JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 11
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Conhecendo o seu verdadeiro valor

Quando Jesus e os discípulos continuaram a seguir o seu caminho para Jerusalém, chegaram a um povoado no qual uma mulher de nome Marta os recebeu em sua casa. A irmã dela, Maria, estava sentada aos pés do Senhor e escutava as suas palavras. Marta estava ocupada pelo muito serviço. Parando, por fim, disse: "Senhor, não te parece injusto que minha irmã fique sentada enquanto eu faço todo o serviço? Diz-lhe que venha me ajudar.” Mas o Senhor retrucou: "Marta, Marta, tu te inquietas e agitas por muitas coisas! No entanto, apenas uma coisa merece a nossa preocupação. Maria com efeito escolheu a melhor parte que não lhe será tirada?” Lucas 10:38-42 Embora Marta achasse que sua irmã estava sendo egocêntrica ao deixar de ajudá-la, Maria, ao contrário, estava crescendo espiritualmente ao concentrar-se no relacionamento com Jesus. Ele nos ensina que só podemos encontrar o nosso centro espiritual interior ao reconhecê-lo como a dimensão do divino em nós. As pessoas que entram em contato com sua dimensão divina são pessoas retas e íntegras. A retidão espiritual envolve confiar em alguém maior do que nós, o que é diferente de confiarmos apenas em nós. Marta confiava apenas em si e em seu trabalho. Maria procurava a retidão espiritual confiando e entregando-se a Deus. Muitas pessoas, como Marta, procuram ser virtuosas aos seus próprios olhos desenvolvendo comportamentos que consideram adequados. Jesus sabia que os comportamentos verdadeiramente retos e íntegros são conseqüência do relacionamento com Deus. O termo "retidão" pode aplicar-se tanto ao nosso relacionamento com os outros quanto com Deus. Para ter um relacionamento reto com os outros precisamos aceitar que termos necessidade deles é sinal de força e não de fraqueza.1 É somente através do nosso relacionamento com Deus e com os outros que podemos alcançar o nosso mais elevado potencial. Quando tentamos fazer as coisas completamente sozinhos, acabamos como Marta, nos esforçando para parecermos virtuosos aos nossos próprios olhos, mas sempre insatisfeitos. SOMOS TODOS PECADORES "Aquele de vós que estiver sem pecado atire a primeira pedra.” João 8:7 Dalton e Miranda pareciam um ótimo casal. Eram pessoas atraentes e divertidas. Tinham uma casa grande, filhos bonitos e muitos amigos. Aparentemente tudo parecia andar às mil maravilhas para eles. Mas as aparências podem enganar. Miranda sabia que Dalton era um homem maravilhoso, mas ela se sentia insatisfeita no casamento. Dalton era divertido, mas adorava contar as próprias histórias e tinha dificuldade em ouvir as dela. Ela o achava bonito e atraente, mas sempre muito apressado ao fazer sexo. Miranda queria algo mais. Ela desejava ter uma comunhão maior com o marido, de coração para coração, e sentir que era profundamente compreendida. Miranda queria mais intimidade e não acreditava que Dalton fosse capaz. As coisas aconteceram aos poucos. Miranda começou a ter regularmente conversas intensas e pessoais com um dos vizinhos. Sheldon era amigo do casal, e Miranda constatou que gostava muito de conversar com ele. "Tínhamos uma enorme afinidade um com o outro", ela explicou mais tarde. "Era como se eu tivesse conhecido Sheldon a vida inteira. Conversar com ele não requeria esforço. Nada parecia mais natural." Em um determinado momento, Miranda compreendeu que estava tendo um caso emocional. Ela não tinha qualquer relação física com Sheldon, mas certamente estava oferecendo a ele as partes mais íntimas do seu eu emocional. Dalton e Miranda fizeram a sábia escolha de procurar o aconselhamento conjugai para lidar com a situação em que se encontravam. Ela contara ao marido a natureza do seu relacionamento com Sheldon e tinha concordado em rompê-lo a fim de descobrir se o casamento deles poderia ser salvo. Dalton estava profundamente magoado e zangado, porque não tinha feito de fato nada de errado. Quando não somos abandonados por causa do que fizemos, provavelmente é em virtude de quem somos, o que é uma coisa muito dura de suportar. Dalton reagiu, um pouco talvez por espírito de competição, mas principalmente porque amava sinceramente sua mulher. Lutou por ela e pela família, mas não de forma defensiva e destrutiva. Foi preciso um grande esforço para dizer a Miranda o quanto estava humilhado, mas não descansou enquanto não teve certeza de que ela compreendia a profundidade de sua dor e de sua raiva. Tomou conhecimento de como ela se sentia solitária no casamento e esforçou-se para entender a sua parte no processo. Muitas vezes Dalton sentiu muita raiva de Miranda, mas se conteve. Ele sabia que não era perfeito e não ia melhorar as coisas agindo precipitadamente. Mas em algum ponto do processo do aconselhamento conjugai Dalton descobriu que era capaz de ficar zangado e ao mesmo tempo ser amoroso. Aprendeu que o oposto do amor não era a raiva, mas a indiferença, e que ele tinha sido omisso no seu relacionamento com Miranda. Miranda também aprendeu alguns fatos a respeito de si mesma. Descobriu que tomar posse de coisas que não lhe pertenciam (Sheldon também era casado) era uma solução egoísta para os seus problemas. Constatou que não tinha sido uma pessoa tão aberta quanto imaginara ser e que tinha julgado Dalton injustamente ao considerá-lo psicologicamente inferior a ela. Mas o mais importante é que Miranda compreendeu que podia ser amada em um momento da vida em que menos merecia. Quando entendeu o quanto Dalton tinha sido ferido com o seu envolvimento, ficou impressionada ao descobrir como ele ainda a amava. Miranda e Dalton representam uma história de sucesso no aconselhamento conjugai. Eles começaram como pessoas imperfeitas que haviam contribuído para a ferida no casamento. Ao reconhecer este fato, estavam admitindo que ambos eram "pecadores" na terminologia de Jesus. Reconhecer que haviam errado foi o ponto inicial para corrigir as coisas. Hoje o casamento deles é um "processo em andamento". A comunicação entre os dois está mais intensa, os sentimentos de amor são mais fortes e ambos diriam que o casamento está melhor que nunca. A união deles não é perfeita, mas tem a retidão que Jesus achava que os relacionamentos devem ter. Em determinada ocasião, uma mulher apanhada em flagrante de adultério foi levada à presença de Jesus para que certos líderes religiosos pudessem testar o seu respeito pela lei judaica que exigia que a mulher fosse apedrejada até morrer. Mas Jesus via a retidão de outra maneira. Ele pediu a cada pessoa na multidão que examinasse o próprio coração dizendo: "Aquele de vós que estiver sem pecado atire a primeira pedra." Ninguém teve coragem de atirar. Ao fazer isso, Jesus estava deixando clara a sua definição de retidão e integridade. As pessoas retas seguiam leis religiosas em decorrência do relacionamento que já tinham com Deus e não para se tornarem retas. Muitas vezes usamos leis e regras para provarmos que estamos certos. No entanto, o primeiro passo em direção à retidão é reconhecer que somos todos pecadores, capazes de incorrer em erros no nosso relacionamento com os outros. Jesus quer que essa capacidade de errar vá sendo superada. No final, ele disse à mulher que "deixasse a vida de pecado". Ele sabia que gestos e atitudes de amor ajudam as pessoas a serem melhores. Se os nossos relacionamentos forem amorosos, será mais fácil agir com retidão. Relacionamentos comprometidos dão espaço para atos moralmente incorretos. Como psicólogo, concordo plenamente com isso. Os meus pacientes que vivem casos ilícitos e destrutivos fazem isso por causa de maus relacionamentos, de feridas não curadas, de desapontamentos ou de falta de amor. Dizer-lhes que sigam as regras geralmente não adianta. O que funciona é amá-los. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Nós nos tornamos retos quando nos sentimos amados, mesmo quando estamos errados. VOCÊ NÃO É DEUS "Ao Senhor teu Deus adorarás e somente a ele servirás." Lucas 4:8 Chloe é uma alma torturada. Ela se mortifica por qualquer coisa, constantemente sente-se culpada e reduziu o contato humano na sua vida a uns poucos amigos que raramente vê. Chloe quase não sai de casa porque tem medo de que possa acontecer alguma coisa que arruíne o seu dia, de modo que prefere não deixar a segurança do seu apartamento. Chloe morre de medo de micróbios e passa uma enorme parte do dia ocupada em livrar-se deles. Ela precisa certificar-se de que suas mãos estão limpas, lavando-as repetidas vezes. Não convida ninguém para ir ao seu apartamento porque, se alguém tocar em algum objeto seu, deixará micróbios nele e ela será forçada a limpá-lo repetidas vezes. Chloe sofre de um distúrbio obsessivo compulsivo. Ela não percebe, mas os micróbios não são o seu verdadeiro inimigo. Ela teve boas razões para sentir medo muitas vezes, mas isso começou muito antes de ela pensar em micróbios. Chloe foi criada como filha única em uma casa onde seus pais brigavam constantemente. Ela consegue lembrar-se que chorou muitas noites até conseguir dormir, com um medo terrível de que alguém se machucasse e seus pais acabassem se divorciando. Chloe temia que o seu mundo fosse desmoronar e não tinha a menor idéia do que faria se isso acontecesse. "Por favor, Deus", ela rezava todas as noites. "Prometo ser uma boa menina pelo resto da vida se você fizer com que eles parem de brigar.” Mas os pais de Chloe continuavam a brigar, de modo que com o tempo a menina voltou-se para um mundo secreto de fantasia para lidar com o seu medo. Ela imaginava que, se fizesse o percurso da escola até em casa sem pisar em nenhuma rachadura na calçada, seus pais não discutiriam naquela noite. Às vezes, quando os ouvia brigando, ela imaginava que, se pensasse com suficiente intensidade em uma palavra específica, ela os faria parar. Como os pais de Chloe não a faziam sentir-se segura, ela tinha que procurar segurança sozinha. Se não havia ninguém maior e mais forte que ela em quem pudesse confiar, ela tinha então que confiar no pensamento mágico da sua mente. Infelizmente, a fantasia de Chloe de que a sua mente possuía poderes mágicos expandiu-se além da tentativa de fazer os pais pararem de brigar. Quando atingiu a idade adulta, a fantasia havia se difundido para várias áreas da sua vida na tentativa de criar uma sensação de segurança em um mundo cheio de ameaças. Hoje em dia, a sua principal preocupação são os micróbios. Agora ela imagina que se seguir os ditames da sua mente ficará a salvo dos perigos que os micróbios oferecem. Como não podia confiar nos pais, e nem mesmo em Deus para protegê-la do mal, ela foi obrigada a depositar a sua confiança no poder da própria mente. Jesus ensinou que as pessoas, no seu desejo de segurança e proteção, precisam ter consciência do amor de Deus. Idolatrar qualquer outra coisa simplesmente não funciona. Precisamos sentir-nos protegidos, mas não podemos obter esse sentimento sem que alguém maior do que nós esteja presente quando precisarmos. Sob o aspecto psicológico, só podemos desenvolver a capacidade de nos acalmar se tivermos tido em nossa vida alguém em quem podíamos confiar e admirar durante a nossa fase de desenvolvimento. Jesus queria que as pessoas depositassem a sua confiança em Deus, porque é exatamente disso que elas precisam para conseguir a paz interior. Quem é mais capaz de nos fazer sentir seguros do que o criador do universo? Chloe tentou venerar o poder da própria mente, e isso só a levou em direção à angústia e ao medo. Jesus ensinou que não devemos adorar a Deus em proveito dele e sim em nosso benefício. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Venerar a própria mente é servir a um deus muito pequeno. A CHAVE PARA A ESPIRITUALIDADE "Aquele a quem pouco se perdoa pouco ama." Lucas 7:47 Considero importante examinar o passado, mas não creio que devamos viver nele. Com essa observação, quero dizer que compreender o impacto da nossa história passada no nosso presente nos deixa livres para fazer as escolhas mais saudáveis. Rebecca não entendia de que maneira a sua infância estava prejudicando sua vida na idade adulta. Paradoxalmente, é conversando a respeito do passado que podemos libertar-nos dele. Rebecca foi criada em uma comunidade conservadora onde aprendeu valores familiares tradicionais. Ela é grata pela criação que teve e ama muito seus pais. O único fato da infância e adolescência que ela se recusa a ver como problemático é que a sua única irmã, Sabrina, era deficiente mental. Isto representou um fardo financeiro e emocional para seus pais, e Rebecca reconhecia isso. Ela sempre admirou a dedicação e a maneira abnegada com que eles cuidavam de Sabrina. "Eles sempre foram tão bons", é como Rebecca descrevia os pais. "Quero dizer, eu sei como era difícil lidar com Sabrina e com tudo o mais, mas eles nunca se queixavam. Nem uma única vez ouvi algum dos dois falar como se lamentasse alguma coisa. Meus pais são incríveis.” Essa dedicação, porém, criou um problema para Rebecca. Como nunca ouviu os pais se queixarem, ela acreditava que se reclamasse de qualquer coisa estaria errada. Mas ela tinha queixas com relação ao tempo e à energia que os pais despendiam para cuidar de Sabrina e ao fato de sentir-se responsável pela irmã quando os pais não estavam por perto. Rebecca secretamente ressentia-se por não ter sido criada em um lar normal ao qual pudesse convidar os amigos sem envergonharse. Rebecca nunca foi capaz de admitir esses sentimentos na frente dos pais: "Afinal de contas, veja bem tudo o que eles fizeram.” "Sinto-me muito mal. Eu acho horrível sentir ressentimento de uma irmã mentalmente deficiente. Quero dizer, eu tive sorte. Sou esperta e normal. Afinal, posso dizer que graças a Deus eu escapei...” Rebecca sentia-se terrivelmente culpada por seus sentimentos em relação a Sabrina. Ela se achava uma pessoa má por sentir-se assim. A terapia de Rebecca obrigou-a a enfrentar outra tarefa difícil. Para ficar curada dos sentimentos dolorosos que tinha dentro de si, ela teria que conceder o perdão à pessoa mais difícil de perdoar - ela mesma. Ela precisava aceitar-se e perdoar a si mesma por ressentir-se de Sabrina, por desejar que os pais lhe tivessem dado mais do que ela recebera e por ser a filha normal. Ela tinha que aceitar esses sentimentos como naturais e descobrir que não somos culpados por aquilo que sentimos, mas pelos atos que cometemos quando prejudicam os outros. Para amar a si mesma e aos outros do jeito aberto e vulnerável que desejava, Rebecca teria que remover o muro de culpa e ressentimento ao redor do seu coração. Perdoar a si mesma era a única maneira de fazer isso. A forma mais profunda de perdão é um processo de compreensão que exige esforço e mudança interior. Para chegar a este ponto, é necessário um processo mais ou menos longo. Quanto mais tomamos consciência de nossos sentimentos e os entendemos, mais podemos mudar de idéia e mais profundamente somos capazes de perdoar. Felizmente, Rebecca foi capaz de dedicar-se à terapia, e o processo de perdoar a si mesma está caminhando bem. Exatamente como Jesus previu, existe um poderoso relacionamento entre nos sentirmos perdoados e a capacidade de amar. A pessoa que Rebecca precisava perdoar era ela mesma. Jesus ensinou que o perdão é uma das ferramentas mais poderosas à disposição da humanidade. Muitos subestimam a importância psicológica do perdão. A vida de inúmeras pessoas foi transformada no decorrer da história humana por sentirem-se aceitas e perdoadas. Além disso, Jesus também ensinou que o perdão beneficia quem perdoa. O perdão remove os ressentimentos que nos impedem de desenvolver nossa espiritualidade. Como Rebecca descobriu, a frase "aquele a quem pouco se perdoa pouco ama" é especialmente verdadeira quando somos nós a pessoa que precisa de perdão. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Existem ocasiões em que perdoar a nós mesmos é o mais árduo ato de amor. O AMOR POR SI MESMO "Ama o teu próximo como a ti mesmo." Mateus 22:39 Pierre tenta ser um exemplo positivo para seus alunos. "As crianças hoje em dia precisam admirar alguém e eu levo a minha função de professor muito a sério neste sentido", declarou ele, orgulhoso. Eu admirava Pierre por dedicar a vida a ajudar crianças e o admirei ainda mais por ele ter vindo fazer terapia quando essa dedicação começou a deixá-lo exausto. "Eu sei que o meu trabalho com as crianças é realmente importante. Só preciso de alguma ajuda para recuperar o entusiasmo. O pensamento negativo nos bloqueia", disse-me ele depois de um seminário de aperfeiçoamento pessoal do qual participara. "Só preciso imaginar que estou mais feliz para que isso se torne realidade. Nós somos aquilo em que acreditamos.” Achei que Pierre estava negando alguma coisa importante. Era como se o amor por si mesmo dependesse apenas de como ele se sentia a seu próprio respeito, independente de outras pessoas. Ao falar sobre sua infância, Pierre comentou: "Preciso apagar essas lembranças sobre os meus pais. Tudo isso está no passado. Preciso amar a mim mesmo e não depender tanto do amor de outras pessoas.” Os pais de Pierre o haviam negligenciado quando criança, de modo que ele aprendera cedo na vida a não esperar que outra pessoa lhe desse o que precisava. A verdade era que Pierre não se sentia amado e queria distanciar-se desses sentimentos. Fazer coisas positivas e conversar consigo mesmo de maneira otimista eram os recursos que usava para superar os sentimentos dolorosos. Infelizmente, a estratégia de Pierre não estava funcionando tão bem quanto ele desejaria. Como seus pais o tinham depreciado muito, ele lutava para evitar os sentimentos resultantes de autocondenação. Suas tentativas de amar a si mesmo visavam acalmar as vozes interiores de insegurança e desprezo. O problema de Pierre não era a falta de amor por si mesmo, mas a rejeição por si mesmo. Seus esforços eram tentativas de encobrir a rejeição. No decorrer da nossa terapia, Pierre parou de tentar me convencer de que o amor por si mesmo é apenas uma atitude mental que se pode aprender repetindo frases poderosas. Em vez disso, passamos a conversar mais sobre o que ele não gosta nele mesmo. À medida que Pierre compartilha comigo o que realmente sente com relação a si, ele descobre que já não tem que encobrir tantas coisas quanto antes. Embora seus pais tenham lhe transmitido o sentimento de ser inútil, a experiência de ter alguém que o escute nos seus piores momentos está lhe dando a sensação de que talvez haja alguma coisa boa nele. Pierre aprendeu com os pais que, quando nos desprezamos, prejudicamos nosso relacionamento com os outros. Na terapia, descobriu como é amar a si mesmo. Hoje, Pierre está mais feliz no seu papel de professor. Ele deixou de tentar convencer as crianças de que elas precisam amar a si mesmas para vencer na vida. Agora ele simplesmente as ama. Pierre aprendeu que esta é a coisa mais poderosa que ele pode fazer tanto pelos outros quanto por si mesmo. Jesus deixou muito claro que a sua definição do amor por si mesmo não significava egocentrismo. Para ele, o amor por si mesmo estava intimamente ligado ao amor pelos outros, assim como o ódio por si mesmo conectado ao abuso dos outros. Quando disse: "Ama o teu próximo como a ti mesmo", Jesus estava explicando que só pode amar os outros quem se ama. O amor a si mesmo não pode estar separado do amor aos outros; um depende do outro. O amor se multiplica quando é distribuído, assim como o ódio destrói enquanto permitimos que ele exista. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O amor por si mesmo e o amor aos outros -um não pode ser praticado sem o outro. ABRIR-SE PARA O AMOR "Estais em mim e eu em vós." João 14:20 Jake procurou-me porque a mulher o estava abandonando. Eles vinham tendo problemas conjugais há vários anos, mas tinham tentado resolver as coisas por conta própria. Jake era um homem de negócios franco e carismático, e a sua mulher era do tipo introvertido. Aparentemente, Jake dominava no relacionamento, e a mulher se tornara uma pessoa ressentida e incapaz de expressar a sua infelicidade. Até resolver sair de casa. Jake era capaz de admitir que não era perfeito, mas não acreditava que merecesse o abandono da mulher. Achava que ela estava sendo egoísta ao fugir dele. Ambos haviam investido nove anos no casamento, e ele não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo. No início Jake queria falar exclusivamente da mulher. As sessões eram cheias de pedidos para que eu o ajudasse a fazê-la voltar. Ele estava basicamente interessado em entendê-la e fazer com que ela mudasse de opinião. Jake estava fazendo terapia para mudar a mulher. À medida que o tempo foi passando, Jake começou a perceber que estava fazendo na terapia o que estivera fazendo no casamento nos últimos nove anos, e que não estava dando certo. Ele não era uma pessoa má, nem particularmente egoísta, mas a sua felicidade dependia de as outras pessoas fazerem o que ele queria que elas fizessem. Jake desejava que a mulher o quisesse, mas ela precisou afastar-se dele para descobrir se isso era também o que ela queria. Ele exigia que ela o amasse, mas o amor exigido não é um presente valioso. Embora fosse difícil para ele, Jake aos poucos deixou de se concentrar em tentar mudar a mulher e passou a procurar entender a si mesmo. Quando começou a olhar para dentro de si, o seu desejo de culpá-la desapareceu. Chegou ao ponto de achar que ela só deveria voltar quando ela sentisse que era o que desejava. Embora ele estivesse magoado por ter sido abandonado, o fato de achar que era responsável pelo afastamento dela estava começando a magoá-lo ainda mais. Por sorte, a mulher de Jake voltou. Voltou para um homem bastante diferente. Hoje Jake escuta mais quando ela fala e expressa como se sente com relação ao que ela diz. Está mais calmo, a sua pressão se estabilizou e ele consulta a mulher sobre as decisões que precisam tomar. Jake está mais centrado porque o seu relacionamento com a mulher fez com que ele examinasse alguns aspectos dolorosos de si mesmo que estava tentando evitar. Ele agora é capaz de amar a mulher e a família de uma maneira mais profunda por causa dessa atitude. Jake está aprendendo a lição que Jesus ensinou através do exemplo da própria vida. O amor é gratuito, mas não é barato. Jesus acreditava que o nosso desenvolvimento pessoal só se dá no relacionamento com Deus e com os outros. O amor pelos outros é a força criativa que impulsiona o desenvolvimento espiritual. A razão pela qual muitas pessoas temem os relacionamentos é que o amor nos deixa vulneráveis. O risco de sofrer é o preço que pagamos quando estabelecemos um relacionamento com outras pessoas. Mas o amor é a recompensa. Aqueles que estão dispostos a pagar esse preço poderão desenvolver o seu eu, e os que procuram evitar qualquer risco e se fecham tornam-se egocêntricos. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Abrir-se para o amor é o que nos realiza.

 EPÍLOGO O meu objetivo foi oferecer uma perspectiva sobre como os antigos ensinamentos de Jesus encerram poderosas idéias psicológicas,capazes de influenciar hoje a nossa vida. Durante séculos, aqueles que estiveram dispostos a meditar sobre as parábolas de Jesus tiraram proveito das pérolas de sabedoria nelas encontradas. À medida que a nossa capacidade de refletir a respeito do comportamento humano se torna mais sofisticada, acredito que a nossa capacidade de sermos beneficiados por essa sabedoria só fará aumentar. Jesus nos deixou a crença de que a conversa é uma coisa positiva, tanto com as outras pessoas quanto com Deus. Não é bom ficarmos sozinhos. Este livro gira em torno do diálogo entre os ensinamentos de Jesus e o pensamento psicológico em evolução. Espero que você tenha se reconhecido em alguma das situações apresentadas e que tenha conseguido se conhecer melhor. Compreendo que escrever um livro sobre os ensinamentos de Jesus pode ser controvertido. Mas de uma coisa eu sei: o meu trabalho como terapeuta beneficiou a minha vida e a dos meus pacientes. Embora a ciência da psicologia só tenha oficialmente pouco mais de cem anos, ela foi desenvolvida na mente de muitos pensadores proeminentes muito tempo antes. Quando penso em todas as figuras da antigüidade cuja doutrina é chamada nos tempos modernos de "psicológica", não consigo pensar em ninguém que mereça mais o título de o maior psicólogo de todos os tempos do que Jesus. NOTAS CAPÍTULO 1 1. Um importante livro de psicanálise sobre como o que sabemos é sempre limitado pela nossa perspectiva pessoal é Structures of Subjectivtty (Estrutura da subjetividade), de George Arvvood e Robert Stolorow. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1984. 2. Explico melhor o inconsciente no capítulo 8. 3. "Eles têm zelo por Deus, mas um zelo pouco esclarecido" (Rm. 10:2). 4. Allan Bloom foi um professor universitário que observou seus alunos durante mais de trinta anos. Ele chegou à conclusão de que "quase todos os estudantes que entram na universidade acreditam, ou afirmam acreditar, que a verdade é relativa". O professor Bloom ficou tão perturbado com esse fato que escreveu um livro para desafiar essa convicção intitulado O declínio da cultura ocidental. São Paulo: Best Seller, 1989. 5. MITCHELL, Stephen. Relational Concepts in Psychoanalysis (Conceitos relativos na psicanálise). Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988. CAPÍTULO 2 1. Um livro de psicanálise inovador sobre a natureza relacionai do "eu" humano é Análise do self de Heinz Kohut. Rio de Janeiro: Imago, 1988. 2. "E o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem na terra" (Gn. 6:6). 3. ROGERS, Carl. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 4. KOHUT, Heinz. Como cura a psicanálise? Porto Alegre: Artmed, 1989. 5. "Deus criou o homem à sua imagem... homem e mulher ele os criou" (Gn. 1:27). CAPÍTULO 3 1. O conceito dos princípios organizadores é explicado em Contexts of Being (Contextos do ser), de Robert Stolorow e George Atwood. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1992, capítulo 2. CAPÍTULO 4 1. Jesus trata em outro lugar do uso criterioso do dinheiro. Ver Mt 25:14-30. 2. Mais informações sobre a psicopatologia como autopreservação podem ser encontradas em "Introspection, Empathy and the SemiCircle of Mental Health" (Introspecção, empatia e o semicírculo da saúde mental), de autoria de Heinz Kohut, no International Journal of Psychoanalysis, nº 63 (1982): 395-407. 3. "A tristeza que vem de Deus produz arrependimento... de que nunca há razão para arrepender-se" (2 Cor. 7:10). 4. Hamartia é a palavra grega mais freqüentemente usada para "pecado" no Novo Testamento e pode ser traduzida por "falhar" ou "errar devido à ignorância". CAPÍTULO 5 1. Mais informações sobre a inflexibilidade na psicoterapia podem ser encontradas em um artigo de Mark Baker sobre fundamentalismo religioso no Journal of Psychology and Theology 26, n" 3 (1998): 223-31. Por que o pensamento humano torna-se concreto é adicionalmente explicado em Structures of Subjectivity (Estrutura da subjetividade), de George Atwood e Robert Stolorow. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1984, capítulo 4 (Pathways of Concretization). 2. FREUD, Sigmund. "O futuro de uma ilusão", in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. CAPÍTULO 7 1. Um livro que faz uma análise profunda da supremacia das emoções nos relacionamentos humanos é Affects as Process: An Inquiry into the Centrality of Affect in Psychological Life (As emoções como um processo: uma pesquisa sobre o sentimento na vida psicológica), de Joseph Jones. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1995. 2. Allan Schore, Affect Regulation and the Origin of the Self (As leis da emoção e a origem do eu). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, 1994. CAPÍTULO 8 1. Uma discussão técnica da transferência e do inconsciente pode ser encontrada em Psychoanalytic Treatment: An Intersubjective Approach (Tratamento psicanalítico: uma abordagem intersubjetiva), de R. Stolorow, B. Brandchaft e G. Atwood. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1987, capítulo 3; e Contexts of Being (Contextos do ser), de R. Stolorow e G. Atwood (Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1992), capítulo 2. CAPÍTULO 9 1. Mais informações sobre a interconexão da experiência humana podem ser encontradas em O mundo interpessoal do bebê, de Daniel Stern. Porto Alegre: Artmed, 1992. Veja também: MITCHELL, Stephen. Relational Concepts in Psychoanalysis (Conceitos relativos na psicanálise). Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988. CAPÍTULO 10 1. Um importante artigo sobre a psicanálise e a empatia é "Introspection, Empathy and Psychoanalysis" (Introspecção, empatia e o semicírculo da saúde mental), de Heinz Kohut, Journal of American Psychoanalytic Association 7 (1959): 459-83. 2. "Uma geração perversa e adúltera busca um sinal milagroso" (Mt. 16:4). 3. "...no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior" (Mc 9:34). CAPÍTULO 11 1. Um livro de psicanálise sobre a importância do enfoque sobre o relacionamento na terapia é A Meeting of the Mind: Mutuality in Psychoanalysis (Um encontro da mente: a reciprocidade na psicanálise), de Lewis Aron. Hillsdale, NJ: Analytic Press, 1996.


por Mark W. Baker

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