JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 4
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Entendendo o pecado e a psicopatologia

 "Um certo homem tinha dois filhos e o mais moço deles disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence.' ... E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali dissipou os seus bens, vivendo dissolutamente... Caindo em si, disse: 'Vou partir em busca do meu pai e lhe direi: - Pai, pequei contra o céu e contra ti' Mas quando ainda estava longe o pai o viu e, comovido, lhe correu ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou... O pai disse aos seus criados: 'Rápido!... Alegremo-nos e celebremos, porque este meu filho estava morto e reviveu, tinha-se perdido e foi encontrado.'“ Lucas 15:11-24 Na parábola do filho pródigo, Jesus nos diz que a principal causa do pecado é o egoísmo. A parábola, trata da solução do pecado no mundo. Jesus estava estabelecendo que o pecado é o egocentrismo que resulta em um relacionamento rompido, e a salvação é o momento em que esse relacionamento é renovado. O filho pródigo partiu deixando o pai e acabou sozinho e perdido. Quando o acolhe na volta, o pai não menciona a vida desregrada que depauperou a herança do filho, nem mesmo considera que o comportamento dele mereça punição. Ele se alegra porque o relacionamento foi restabelecido.1 O egocentrismo situa-se no âmago dos problemas espirituais e psicológicos, porque tanto o pecado quanto a psicopatologia resultam da auto preservação a qualquer custo. Este capítulo mostra como o pecado e a psicopatologia são causados por relacionamentos rompidos, e como a salvação e a saúde psicológica acontecem quando os relacionamentos são reconstruídos.2 A PATOLOGIA DO EGOÍSMO "Quem agarrar-se à própria vida a perderá." Mateus 10:39 (Living Bible) Dora deixou de acreditar nas pessoas há muito tempo. Seus pais a desapontaram, seus amigos a decepcionaram e ela achou que Deus tampouco a ajudou. Dora passou a acreditar que quando queremos que uma coisa seja feita temos que fazê-la sozinhos. Dora encara as outras pessoas como adversários. É como se ela estivesse competindo com todo mundo por causa de tudo, sempre querendo ter certeza de que não será enganada. O problema é que, mesmo quando consegue evitar que os outros a enganem, ela ainda se sente lograda. Quando não temos com quem compartilhar as coisas, a satisfação de conseguir o que queremos não dura muito tempo. Dora construiu um muro de defesas para garantir que ninguém conseguirá se aproveitar dela. O que não percebe é que, além de impedir que os outros entrem, esse muro a mantém presa do lado de dentro. A verdade é que Dora se ressente de estar sozinha. Ao tentar evitar ser vítima dos outros, ela criou o próprio inferno. Procura se proteger desconfiando dos outros, quer curar suas feridas permanecendo isolada. Dora tem poucos amigos porque sua atitude é muito defensiva diante das pessoas, e sua vida não parece ter significado porque ela não acredita em nada maior do que ela mesma. Dora age como se estivesse absolutamente certa do que quer, e é em geral inútil discutir com ela a respeito disso. Mas sua fachada confiante e segura serve apenas para ocultar seu sofrimento. Dora está tão ocupada em se defender que não sobra energia para construir coisas melhores para a sua vida. O que ela não percebe é que manter os outros à distância lhe dá uma falsa segurança, mas a impede de obter o que precisa para se sentir completa. Tanto do ponto de vista psicológico quanto do espiritual, Dora extraviou-se e, sem a ajuda de outras pessoas, será incapaz de encontrar o que realmente precisa. O ponto inicial tanto da salvação quanto da saúde psicológica é reconhecer que precisamos dos outros. Do ponto de vista espiritual, necessitamos de um relacionamento com Deus para sermos completos. De um ângulo psicológico, nossa saúde mental depende da nossa capacidade de nos relacionarmos bem com os outros. Se encararmos as outras pessoas como adversários dos quais precisamos nos proteger, nos tornamos defensivos e corremos o risco de prejudicar exatamente aquilo que estamos tão arduamente tentando proteger. Jesus ensinou que os seres humanos são seres essencialmente de relação. Ele freqüentemente mencionava a importância da nossa relação com Deus e com os outros. Para Jesus, a saúde espiritual acontece quando os relacionamentos estão intactos, e o pecado, quando eles estão rompidos. Quando temos medo de que as nossas necessidades não serão satisfeitas, nos envolvemos em atos impulsivos de autopreservação ou em mecanismos de defesa para nos proteger. Esses mecanismos infelizmente tornam-se psicopatologia que nos separa não apenas das outras pessoas como também do nosso verdadeiro eu. Jesus declarou que os seres humanos não podem existir como ilhas; os psicólogos afirmam que não podemos ser completos sem nos relacionarmos com os outros. Tanto o pecado quanto a psicopatologia resultam de atos desesperados de autopreservação que colocam o egoísmo no cerne dos nossos problemas espirituais e psicológicos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O egoísmo é pecado e psicopatologia. A SAÚDE E A SALVAÇÃO SÃO MOVIMENTOS EM DIREÇÃO AOS OUTROS "Assim como ouves o vento mas não sabes de onde ele vem, o mesmo acontece com o Espírito.” João 3:8 (Living Bible) Assisti certa vez a uma palestra apresentada por um antropólogo que mostrou por que determinadas culturas no mundo não conseguiam entender as descrições do cristianismo feitas pelos missionários americanos. Explicou que nos Estados Unidos pensamos em função de conjuntos fechados e limitados. Representou o que queria dizer através de uma série de círculos no quadro, para demonstrar como achamos que as pessoas pertencem a certos grupos e não a outros. Os cristãos estão dentro de um círculo e os não-cristãos do lado de fora. Achamos que se entrarmos no círculo do cristianismo estaremos salvos. Se não entrarmos, seremos condenados. Sempre acreditei que a terapia fosse um processo de movimento espiritual. A presença de Deus não é mencionada na terapia, mas isso não impede que Deus crie movimento em nossa vida. Eu creio nisso. Quando meus pacientes percebem uma ausência desse movimento na terapia, ou seja, quando não sentem que as coisas estão progredindo, eles se consideram "empacados". Depois, quando as coisas começam a fazer sentido e eles acham que a terapia está funcionando, fazem observações como: "Agora estamos indo para algum lugar." Embora, na sua maioria, os pacientes não tenham uma idéia clara de para onde querem ir, eles desejam chegar a algum lugar o mais rápido possível. Derek era um homem muito motivado quando iniciou a terapia. Estava genuinamente interessado em melhorar. Percebi logo que ele imaginava os seres humanos separados em círculos. Havia o círculo dos mentalmente saudáveis e o dos emocionalmente doentes, onde ele se via. Queria que eu lhe dissesse o que estava fazendo de errado para corrigir seu comportamento e poder entrar no círculo dos saudáveis. Estava menos interessado em se conhecer e tomar consciência de seus mecanismos inconscientes do que em receber conselhos sobre como proceder. Como todos nós, Derek é um produto da sua cultura. Ao começar a terapia, perguntou: "Quanto tempo você acha que isso vai levar?" Quando as pessoas me perguntam isso, sinto que vou ter dificuldades. Normalmente respondo com a metáfora da academia. Quando paramos de nos exercitar? Todo mundo parece entender a necessidade de fazer atividades para manter a forma. O exercício emocional é na verdade a mesma coisa. A meta não é terminar, mas fortalecer-se com um treinador que é o psicoterapeuta. A necessidade de nos exercitarmos física ou emocionalmente nunca acaba, mas em algum ponto quase todos nós deixamos de precisar que o treinador permaneça ao nosso lado o tempo todo. Derek parou de se sentir empacado na terapia e na sua vida quando deixou de encarar a saúde mental como algo a ser conquistado para integrar o círculo dos saudáveis. Ele começou a se sentir melhor quando passou a ver a saúde mental como um modo de se aproximar dos outros. Está mais interessado na maneira como se relaciona com aqueles que já fazem parte da sua vida. Agora Derek raramente me pergunta o que acho que ele deve fazer, porque não acredita mais que haja uma resposta certa para essa pergunta. Jesus ensinava que o pecado é qualquer coisa que nos separe de Deus e dos outros. Esta é a mensagem que ele queria transmitir na parábola do filho pródigo. Se estamos avançando em direção a Deus e aos outros, estamos nos movendo em uma direção espiritual. Se nos afastamos, estamos nos movendo ao contrário. É por este motivo que o pai na parábola quis dar uma festa apenas por ver o filho fazendo um movimento em sua direção. Uma das verdades espirituais da psicoterapia é que a meta não é chegar, mas fazer um movimento. O sucesso na terapia não consiste em alcançar o interior do círculo da saúde mental; consiste na capacidade de fazer um movimento em direção às outras pessoas. Os pacientes que compreendem isso aproveitam melhor a terapia e conseguem entender por que o pai do filho pródigo deu uma festa para comemorar o movimento de volta. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Pecado é afastar-se de Deus e dos outros. O PAPEL DO ARREPENDIMENTO NA TERAPIA "Arrependei vos e acreditai nas boas novas!" Marcos 1:15 O Dr. Smith veio fazer terapia por causa de um ultimato da esposa. Ele era um cirurgião bem-sucedido, mas um fracasso como marido. Sua mulher vivia se queixando dele e via a terapia como uma oportunidade de mudar as coisas. Ele me procurou porque se sentia mal em seu relacionamento com ela e não sabia mais o que fazer. Os cirurgiões precisam ser muito precisos no seu trabalho. O Dr. Smith era enérgico com sua equipe de enfermagem por uma ótima razão: as pessoas podiam morrer se eles cometessem erros. Infelizmente, a mesma precisão e nível de exigência que faziam dele um profissional de sucesso estavam prejudicando o seu casamento. O Dr. Smith sentia-se mal porque a mulher era infeliz no casamento, mas considerava as queixas dela ilógicas e não acreditava que fossem causadas pelo relacionamento dos dois. Ele era fiel, proporcionava uma vida confortável à família e estava sempre atento às necessidades dos filhos. Considerava-se uma pessoa aberta para mudar de opinião a respeito de qualquer coisa que estivesse aborrecendo a mulher, desde que ela conseguisse lhe mostrar onde o pensamento dele estava errado. A verdadeira terapia do Dr. Smith só começou muito tempo depois da nossa primeira sessão, quando já fazia vários meses que vinha regularmente ao meu consultório. Durante uma determinada sessão, quando discutíamos as queixas que a mulher tinha dele, o Dr. Smith explodiu, frustrado, dizendo o seguinte: - Por que ela não me deixa em paz? Será que terei que passar o resto da minha vida com alguém pegando no meu pé? - Não sei - respondi. -Você sempre teve alguém na vida pegando no seu pé? - Sempre - ele respondeu sem graça. - Nada que eu fazia era bastante bom para o meu pai, e agora eu tenho que agüentar a mesma droga da parte da minha mulher. Por que todo mundo acha que eu tenho que ser perfeito? De repente o Dr. Smith compreendeu. Trabalhar com rigor e precisão fazia dele um melhor cirurgião na clínica, mas em casa ele precisava agir de modo diferente. Na verdade, ele não estava investindo na felicidade de seu casamento; estava apenas tentando evitar que lhe "pegassem no pé". Estava usando a mesma estratégia que aprendera quando criança para evitar as críticas do pai. O Dr. Smith começou a se perguntar se alguma vez fazia algo porque efetivamente queria fazê-lo. Talvez tudo o que fizesse fosse apenas para evitar que os outros o censurassem, ficassem desapontados, ou até mesmo morressem. Ele não estava procurando a felicidade; estava constantemente evitando o oposto dela - uma tarefa interminável. O Dr. Smith decidiu que não queria continuar a viver baseado na máxima "Quero fazer tudo para evitar a crítica dos outros". Ele precisava de um novo lema. Queria fazer as coisas por realmente desejar fazê-las. No entanto, para saber o que queremos, precisamos saber o que sentimos. O Dr. Smith passou a ter um novo motivo para fazer terapia. Ele não vinha mais às sessões para descobrir como evitar que a mulher fosse infeliz com ele e sim para tentar compreender como ele mesmo poderia ser feliz. Parou de tentar modificar a mulher e começou a investir na própria mudança. Este é o papel do arrependimento na terapia. Curiosamente, a mulher do Dr. Smith já não se queixa tanto dele. Quanto mais ele toma contato com seus próprios sentimentos, mais fala a respeito deles com a mulher, o que cria intimidade entre o casal. Na verdade, o que ela mais queria era saber como ele se sentia a respeito da vida dos dois. Quase todas as pessoas acham que arrepender-se significa sentirse mal quando procedem errado. O arrependimento para elas é uma autopunição ou um sentimento de culpa que merecemos por fazer o que não deveríamos ter feito. Jesus não via o arrependimento dessa maneira. Embora o filho indisciplinado na parábola do filho pródigo sinta-se mal e insista em afirmar que pecou contra o pai, Jesus mostra que o pai não se prende a esses sentimentos de culpa e alegra-se apenas por uma coisa: o filho mudou de idéia e voltou para casa. De acordo com Jesus, o ato de arrependimento do filho não aconteceu quando ele implorou o perdão do pai e sim quando decidiu mudar de vida e voltar para casa. O que fez diferença foi o fato de ele ter mudado de idéia e de atitude. A palavra grega para "arrependimento" na Bíblia é metanoia, que significa "mudar de idéia". É estar percorrendo um caminho em uma direção e decidir inverter o rumo e seguir por um caminho totalmente novo. Jesus falava sobre o arrependimento neste sentido. Ele não queria fazer as pessoas se sentirem mal a respeito de si mesmas; ele queria ajudá-las a mudar. É a mesma coisa que os terapeutas procuram fazer quando os pacientes os procuram. O arrependimento desempenha o mesmo papel na psicoterapia. É preciso perceber a necessidade de mudar para que a terapia funcione. Para crescer tanto espiritual quanto psicologicamente temos de modificar a nossa maneira de pensar e de agir. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: As pessoas sábias estão sempre preparadas para mudar de idéia e de atitude; as tolas, jamais. A VERDADEIRA CULPA VERSUS A FALSA CULPA "Ele conscientizará o mundo do pecado..." João 16:8 Muitas pessoas acham que o consultório de um psicoterapeuta é o lugar aonde podem ir para atenuar sua culpa. Elas acreditam que a culpa é neurótica e que os terapeutas são especialmente treinados para ajudá-las a livrar-se dela. Chip vinha para as sessões com o mesmo entusiasmo e carisma que dedicava a todas as áreas da sua vida. Era eloqüente, motivado e bem-sucedido em tudo o que fazia. Embora Chip me garantisse que amava a mulher, ele me confessou que tivera um caso extraconjugal. A mulher ficou furiosa quando descobriu e insistiu para que ele fosse fazer terapia para tentar se compreender. Chip estava genuinamente perturbado com a possibilidade do seu casamento fracassar. Ele detestava o fracasso. Embora Chip tivesse deixado bem claro tanto para mim quanto para a mulher que estava se sentindo muito mal com o que fizera e que desejava que o seu casamento desse certo, tive dificuldade em ajudá-lo. Eu não compreendia bem a razão de seu mal-estar. Finalmente descobri que Chip de fato estava se sentindo culpado não com relação ao que havia feito, mas por ter sido apanhado. O tipo de culpa que Chip sentia não se baseava no remorso que experimentamos quando magoamos alguém que amamos, mas no medo das conseqüências por ter cometido um erro e estragado as coisas. Na verdade, o que Chip estava sentindo era uma falsa culpa. É difícil tratar a falsa culpa na psicoterapia, porque as coisas não são como parecem ser. Chip não conseguia admitir para si mesmo o verdadeiro motivo da sua culpa. Se conseguisse, ele admitiria que não acreditava que os homens fossem capazes de ser monogâmicos e que "pular a cerca" de vez em quando era admissível. Mas não podia aceitar essas idéias porque sabia o que a mulher pensaria a respeito delas e tinha medo das conseqüências. Chip deixou a terapia alguns meses depois, sentindo-se muito melhor. Informou a mim e à mulher que aprendera muitas coisas a respeito de si mesmo. Mas no fundo Chip nunca concordou comigo sobre a razão dos seus sentimentos de culpa. Ele costumava me dizer: "Não é ficar sentindo-se mal a respeito do passado. É aproveitar ao máximo o que se tem hoje. Minha mulher simplesmente vai ter que superar o problema e voltar a confiar em mim.” Parece que Chip conseguiu evitar o divórcio, mas duvido que a mulher dele tenha voltado a sentir-se segura no casamento. Embora as coisas tenham parecido melhorar, tanto Chip quanto a mulher continuaram a viver com a sensação de que algo não estava bem resolvido. Embora Jesus tenha dito que não veio ao mundo para condenar (Jo 3:17), ele acreditava que há momentos em que devemos nos sentir culpados. A partir da perspectiva dele, nem toda culpa é má.3 Jesus acreditava em dois tipos de culpa. O que os psicólogos chamam de verdadeira culpa, ele chamava de culpa baseada no amor. O que chamamos de falsa culpa, segundo ele, era a culpa fundamentada no medo. A verdadeira culpa é o remorso que sentimos quando magoamos aqueles que amamos; ela nos faz ter vontade de corrigir as coisas no nosso relacionamento com os outros. A falsa culpa é o medo da punição que está mais ligada à necessidade de nos protegermos depois que fazemos algo errado. A falsa culpa raramente beneficia o nosso relacionamento com os outros. Na verdade, ela em geral nos prejudica e nos torna pessoas de convivência mais difícil. Sentimos a verdadeira culpa quando nossos relacionamentos são importantes para nós e nos sentimos motivados a curar as feridas provocadas por nosso comportamento. É esse o tipo de culpa que Jesus queria que sentíssemos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A culpa motivada pelo amor cura a mágoa; a culpa baseada no medo só faz escondê-la. SE AS PESSOAS FOSSEM PERFEITAS, POR ACASO ALGUÉM PECARIA? "Sede perfeitos, portanto, como o Pai celeste é perfeito." Mateus 5:48 Melissa tira notas excelentes na escola, seus professores a adoram e ela é super organizada. Todo mundo tem a impressão de que Melissa é a criança perfeita. Mas as aparências superficiais podem ser enganadoras. Melissa é muito autoritária e intolerante com seus colegas. As outras crianças a chamam de mandona. Na verdade, Melissa prefere a companhia dos adultos. Ela é sempre elogiada por causa da sua inteligência e equilíbrio. O que a maioria das pessoas não percebe é que o fato de Melissa parecer precoce para a sua idade é na verdade uma necessidade de exercer o controle e ser aceita, o que encobre problemas mais profundos. Melissa não é a criança perfeita porque gosta de ser assim; ela é perfeccionista porque precisa ser desse jeito. Várias crianças com problemas de auto-estima passam pelo sistema educacional sem serem notadas, porque nunca causam problemas. As crianças barulhentas e indisciplinadas é que são identificadas como problemáticas, ao passo que as excessivamente perfeccionistas sentam-se em silêncio nas carteiras e passam despercebidas. No entanto, a inflexibilidade pode ser indício de baixa auto-estima tanto quanto o comportamento rebelde que visa chamar a atenção. O perfeccionismo é apenas uma maneira socialmente mais aceitável de lidar com a baixa valorização. Parecer perfeito nunca foi sinal de saúde mental. Bem ao contrário. Ter a coragem de ser imperfeito indica muito mais uma autoestima saudável do que fingir ser impecável. As crianças como Melissa às vezes se esforçam intensamente para serem especiais porque têm medo de não serem amadas se não fizerem isso. Se as crianças não se sentem amadas pelo que são, elas aceitam a atenção que recebem pelo que se esforçam para fazer. A questão não é saber se o comportamento delas é ou não perfeito e sim a motivação que as leva a ter esse comportamento. Ocasionalmente deparo com versículos na Bíblia que me deixam perturbado. Um deles é este: "Sede perfeitos, portanto, como o Pai celeste é perfeito." Esta frase dá a impressão de que Jesus estava estabelecendo para os seus seguidores um padrão ridiculamente alto que, se não fosse alcançado, poderia fazer com que eles se sentissem maus e inadequados. No decorrer dos séculos muitas pessoas confundiram o perfeccionismo moral com a retidão espiritual e definiram a espiritualidade em função do número de coisas das quais se abstinham, como fumar, beber e praguejar. Mas às vezes são exatamente as pessoas que se empenham em parecer perfeitas as mais culpadas de pecado. A palavra grega traduzida como "perfeito" nessa passagem também pode ser traduzida por "maduro". Quando soube disso, eu me senti muito melhor. Sei que jamais serei perfeito, mas acredito que posso continuar a crescer. Ter maturidade significa reconhecer que vamos continuar a pecar, mas seremos capazes de rever nossas ações e corrigi-las. Fingir ser impecável é na verdade um sinal de imaturidade. Jesus não definiu a maturidade espiritual como a ausência de imperfeições e sim como presença da força. Eis como interpreto os ensinamentos de Jesus: não nos sentimos mais amados porque somos perfeitos; desejamos ficar mais maduros porque nos sentimos amados. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O perfeccionismo é uma máscara e não uma meta. O PECADO É UM PROBLEMA PESSOAL "Se o teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-o.” Lucas 17:3 Jesus dizia que pecar significava cometer um erro.4 Mas ele estava mais interessado nos relacionamentos destruídos por causa dessas falhas do que nos erros propriamente ditos. Por isso ele perdoava as pessoas com facilidade. Para ele, o relacionamento, e não o erro, era o problema principal. Laila e Kerry eram amigas e trocavam confidências a respeito da sua vida pessoal. Laila achava óbvio que as confidências ficassem entre as duas, por isso ficou indignada quando soube que Kerry tinha contado a uma amiga comum os detalhes de uma experiência que ela lhe confiara. A intenção não fora de trair a amiga, mas Laila concluiu que não podia mais confiar em Kerry e passou a falar mal dela, como se estivesse tentando pagar na mesma moeda. A relação entre as duas ficou insustentável. Por mais que os outros amigos tentassem reaproximá-las, foi em vão. Ninguém na verdade sabia por que elas se detestavam tanto, mas estava claro que esta era a realidade. Laila e Kerry continuaram a alimentar a desavença porque estavam fazendo a pergunta errada. A questão não era "Quem começou a briga?" e sim "Quem está fazendo com que a briga continue?". Kerry tinha cometido um erro. Laila tinha o direito de estar magoada e zangada. Mas para Jesus a questão ligada ao pecado não é o que foi feito no passado, mas as providências que podem ser tomadas hoje para resolver o problema. Laila e Kerry mantiveram o pecado ativo porque ambas estavam mais preocupadas em se proteger do que em corrigir o ressentimento existente entre elas. "É inevitável que haja escândalos", disse Jesus, "portanto, tende cuidado" (Lucas 17:1-3). A seguir, ele prossegue: "Se o teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-o." Ele estava primordialmente interessado em restaurar os relacionamentos pessoais. Jesus freqüentemente adotava a perspectiva psicológica de não encarar o pecado como um problema que existe dentro das pessoas e sim entre as pessoas. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Às vezes o pecado é um problema que existe entre as pessoas e não dentro delas. A SALVAÇÃO E A PSICOTERAPIA "Porque este filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado.” Lucas 15:24 —Acho que meu radar está quebrado - declarou Sarah na nossa primeira sessão. —Radar? - perguntei. —Isso mesmo, é como eu chamo o mecanismo que me faz escolher os homens. Você pode dar um jeito nisso? - perguntou ela. Sarah queria se entender, o que me deixou contente, pois esta atitude favorece os resultados da terapia. Mas não era positivo ela achar que tinha algum tipo de defeito. Descobri que o fato de uma pessoa estar convicta de que tem um defeito é mais pernicioso do que a deficiência que possa vir a ser descoberta. À medida que a nossa terapia progredia, fiquei sabendo que os pais de Sarah tinham se divorciado quando ela estava na escola primária, e que a sua mãe precisou arranjar um emprego para poder sustentar as filhas. Sarah buscara nos colegas de escola a atenção de que necessitava, pois seus pais não estavam mais disponíveis para isso. Quando Sarah chegou ao segundo grau, o seu relacionamento com os meninos havia se tornado predominantemente sexual, e este era o preço que ela pagava para ter a sensação de estar próxima de alguém. Sarah passou a acreditar que a única maneira de obter o que queria era dar em troca o que os outros queriam. Esse tipo de amor condicional fez com que Sarah sentisse que era capaz de conseguir atenção pelo que fazia, mas não saber se poderia obter amor por ser quem era. Percebi que durante um certo tempo Sarah imaginou que iríamos ter um relacionamento sexual. Depois, ela passou a achar que eu só a estava atendendo por causa do dinheiro que ela me pagava, mas que secretamente eu a considerava repulsiva devido às suas atividades sexuais do passado. No entanto, depois de passar muitas horas descrevendo coisas horríveis sobre si mesma e revelando me os aspectos mais negativos e inaceitáveis da sua vida, Sarah começou a achar que talvez fosse possível que uma outra pessoa, mais especificamente um homem, se interessasse por ela por outra razão além do que pudesse obter em troca. Sarah estava redescobrindo o seu verdadeiro eu, a parte dela que desejava ter um relacionamento com outra pessoa pelo que era e não pelo que fazia. As coisas que Sarah tinha feito para conseguir amor não eram prova de um defeito de personalidade; eram tentativas de encontrar o amor perdido. Sarah não compreendia como sua história explicava seu modo de ser. A sua promiscuidade sexual era apenas um resultado lamentável de uma necessidade insatisfeita. Quando Sarah descobriu a menina que continuava intacta dentro dela, ansiando pelo amor do pai, sua vida começou a fazer mais sentido. Ela não era defeituosa; apenas não se sentia amada. Aos poucos Sarah foi entrando em contato com quem verdadeiramente era. Sarah não precisa continuar a agir com se houvesse algo errado com ela. O problema não era com ela e sim com o que ela precisara e não recebera. Sarah está começando a acreditar que tem algo valioso a oferecer. Não é de causar surpresa que ela também esteja atraindo um tipo de homem diferente. Jesus ensinou que o pecado acontece quando quebramos o relacionamento e que a salvação ocorre quando o restabelecemos. Na parábola do filho pródigo, Jesus mostrava que a salvação envolve o reencontro com o nosso verdadeiro eu. A psicoterapia funciona porque segue o padrão que Jesus descreve para o processo da salvação. Os bons relacionamentos nos curam. Não podemos ser psicologicamente saudáveis se não nos relacionarmos de um modo saudável com nós mesmos e com os outros. Os seres humanos foram criados desta maneira, ou seja, precisamos estar ligados aos outros para sermos completos. A psicoterapia é o processo de ajudar pessoas que estão perdidas a se reencontrarem. Ao estabelecer relacionamentos saudáveis com os outros, podemos reconduzi-los ao caminho da saúde psicológica. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Uma alma perdida é encontrada e não consertada.



por Mark W. Baker

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