experiências de infância o está ajudando a libertar-se. Somos criaturas de hábitos. Encontramos segurança nas nossas rotinas e identidade nas nossas tradições. Alguns hábitos são bons e Jesus recomendou que seguíssemos certas tradições para nos relacionarmos melhor uns com os outros e com Deus. Ele sabia que precisamos de gestos concretos para expressar o amor nos nossos relacionamentos. O problema surge quando ficamos presos inconscientemente aos hábitos, porque esta atitude nos faz repetir atividades do passado sem que nos apercebamos disso. Jesus não queria que as pessoas seguissem hábitos e tradições sem estar conscientes das razões pelas quais faziam assim. Seguir tradições pode ser benéfico, mas aderir inconscientemente a elas pode trazer prejuízos. Jesus nos disse que tomássemos cuidado ao nos prendermos às tradições, não por elas serem más, mas porque com freqüência as repetimos inconscientemente. A questão não é se temos ou não tradições familiares e sim por que as temos. Se as nossas tradições são fator de crescimento para a nossa família, elas são boas, mas, se acontece o contrário, precisamos prestar atenção à advertência de Jesus. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os hábitos fundamentados no medo corrompem as tradições baseadas no respeito. NÃO TENHA TANTA CERTEZA DE SI MESMO "Mas a vossa culpa permanece porque afirmais saber o que estais fazendo.” João 9:41 Pensamentos inconscientes são experimentados como fatos. Como não sabemos que algo é inconsciente, temos certeza de que é verdadeiro. Quando vivemos baseados em pensamentos e sentimentos inconscientes, achamos que sabemos o que estamos fazendo, mas a verdade é que desconhecemos as razões que nos levam a agir de determinada forma. Jesus nunca pediu às pessoas que estivessem absolutamente certas com relação a si mesmas; ele pedia que elas refletissem a respeito de si mesmas. Conheci Tommy em um orfanato de meninos. Embora só tivesse 17 anos, tinha algumas idéias bem definidas a respeito da vida. Ele não confiava em ninguém e não esperava nada de ninguém. Roubava se achasse que conseguiria se safar, mentia descaradamente e exibia qualquer sinal de remorso quando era apanhado. Tommy se achava muito esperto e estava convencido de que todo mundo era idiota. Não havia meio de convencer Tommy de que seu ponto de vista estava distorcido. Ele fora muito cedo afastado da mãe e nunca conhecera o pai. O fato de ter passado por vários orfanatos tornara a sua vida muito instável e o deixara convicto de que nada é certo na vida e que ninguém é de confiança. "Não importa o que as pessoas digam, elas só pensam nelas mesmas", afirmava Tommy. "As pessoas não valem nada." Este era o seu lema. Era difícil ajudar Tommy. Ele não tinha interesse em ser ajudado, pois estava absolutamente certo de que a sua avaliação das pessoas era correta. Confiar nos outros significava ser "trouxa", e o fato de conseguir enganar as pessoas apenas provava que ele era mais esperto. O que Tommy não conseguia entender era que ele estava dominado por convicções inconscientes. Inconscientemente acreditava que não valia nada, o que o tornava extremamente agressivo e irresponsável. Como nunca tinham cuidado dele da maneira como precisava, chegara à conclusão inconsciente de que não merecia esses cuidados. Mas como essa convicção era inconsciente, ele a experimentava como um fato verdadeiro. Quem tem certeza de que é inútil não tem nada a perder. Tommy estava convicto de que nada poderia ajudá-lo e queria manter as pessoas à distância para evitar a dor de ser visto como o inútil que ele próprio se considerava. Infelizmente, as pessoas que têm idéias negativas inconscientes a respeito de si mesmas acham que essas idéias refletem "exatamente a maneira como elas são". Em casos como o de Tommy, os resultados podem ser devastadores. Ele passou a adolescência envolvido em comportamentos autodestrutivos que só reforçavam o conceito que tinha de si mesmo. As coisas só mudaram quando Tommy começou a compreender que não eram os outros que o desvalorizavam, fazendo-o agir destrutivamente. Era ele mesmo que inconscientemente se desvalorizava e por isso precisava lutar contra esse sentimento. Quando através da terapia ele se convenceu, passou a aceitar-se melhor, a não rejeitar os outros e a mudar seu comportamento. Pessoas como Tommy agem como se tivessem convicção absoluta de que estão certas. Jesus freqüentemente desafiava aqueles que tinham essa maneira rígida de pensar, exortando-os a serem mais flexíveis. Ele sabia que quando as pessoas têm um raciocínio muito inflexível, elas freqüentemente deixam de perceber verdades importantes a respeito dos outros e muitas vezes também a respeito de si mesmas. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Se você pensa rigidamente que está certo, reveja seu pensamento. A CURA ACONTECE DE DENTRO PARA FORA "Limpa primeiro o interior do copo e depois todo o copo ficará limpo.” Mateus 2:26 Marty sofre de ataques de pânico. Quando o ataque é violento, ela acha que está tendo um ataque do coração e que vai morrer. O coração dispara, ela não consegue respirar, começa a suar profusamente e seus joelhos ficam fracos. Marty tenta controlar os ataques de pânico, mas sem sucesso. A caminho do meu consultório, ela repete para si mesma que não vai deixar que isso aconteça de novo. Mas acaba inevitavelmente pegando um sinal vermelho, caindo em uma pista sem saída ou levando uma cortada de outro motorista. Qualquer uma dessas coisas faz Marty sentir ansiedade e aí começam seus problemas. Assim que fica ansiosa, ela tenta se livrar da ansiedade, o que só faz torná-la mais ansiosa. O temor de ter um ataque de pânico aumenta a ansiedade. Suas tentativas de controlar-se geralmente resultam em uma sobrecarga no sistema, ou num ataque de pânico. São as próprias tentativas de controlar os ataques que dão origem a eles. O problema de Marty era que ela estava tentando corrigir o seu problema "de fora para dentro". Em outras palavras, ela se concentrava no seu comportamento e não nas suas convicções. Ao tentar controlar o seu comportamento (a ansiedade), ela apenas confirmava as suas convicções (a ansiedade é perigosa). Marty começou a receber ajuda quando compreendeu que a cura se processa "de dentro para fora". Foi preciso primeiro entender que inconscientemente ela acreditava que toda ansiedade é perigosa e causa ataques de pânico. Quando esta noção tornou-se consciente, ela abriu-se para a possibilidade de que sua convicção não fosse necessariamente verdadeira. Na vez seguinte em que uma ocorrência a deixou ansiosa, Marty conscientemente pensou que era normal se sentir assim ante uma situação tensa e que não precisava controlar a ansiedade. Ela aprendeu que, se não piorarmos a ansiedade ao tentar controlá-la, ela pode passar naturalmente. No nível mais profundo, todos nós vivemos em função das convicções armazenadas no inconsciente. Elas guiam automaticamente o nosso comportamento sem que o percebamos. Quando essas convicções são negativas, nosso comportamento, com freqüência, é autodestrutivo. Tomar consciência dessas convicções inconscientes é a única maneira de modificar o comportamento externo de uma forma duradoura. Jesus sabia que o único modo de mudar o comportamento externo das pessoas era modificando o que elas acreditam interiormente. A não ser que sejamos capazes de ter acesso às nossas profundezas, estamos destinados a viver uma vida influenciada pelas marcas do passado. Mudanças no comportamento ou na aparência externa têm pouca probabilidade de durar se não descobrirmos os motivos enterrados na profundidade do nosso ser. Foi por esse motivo que Jesus nos disse para limpar primeiro o interior do copo. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança duradoura acontece de dentro para fora. O QUE NÃO SABEMOS PODE NOS FERIR "Todo reino dividido contra si mesmo será destruído e toda cidade ou família dividida contra si mesma não subsistirá.” Mateus 12:25 Darlene veio fazer terapia para trabalhar os seus relacionamentos com os homens. Ela desejava ardentemente encontrar um companheiro para poder se casar e ter filhos, mas apesar de estar no meio da casa dos trinta nunca tivera um envolvimento romântico com um homem. "Meu maior problema", confessou-me ela, "é que eu me acho feia.” Fiquei um pouco surpreso com a declaração de Darlene, pois eu a considerava uma moça atraente e sempre preocupada com a própria aparência. Ela passou a descrever o seu doloroso constrangimento na presença dos homens e os sentimentos embaraçosos com os quais tinha que lidar sempre que pensava em se envolver romanticamente. - Eu sei que não sou burra e que às vezes a minha conversa é interessante. Mas não consigo deixar de pensar que qualquer homem por quem eu pudesse me interessar me acharia fisicamente repulsiva. Tenho certeza de que deve haver algum cara que tenha vontade de fazer sexo comigo, mas acho que nenhum homem que eu considere realmente atraente também se sentiria atraído por mim. Darlene cresceu com um pai que dificultava a sua vida. Ela nunca sabia o que esperar quando voltava para casa depois da escola. O pai era geralmente rude e agressivo com Darlene e com a mãe dela quando bebia, o que freqüentemente fazia a adolescente ter vontade de se tornar invisível. Se pudesse, ela trocaria de vida com qualquer pessoa no planeta. Infelizmente, a mãe de Darlene pouco podia ajudá-la. Era uma mulher passiva e incapaz de controlar o marido ou de proteger a filha das explosões dele. Darlene vacilava entre esperar que um dia seu pai notasse que ela era uma boa pessoa e parasse de maltratá-la e desejar que ele morresse. Nenhuma dessas duas esperanças, no entanto, fazia Darlene sentir-se bem a respeito de si mesma. Este processo desenvolveu nela a convicção inconsciente de que o pai não a valorizava o suficiente para mudar de comportamento, e ela começou a sentir ódio dele. Este ódio do pai e o desejo que ele morresse davam-lhe a impressão de ser uma pessoa feia por dentro. Darlene estava envolvida num conflito entre suas convicções inconscientes a respeito de si mesma e sua vida consciente do dia a dia. Inconscientemente, ela acreditava que era uma pessoa feia que não valia grande coisa, embora conscientemente soubesse que a sua vida agora era diferente. Somente quando se deu conta de que se achava feia por causa do ódio que sentia pelo pai é que Darlene conseguiu ver-se tal como a mulher atraente que de fato era. Ela ainda se lembrava, com raiva, da maneira como ele a tratava quando criança, mas pôde começar a acreditar que não era necessariamente uma pessoa feia por sentir-se assim. Estamos continuamente transferindo as nossas convicções inconscientes baseadas nas experiências passadas para o mundo que nos cerca hoje, observando constantemente o presente através do filtro inconsciente do nosso passado. Geralmente não sabemos que estamos fazendo isso, porque o fazemos automaticamente. A única maneira pela qual podemos abrir espaço para experiências novas é tomando consciência de como estamos projetando essas antigas convicções no nosso mundo de hoje. O fato de não termos consciência de uma coisa não significa que ela não possa nos prejudicar. Nossa realidade atual nos diz uma coisa, mas as nossas convicções inconscientes nos dizem outra. Infelizmente, o inconsciente geralmente sai vencedor. Esta é freqüentemente a origem dos problemas psicológicos da nossa vida que podem ter conseqüências perniciosas. Jesus exortou-nos a ser mais conscientes. Esta consciência é a solução para resolver uma "família dividida". Quando acreditamos inconscientemente em uma coisa que está em conflito com o que pensamos conscientemente, travamos uma batalha com nós mesmos e ficamos "divididos". Jesus quer que tomemos consciência das convicções que nos dividem para sermos inteiros. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não podemos vencer uma luta contra nós mesmos. CURANDO O ÓDIO "Por que te preocupas com o cisco no olho do teu irmão quando tens uma trave no teu?” Mateus 7:3 Odiamos nos outros o que não conseguimos suportar em nós mesmos. Uma das perguntas que me fazem de tempos em tempos é a seguinte: "Como posso saber o que existe no meu inconsciente que pode estar me prejudicando?" Para responder a esta pergunta, digo às pessoas que pensem a respeito de tudo que elas não gostam nos outros. A seguir, peço-lhes para fazer uma lista das cinco coisas que mais detestam nas pessoas que as cercam. É provável que essas cinco coisas estejam enterradas em um lugar profundo que os analistas junguianos chamam de o "lado da sombra" do inconsciente. O ódio de Bill com relação à imoralidade na indústria do cinema é tão intenso que ninguém ousa entabular uma conversa com ele sobre o assunto. Para Bill, a pureza sexual tornou-se a prova da verdadeira espiritualidade na nossa época, e ao não reconhecer este fato Hollywood sujeitou-se ao mal. Bill chama os atores que trabalham em filmes sexualmente provocantes de "imorais" ou "transviados" e insiste em afirmar que eles não têm caráter porque se deixaram filmar perto de pessoas seminuas. Susan, sua filha de 13 anos, tem medo de pedir ao pai para ir ao cinema, temendo tornar-se também objeto da ira de Bill. Como a maioria das crianças da sua idade, Susan admira muitos atores e, ao contrário do pai, não considera os filmes deles tão censuráveis. Bill acha que as pessoas que produzem filmes com cenas de sexo estão apenas tentando controlar os outros por meio dos seus sentimentos sexuais e que qualquer pessoa que pague para assistir a esses filmes está sucumbindo a desejos nocivos. Susan quer sentir-se tão normal quanto os amigos, não apenas a respeito de sua sexualidade como também da sua vontade de ir ao cinema. Mas a reação do pai não só ao sexo nos filmes como também às pessoas que trabalham na indústria do cinema parece afastá-la mais dele. Susan não ousa falar sobre seus sentimentos, justamente no momento da vida em que mais precisaria abrir-se com o pai. Ela gostaria de conversar com o pai a respeito de assuntos sexuais, mas não tem coragem. Bill não consegue perceber que o seu ódio aos atores que ele acredita estarem tentando controlar os outros por meio do sexo é na verdade uma maneira de ele próprio exercer o controle. Bill luta em segredo com fantasias sexuais e sente raiva de si mesmo por freqüentemente ceder a elas. No decorrer dos anos, ele chegou à conclusão de que a única maneira de controlar a sua atração pela pornografia é odiando os sentimentos de luxúria que ela estimula nele. Ele se sente de tal modo controlado interiormente por esses sentimentos que tenta desesperadamente controlar todas as pessoas externas. Além de não funcionar, essa forma de controlar as fantasias sexuais está criando um distanciamento entre ele e a filha. Bill precisa parar de concentrar-se tanto na sua censura ao sexo na indústria do cinema e começar a examinar mais o que se passa com ele. Jesus parecia compreender que quando nos descobrimos odiando alguma coisa nos outros devemos parar e verificar se temos algo parecido em nós. Condenar os outros por um defeito contra o qual lutamos em nós mesmos é como preocupar-nos com o "cisco" nos olhos de uma pessoa, a respeito do qual nada podemos fazer, enquanto temos uma "trave" no olho que requer uma atenção imediata. Às vezes, a cura do nosso ódio pelas outras pessoas começa com um exame sincero do que guardamos no inconsciente. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O ódio aos outros freqüentemente é sintoma de uma ferida interna em nós mesmos. A HISTÓRIA SE REPETE, A NÃO SER... "Como poderá alguém entrar na casa de um homem forte e roubar os seus haveres se antes não o tiver amarrado?” Mateus 12:29 Quando fui fazer terapia pela primeira vez, eu sabia que meu principal problema era o meu relacionamento com o meu pai. Eu estava constantemente em conflito com ele e ressentia-me da maneira como havia sido tratado na infância e na adolescência. Eu raramente tinha contato com meu pai depois de adulto e encurtara as minhas visitas à casa dele durante as festas para evitar que acabássemos tendo uma das nossas típicas brigas sem sentido. Lembro-me de uma sessão na qual eu estava explicando ao meu terapeuta como a minha infância tinha sido horrível. "Era uma síndrome de 'chutar o cachorro" - expliquei. "Ele tinha um dia difícil no trabalho, voltava para casa e descarregava a raiva em cima de nós. Como eu era a pessoa que mais falava na família, bastavam algum minutos para que ele começasse a gritar comigo por alguma coisa.” Para enfatizar o que eu estava querendo dizer, descrevi a ocasião em que eu tinha 18 anos e havia secretamente cronometrado o discurso do meu pai a respeito do comprimento do meu cabelo. "Eu sabia que a coisa ia ser difícil naquele dia, de modo que fiquei olhando para o meu relógio. Duas horas e meia depois ele ainda estava gritando comigo, sem que eu tivesse dito uma palavra. Você consegue acreditar? Duas horas gritando sem nenhuma provocação da minha parte? Nunca me esquecerei do que o meu terapeuta disse. "Talvez ele tenha amado muito você." "O quê?", perguntei boquiaberto. "Claro", prosseguiu ele. "Que outro motivo seu pai teria para gastar toda aquela energia tentando corrigir você? “Não acho que ele estava brigando com você; ele estava lutando por você da melhor maneira que sabia.” Eu nunca tinha pensado naquilo daquele jeito. Lembro-me de ter sentido que o meu terapeuta tinha entrado em um dos armários mais escuros da minha casa psicológica e derrubado no chão um monstro com o qual eu não conseguia lidar. Até aquele momento eu só tinha olhado para a raiva do meu pai de uma determinada maneira, achando que ele me desvalorizava. Mas talvez ele estivesse zangado comigo porque queria que minha vida fosse melhor. Do seu jeito desajeitado, talvez meu pai estivesse tentando fazer com que eu olhasse para coisas que ele considerava importantes. A história com o meu pai se repetia todas as vezes que estávamos juntos, porque eu interpretava a raiva dele exatamente da mesma maneira. O meu terapeuta fez com que uma janela de oportunidade se abrisse e me ajudasse a romper o ciclo. Depois desse dia continuei a sentir-me tentado a ter as mesmas antigas discussões com o meu pai, mas de um jeito um pouco diferente. Como eu me tornara mais consciente da maneira inconsciente pela qual interpretava a raiva dele como uma rejeição, comecei a perceber que eu poderia ser capaz de vê-la como uma outra coisa. O nosso relacionamento não foi magicamente restaurado a partir dali, mas melhorou bastante. Jesus sabia que nós não temos que ser condenados a repetir a mesma história, mas esta se repetirá enquanto não recebermos ajuda dos outros. Precisamos do ponto de vista dos outros a fim de verdadeiramente compreender a nós mesmos. Podemos então optar por viver uma vida nova e diferente, porque estamos mais conscientes das influências inconscientes que estão determinando nossos comportamentos e nossa vida. A missão espiritual que guiou a vida de Jesus resultou em benefícios psicológicos para todos os que tiveram contato com ele. Hoje em dia chamamos isso de psicoterapia. Na vida de Jesus, era simplesmente sua maneira de ser. As pessoas tomam consciência de seus mecanismos inconscientes com a ajuda de outra pessoa. Às vezes, o "homem forte" que precisamos que outra pessoa nos ajude a amarrar é a nossa parte inconsciente. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança nos pontos de vista tem o poder de mudar a história.

Conhecendo o seu inconsciente
"A vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e terá em abundância; mas de quem não tem, até mesmo o que tem será tirado. Eis por que lhes falo em parábolas: para que, olhando, não vejam e, ouvindo, não escutem nem compreendam. E neles se cumpra a profecia de Isaías, que diz: 'Ouvireis com os ouvidos e não entendereis, olhareis com os olhos e não vereis.” Mateus 13:11-14 Podemos olhar diretamente para as pessoas sem vê-las, ou ouvir as pessoas falarem, mas não escutá-las. Jesus sabia que forças fora da nossa percepção consciente atuam na nossa mente, freqüentemente impedindo que lidemos com as coisas que estão bem na nossa frente. Ele conhecia este aspecto da mente humana que hoje chamamos de inconsciente. O inconsciente é uma maneira de descrever o modo como a mente filtra o pensamento. É o jeito que a nossa mente tem de evitar que pensemos a respeito de tudo de uma vez só. Como não podemos lidar com tudo de uma única vez, não podemos estar plenamente conscientes de tudo o que se passa na nossa mente em um determinado momento. O problema não é o fato de a nossa mente operar inconscientemente e sim de não termos consciência disso. Trabalhamos os nossos assuntos inacabados no inconsciente. Questões problemáticas ou não resolvidas do passado ficam armazenadas no inconsciente e são freqüentemente revisitadas. Sem perceber, ficamos repetindo o passado na tentativa de corrigilo. Por isso é importante conhecer o inconsciente. Sem essa percepção, "estaremos sempre ouvindo, mas nunca entendendo", porque algumas coisas muito importantes que precisamos compreender estão ocultas no nosso inconsciente.1 SOMOS CRIATURAS DE HÁBITOS "...vós vos apegais às tradições dos homens." Marcos 7:8 Miguel concordou em procurar o aconselhamento conjugai com Adrienne após anos de insistência da parte dela. Adrienne queixava-se de que Miguel era muito exigente e crítico. Ele só se dispôs a vir às sessões para agradá-la. Ambos encaravam o próprio casamento como "tradicional", porque apenas Miguel trabalhava fora e Adrienne havia optado por ficar em casa com as crianças. Adrienne estava contente com essa situação, mas se ressentia com a atitude controladora de Miguel. Parecia que ele queria impor a ela e às crianças a forma de viver com que fora criado, e Adrienne estava achando o jeito do marido autoritário e humilhante. —Meus pais estão juntos a cinqüenta anos, o que é mais tempo do que eu vejo na maioria dos casais — proclamou Miguel. — O que há de errado em tentar seguir o exemplo deles? —Você está se esquecendo dos problemas que havia quando você morava com eles, Miguel - retrucou Adrienne. —Tudo não era tão perfeito na sua família. Depois de algumas sessões, Miguel admitiu que, embora respeitasse o pai, reconhecia que fora importante rebelar-se contra o poder que ele exercia na família. "De fato, ele era duro comigo. Mas aquela era a única maneira de me fazer aprender", insistiu ele. O pai de Miguel era partidário do castigo corporal e freqüentemente batia no filho com um cinto. A triste conseqüência que essa atitude teve em Miguel foi fazer com que ele tirasse uma conclusão inconsciente a respeito da autoridade de um pai: para que um homem seja respeitado em casa, ele precisa ser temido pelas pessoas que vivem com ele. Miguel estava seguindo o exemplo autoritário do pai, sem se dar conta de que odiara viver daquela maneira. Sem perceber, Miguel tinha medo de perder o respeito da mulher e dos filhos caso não adotasse uma postura dominadora com relação a eles. Inconscientemente, o respeito e o medo confundiram-se, o que o levou a acreditar que precisava dominar os membros da família para não ser um fracasso como marido e pai. Miguel está começando a aceitar que as tradições que estava tentando seguir tinham origem em fatos do passado que o fizeram sofrer. Ele consegue ver agora que a imposição de seu ponto de vista sobre a maneira como a família tinha que ser administrada não dava espaço para o modo como Adrienne pensava e lidava com os filhos. Percebeu o preço que todos eles estavam pagando por isso. Miguel já não vive mais seu papel de pai e marido baseado no medo, e Adrienne finalmente está começando a sentir que a sua opinião é respeitada. Miguel precisava compreender que seguir inconscientemente as tradições pode ser perigoso, e a percepção de que estava preso a crenças geradas pelas experiências de infância o está ajudando a libertar-se. Somos criaturas de hábitos. Encontramos segurança nas nossas rotinas e identidade nas nossas tradições. Alguns hábitos são bons e Jesus recomendou que seguíssemos certas tradições para nos relacionarmos melhor uns com os outros e com Deus. Ele sabia que precisamos de gestos concretos para expressar o amor nos nossos relacionamentos. O problema surge quando ficamos presos inconscientemente aos hábitos, porque esta atitude nos faz repetir atividades do passado sem que nos apercebamos disso. Jesus não queria que as pessoas seguissem hábitos e tradições sem estar conscientes das razões pelas quais faziam assim. Seguir tradições pode ser benéfico, mas aderir inconscientemente a elas pode trazer prejuízos. Jesus nos disse que tomássemos cuidado ao nos prendermos às tradições, não por elas serem más, mas porque com freqüência as repetimos inconscientemente. A questão não é se temos ou não tradições familiares e sim por que as temos. Se as nossas tradições são fator de crescimento para a nossa família, elas são boas, mas, se acontece o contrário, precisamos prestar atenção à advertência de Jesus. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os hábitos fundamentados no medo corrompem as tradições baseadas no respeito. NÃO TENHA TANTA CERTEZA DE SI MESMO "Mas a vossa culpa permanece porque afirmais saber o que estais fazendo.” João 9:41 Pensamentos inconscientes são experimentados como fatos. Como não sabemos que algo é inconsciente, temos certeza de que é verdadeiro. Quando vivemos baseados em pensamentos e sentimentos inconscientes, achamos que sabemos o que estamos fazendo, mas a verdade é que desconhecemos as razões que nos levam a agir de determinada forma. Jesus nunca pediu às pessoas que estivessem absolutamente certas com relação a si mesmas; ele pedia que elas refletissem a respeito de si mesmas. Conheci Tommy em um orfanato de meninos. Embora só tivesse 17 anos, tinha algumas idéias bem definidas a respeito da vida. Ele não confiava em ninguém e não esperava nada de ninguém. Roubava se achasse que conseguiria se safar, mentia descaradamente e exibia qualquer sinal de remorso quando era apanhado. Tommy se achava muito esperto e estava convencido de que todo mundo era idiota. Não havia meio de convencer Tommy de que seu ponto de vista estava distorcido. Ele fora muito cedo afastado da mãe e nunca conhecera o pai. O fato de ter passado por vários orfanatos tornara a sua vida muito instável e o deixara convicto de que nada é certo na vida e que ninguém é de confiança. "Não importa o que as pessoas digam, elas só pensam nelas mesmas", afirmava Tommy. "As pessoas não valem nada." Este era o seu lema. Era difícil ajudar Tommy. Ele não tinha interesse em ser ajudado, pois estava absolutamente certo de que a sua avaliação das pessoas era correta. Confiar nos outros significava ser "trouxa", e o fato de conseguir enganar as pessoas apenas provava que ele era mais esperto. O que Tommy não conseguia entender era que ele estava dominado por convicções inconscientes. Inconscientemente acreditava que não valia nada, o que o tornava extremamente agressivo e irresponsável. Como nunca tinham cuidado dele da maneira como precisava, chegara à conclusão inconsciente de que não merecia esses cuidados. Mas como essa convicção era inconsciente, ele a experimentava como um fato verdadeiro. Quem tem certeza de que é inútil não tem nada a perder. Tommy estava convicto de que nada poderia ajudá-lo e queria manter as pessoas à distância para evitar a dor de ser visto como o inútil que ele próprio se considerava. Infelizmente, as pessoas que têm idéias negativas inconscientes a respeito de si mesmas acham que essas idéias refletem "exatamente a maneira como elas são". Em casos como o de Tommy, os resultados podem ser devastadores. Ele passou a adolescência envolvido em comportamentos autodestrutivos que só reforçavam o conceito que tinha de si mesmo. As coisas só mudaram quando Tommy começou a compreender que não eram os outros que o desvalorizavam, fazendo-o agir destrutivamente. Era ele mesmo que inconscientemente se desvalorizava e por isso precisava lutar contra esse sentimento. Quando através da terapia ele se convenceu, passou a aceitar-se melhor, a não rejeitar os outros e a mudar seu comportamento. Pessoas como Tommy agem como se tivessem convicção absoluta de que estão certas. Jesus freqüentemente desafiava aqueles que tinham essa maneira rígida de pensar, exortando-os a serem mais flexíveis. Ele sabia que quando as pessoas têm um raciocínio muito inflexível, elas freqüentemente deixam de perceber verdades importantes a respeito dos outros e muitas vezes também a respeito de si mesmas. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Se você pensa rigidamente que está certo, reveja seu pensamento. A CURA ACONTECE DE DENTRO PARA FORA "Limpa primeiro o interior do copo e depois todo o copo ficará limpo.” Mateus 2:26 Marty sofre de ataques de pânico. Quando o ataque é violento, ela acha que está tendo um ataque do coração e que vai morrer. O coração dispara, ela não consegue respirar, começa a suar profusamente e seus joelhos ficam fracos. Marty tenta controlar os ataques de pânico, mas sem sucesso. A caminho do meu consultório, ela repete para si mesma que não vai deixar que isso aconteça de novo. Mas acaba inevitavelmente pegando um sinal vermelho, caindo em uma pista sem saída ou levando uma cortada de outro motorista. Qualquer uma dessas coisas faz Marty sentir ansiedade e aí começam seus problemas. Assim que fica ansiosa, ela tenta se livrar da ansiedade, o que só faz torná-la mais ansiosa. O temor de ter um ataque de pânico aumenta a ansiedade. Suas tentativas de controlar-se geralmente resultam em uma sobrecarga no sistema, ou num ataque de pânico. São as próprias tentativas de controlar os ataques que dão origem a eles. O problema de Marty era que ela estava tentando corrigir o seu problema "de fora para dentro". Em outras palavras, ela se concentrava no seu comportamento e não nas suas convicções. Ao tentar controlar o seu comportamento (a ansiedade), ela apenas confirmava as suas convicções (a ansiedade é perigosa). Marty começou a receber ajuda quando compreendeu que a cura se processa "de dentro para fora". Foi preciso primeiro entender que inconscientemente ela acreditava que toda ansiedade é perigosa e causa ataques de pânico. Quando esta noção tornou-se consciente, ela abriu-se para a possibilidade de que sua convicção não fosse necessariamente verdadeira. Na vez seguinte em que uma ocorrência a deixou ansiosa, Marty conscientemente pensou que era normal se sentir assim ante uma situação tensa e que não precisava controlar a ansiedade. Ela aprendeu que, se não piorarmos a ansiedade ao tentar controlá-la, ela pode passar naturalmente. No nível mais profundo, todos nós vivemos em função das convicções armazenadas no inconsciente. Elas guiam automaticamente o nosso comportamento sem que o percebamos. Quando essas convicções são negativas, nosso comportamento, com freqüência, é autodestrutivo. Tomar consciência dessas convicções inconscientes é a única maneira de modificar o comportamento externo de uma forma duradoura. Jesus sabia que o único modo de mudar o comportamento externo das pessoas era modificando o que elas acreditam interiormente. A não ser que sejamos capazes de ter acesso às nossas profundezas, estamos destinados a viver uma vida influenciada pelas marcas do passado. Mudanças no comportamento ou na aparência externa têm pouca probabilidade de durar se não descobrirmos os motivos enterrados na profundidade do nosso ser. Foi por esse motivo que Jesus nos disse para limpar primeiro o interior do copo. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança duradoura acontece de dentro para fora. O QUE NÃO SABEMOS PODE NOS FERIR "Todo reino dividido contra si mesmo será destruído e toda cidade ou família dividida contra si mesma não subsistirá.” Mateus 12:25 Darlene veio fazer terapia para trabalhar os seus relacionamentos com os homens. Ela desejava ardentemente encontrar um companheiro para poder se casar e ter filhos, mas apesar de estar no meio da casa dos trinta nunca tivera um envolvimento romântico com um homem. "Meu maior problema", confessou-me ela, "é que eu me acho feia.” Fiquei um pouco surpreso com a declaração de Darlene, pois eu a considerava uma moça atraente e sempre preocupada com a própria aparência. Ela passou a descrever o seu doloroso constrangimento na presença dos homens e os sentimentos embaraçosos com os quais tinha que lidar sempre que pensava em se envolver romanticamente. - Eu sei que não sou burra e que às vezes a minha conversa é interessante. Mas não consigo deixar de pensar que qualquer homem por quem eu pudesse me interessar me acharia fisicamente repulsiva. Tenho certeza de que deve haver algum cara que tenha vontade de fazer sexo comigo, mas acho que nenhum homem que eu considere realmente atraente também se sentiria atraído por mim. Darlene cresceu com um pai que dificultava a sua vida. Ela nunca sabia o que esperar quando voltava para casa depois da escola. O pai era geralmente rude e agressivo com Darlene e com a mãe dela quando bebia, o que freqüentemente fazia a adolescente ter vontade de se tornar invisível. Se pudesse, ela trocaria de vida com qualquer pessoa no planeta. Infelizmente, a mãe de Darlene pouco podia ajudá-la. Era uma mulher passiva e incapaz de controlar o marido ou de proteger a filha das explosões dele. Darlene vacilava entre esperar que um dia seu pai notasse que ela era uma boa pessoa e parasse de maltratá-la e desejar que ele morresse. Nenhuma dessas duas esperanças, no entanto, fazia Darlene sentir-se bem a respeito de si mesma. Este processo desenvolveu nela a convicção inconsciente de que o pai não a valorizava o suficiente para mudar de comportamento, e ela começou a sentir ódio dele. Este ódio do pai e o desejo que ele morresse davam-lhe a impressão de ser uma pessoa feia por dentro. Darlene estava envolvida num conflito entre suas convicções inconscientes a respeito de si mesma e sua vida consciente do dia a dia. Inconscientemente, ela acreditava que era uma pessoa feia que não valia grande coisa, embora conscientemente soubesse que a sua vida agora era diferente. Somente quando se deu conta de que se achava feia por causa do ódio que sentia pelo pai é que Darlene conseguiu ver-se tal como a mulher atraente que de fato era. Ela ainda se lembrava, com raiva, da maneira como ele a tratava quando criança, mas pôde começar a acreditar que não era necessariamente uma pessoa feia por sentir-se assim. Estamos continuamente transferindo as nossas convicções inconscientes baseadas nas experiências passadas para o mundo que nos cerca hoje, observando constantemente o presente através do filtro inconsciente do nosso passado. Geralmente não sabemos que estamos fazendo isso, porque o fazemos automaticamente. A única maneira pela qual podemos abrir espaço para experiências novas é tomando consciência de como estamos projetando essas antigas convicções no nosso mundo de hoje. O fato de não termos consciência de uma coisa não significa que ela não possa nos prejudicar. Nossa realidade atual nos diz uma coisa, mas as nossas convicções inconscientes nos dizem outra. Infelizmente, o inconsciente geralmente sai vencedor. Esta é freqüentemente a origem dos problemas psicológicos da nossa vida que podem ter conseqüências perniciosas. Jesus exortou-nos a ser mais conscientes. Esta consciência é a solução para resolver uma "família dividida". Quando acreditamos inconscientemente em uma coisa que está em conflito com o que pensamos conscientemente, travamos uma batalha com nós mesmos e ficamos "divididos". Jesus quer que tomemos consciência das convicções que nos dividem para sermos inteiros. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não podemos vencer uma luta contra nós mesmos. CURANDO O ÓDIO "Por que te preocupas com o cisco no olho do teu irmão quando tens uma trave no teu?” Mateus 7:3 Odiamos nos outros o que não conseguimos suportar em nós mesmos. Uma das perguntas que me fazem de tempos em tempos é a seguinte: "Como posso saber o que existe no meu inconsciente que pode estar me prejudicando?" Para responder a esta pergunta, digo às pessoas que pensem a respeito de tudo que elas não gostam nos outros. A seguir, peço-lhes para fazer uma lista das cinco coisas que mais detestam nas pessoas que as cercam. É provável que essas cinco coisas estejam enterradas em um lugar profundo que os analistas junguianos chamam de o "lado da sombra" do inconsciente. O ódio de Bill com relação à imoralidade na indústria do cinema é tão intenso que ninguém ousa entabular uma conversa com ele sobre o assunto. Para Bill, a pureza sexual tornou-se a prova da verdadeira espiritualidade na nossa época, e ao não reconhecer este fato Hollywood sujeitou-se ao mal. Bill chama os atores que trabalham em filmes sexualmente provocantes de "imorais" ou "transviados" e insiste em afirmar que eles não têm caráter porque se deixaram filmar perto de pessoas seminuas. Susan, sua filha de 13 anos, tem medo de pedir ao pai para ir ao cinema, temendo tornar-se também objeto da ira de Bill. Como a maioria das crianças da sua idade, Susan admira muitos atores e, ao contrário do pai, não considera os filmes deles tão censuráveis. Bill acha que as pessoas que produzem filmes com cenas de sexo estão apenas tentando controlar os outros por meio dos seus sentimentos sexuais e que qualquer pessoa que pague para assistir a esses filmes está sucumbindo a desejos nocivos. Susan quer sentir-se tão normal quanto os amigos, não apenas a respeito de sua sexualidade como também da sua vontade de ir ao cinema. Mas a reação do pai não só ao sexo nos filmes como também às pessoas que trabalham na indústria do cinema parece afastá-la mais dele. Susan não ousa falar sobre seus sentimentos, justamente no momento da vida em que mais precisaria abrir-se com o pai. Ela gostaria de conversar com o pai a respeito de assuntos sexuais, mas não tem coragem. Bill não consegue perceber que o seu ódio aos atores que ele acredita estarem tentando controlar os outros por meio do sexo é na verdade uma maneira de ele próprio exercer o controle. Bill luta em segredo com fantasias sexuais e sente raiva de si mesmo por freqüentemente ceder a elas. No decorrer dos anos, ele chegou à conclusão de que a única maneira de controlar a sua atração pela pornografia é odiando os sentimentos de luxúria que ela estimula nele. Ele se sente de tal modo controlado interiormente por esses sentimentos que tenta desesperadamente controlar todas as pessoas externas. Além de não funcionar, essa forma de controlar as fantasias sexuais está criando um distanciamento entre ele e a filha. Bill precisa parar de concentrar-se tanto na sua censura ao sexo na indústria do cinema e começar a examinar mais o que se passa com ele. Jesus parecia compreender que quando nos descobrimos odiando alguma coisa nos outros devemos parar e verificar se temos algo parecido em nós. Condenar os outros por um defeito contra o qual lutamos em nós mesmos é como preocupar-nos com o "cisco" nos olhos de uma pessoa, a respeito do qual nada podemos fazer, enquanto temos uma "trave" no olho que requer uma atenção imediata. Às vezes, a cura do nosso ódio pelas outras pessoas começa com um exame sincero do que guardamos no inconsciente. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O ódio aos outros freqüentemente é sintoma de uma ferida interna em nós mesmos. A HISTÓRIA SE REPETE, A NÃO SER... "Como poderá alguém entrar na casa de um homem forte e roubar os seus haveres se antes não o tiver amarrado?” Mateus 12:29 Quando fui fazer terapia pela primeira vez, eu sabia que meu principal problema era o meu relacionamento com o meu pai. Eu estava constantemente em conflito com ele e ressentia-me da maneira como havia sido tratado na infância e na adolescência. Eu raramente tinha contato com meu pai depois de adulto e encurtara as minhas visitas à casa dele durante as festas para evitar que acabássemos tendo uma das nossas típicas brigas sem sentido. Lembro-me de uma sessão na qual eu estava explicando ao meu terapeuta como a minha infância tinha sido horrível. "Era uma síndrome de 'chutar o cachorro" - expliquei. "Ele tinha um dia difícil no trabalho, voltava para casa e descarregava a raiva em cima de nós. Como eu era a pessoa que mais falava na família, bastavam algum minutos para que ele começasse a gritar comigo por alguma coisa.” Para enfatizar o que eu estava querendo dizer, descrevi a ocasião em que eu tinha 18 anos e havia secretamente cronometrado o discurso do meu pai a respeito do comprimento do meu cabelo. "Eu sabia que a coisa ia ser difícil naquele dia, de modo que fiquei olhando para o meu relógio. Duas horas e meia depois ele ainda estava gritando comigo, sem que eu tivesse dito uma palavra. Você consegue acreditar? Duas horas gritando sem nenhuma provocação da minha parte? Nunca me esquecerei do que o meu terapeuta disse. "Talvez ele tenha amado muito você." "O quê?", perguntei boquiaberto. "Claro", prosseguiu ele. "Que outro motivo seu pai teria para gastar toda aquela energia tentando corrigir você? “Não acho que ele estava brigando com você; ele estava lutando por você da melhor maneira que sabia.” Eu nunca tinha pensado naquilo daquele jeito. Lembro-me de ter sentido que o meu terapeuta tinha entrado em um dos armários mais escuros da minha casa psicológica e derrubado no chão um monstro com o qual eu não conseguia lidar. Até aquele momento eu só tinha olhado para a raiva do meu pai de uma determinada maneira, achando que ele me desvalorizava. Mas talvez ele estivesse zangado comigo porque queria que minha vida fosse melhor. Do seu jeito desajeitado, talvez meu pai estivesse tentando fazer com que eu olhasse para coisas que ele considerava importantes. A história com o meu pai se repetia todas as vezes que estávamos juntos, porque eu interpretava a raiva dele exatamente da mesma maneira. O meu terapeuta fez com que uma janela de oportunidade se abrisse e me ajudasse a romper o ciclo. Depois desse dia continuei a sentir-me tentado a ter as mesmas antigas discussões com o meu pai, mas de um jeito um pouco diferente. Como eu me tornara mais consciente da maneira inconsciente pela qual interpretava a raiva dele como uma rejeição, comecei a perceber que eu poderia ser capaz de vê-la como uma outra coisa. O nosso relacionamento não foi magicamente restaurado a partir dali, mas melhorou bastante. Jesus sabia que nós não temos que ser condenados a repetir a mesma história, mas esta se repetirá enquanto não recebermos ajuda dos outros. Precisamos do ponto de vista dos outros a fim de verdadeiramente compreender a nós mesmos. Podemos então optar por viver uma vida nova e diferente, porque estamos mais conscientes das influências inconscientes que estão determinando nossos comportamentos e nossa vida. A missão espiritual que guiou a vida de Jesus resultou em benefícios psicológicos para todos os que tiveram contato com ele. Hoje em dia chamamos isso de psicoterapia. Na vida de Jesus, era simplesmente sua maneira de ser. As pessoas tomam consciência de seus mecanismos inconscientes com a ajuda de outra pessoa. Às vezes, o "homem forte" que precisamos que outra pessoa nos ajude a amarrar é a nossa parte inconsciente. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança nos pontos de vista tem o poder de mudar a história.
por Mark W. Baker
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