JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU CAPÍTULO 9

Conhecendo a verdadeira humildade
Jesus contou também a seguinte parábola para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os outros: "Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro, um cobrador de impostos. O fariseu rezava, em pé, desta maneira: 'Ó Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo que possuo.' Mas o cobrador de impostos, parado à distância, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu. Batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, pecador!' Eu vos digo: Este voltou justificado para casa e não aquele. Porque todo aquele que se enaltece será humilhado e quem se humilha será exaltado.” Lucas: 18:9-14 Jesus criticava o amor-próprio excessivo porque acreditava que as pessoas que aceitam depender de Deus e abrem mão da autosuficiência alcançam a plenitude. É preciso humildade para reconhecer que não somos Deus e saber que precisamos nos relacionar com ele para sermos espiritualmente completos. Essa mesma humildade nos permite compreender que também necessitamos dos outros para sermos emocionalmente completos. Deixamos de ser humildes e fingimos ser superiores aos outros quando sentimos medo de admitir que temos necessidade deles. A tendência atual da psicologia também reconhece a importância de dependermos dos outros. Não somos unidades auto-suficientes e sim seres interligados.1 O ponto de partida para a plenitude espiritual e psicológica é a nossa necessidade de ter um relacionamento com algo maior do que nós mesmos. A dependência saudável nos relacionamentos produz pessoas saudáveis. Precisar dos outros nos torna mais fortes e não ca- rentes. Os seguidores de Jesus nunca se consideravam melhores do que as outras pessoas pelo fato de precisarem delas para serem completos. Ao contrário dos fariseus, temos que agradecer a Deus por sermos como as outras pessoas, porque isso nos coloca no caminho para conhecer a plenitude. A GUERRA ENTRE A PSICOLOGIA E A RELIGIÃO "Para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os outros...” Lucas 18:9 Várias pessoas religiosas têm me procurado no decorrer dos anos para fazer terapia. Em determinados casos, precisei ser muito cuidadoso devido ao preconceito delas contra a psicologia, mas acabei descobrindo algumas abordagens bastante proveitosas. Por desejar compartilhar o que aprendera com outros profissionais, escrevi um artigo e submeti-o a uma famosa revista técnica na área da psicoterapia. Fiquei consternado ao ser informado que o artigo tinha sido rejeitado. O editor da publicação incluiu na carta que me enviou os comentários da pessoa que fez a análise do meu artigo. Fiquei surpreso com os comentários, que eram concisos, hostis e extremamente pejorativos. No final da análise, em que apaixonadamente argumentava que o assunto em questão não era adequado a uma revista de psicologia, as frases estavam incompletas evidenciando a raiva de quem escrevera. Ficou claro para mim que ele não tinha terminado de ler o meu artigo porque várias das suas objeções haviam sido respondidas na parte final do meu texto. Eu escrevera o artigo para ajudar os psicoterapeutas a entender os preconceitos dos pacientes religiosos. No entanto, vários psicoterapeutas também estão precisando de ajuda com relação aos seus próprios preconceitos contra a religião. A necessidade de menosprezar aqueles que não compreendemos decorre de um amor-próprio excessivo que prejudica a nossa própria saúde espiritual e psicológica. O fato de o meu artigo ter sido rejeitado é irônico se levarmos em conta seu tema central: podemos ser dogmáticos com relação à religião ou à psicologia, mas ao nos considerarmos superiores aos outros e ao achar que não precisamos do que eles têm a nos oferecer estamos causando um dano a nós mesmos. Meu artigo acabou sendo publicado em uma revista de psicologia conhecida por interessar-se tanto pela psicologia quanto pela religião. No entanto, não consegui deixar de pensar que os leitores da primeira revista talvez fossem os que mais precisassem ler o que eu estava tentando dizer. O que Jesus criticava como excesso de amor-próprio a psicologia chama de narcisismo, que acontece quando a pessoa tem uma visão grandiosa de si mesma para defender-se das próprias imperfeições. O narcisismo prejudica o relacionamento com os outros e cria uma barreira tanto para a saúde espiritual quanto para a psicológica. Algumas pessoas não acreditam que a psicologia e a religião sejam compatíveis, chegando ao ponto de descrever as divergências entre elas como uma "guerra". Quando a psicologia é excessivamente narcisista e não admite que a religião tenha alguma coisa a oferecer para o entendimento do comportamento humano, ela é culpada de um excesso de amor-próprio. Quando a religião tem um amor-próprio exagerado e não admite que a psicologia tenha algo a oferecer para o entendimento do coração e da mente humana, ela é culpada de narcisismo. Aqueles que são suficientemente humildes para admitir que podem aprender com os outros sem os desprezarem estão no caminho da saúde psicológica e espiritual à qual Jesus se referiu. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros tem origem no medo de sermos inferiores. JESUS PREGOU RELACIONAMENTOS E NÃO REGRAS "Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros.” João 13:35 Jack veio fazer terapia porque havia prometido a si mesmo que se perdesse a paciência e quebrasse de novo alguma coisa procuraria ajuda profissional. Ele sempre cumpre suas promessas. Na verdade, não acredita que a raiva que sente seja um problema; ele apenas acha que a maioria das pessoas tem um comportamento muito condescendente, o que ele considera extremamente irritante. Jack sempre tenta fazer a coisa certa. Por que não deveria esperar o mesmo de todas as outras pessoas? Jack sente que tem o direito de ficar zangado quando os outros o desapontam. No início, ele teve dificuldade com a terapia porque fazia questão de seguir regras. Queria saber como devíamos começar as sessões, ou seja, se tínhamos que retomar as coisas do ponto onde havíamos parado na última vez e exatamente sobre que tipo de coisas devíamos conversar. Jack acreditava que as pessoas boas seguem as regras, e as más estragam tudo. Por esse motivo ele tentava seguir religiosamente as regras em todos os aspectos da sua vida. Ele levou bastante tempo para entender que tanto na terapia de boa qualidade quanto na religião de bom nível as regras só existem e são usadas para favorecer melhores relacionamentos. Não existe nenhum mérito em seguir regras só pelo fato de serem regras. Jack não compreendia isso. Para ele o simples fato de uma pessoa seguir rigidamente as regras indicava a qualidade da pessoa, e por isso ele se enraivecia quando as regras não eram obedecidas ao pé da letra. Ele rejeitava a idéia de que uma pessoa boa talvez tivesse às vezes que sacrificar algumas regras para preservar seus relacionamentos com os outros, pois as considerava mais importantes do que os relacionamentos. Jack começou aos poucos a perceber que o relacionamento que tinha comigo o estava ajudando, apesar de eu não seguir o que ele imaginara como sendo as regras da terapia. No início, ele se aborreceu comigo, mas acabou concluindo que poderia ser de algum modo beneficiado por eu compreendê-lo. Jack começou a sentir a minha importância por eu ser quem era e não por eu ter um desempenho à altura do que ele esperava. Foi uma grande libertação quando Jack descobriu que era isso exatamente o que ele queria sentir por si mesmo. Ele vinha seguindo religiosamente as regras porque tinha medo de não ser considerado uma boa pessoa. Jack está começando a acreditar que os outros poderão achar que ele tem valor por ser quem é, mesmo que o seu desempenho não corresponda às expectativas deles. Está começando a compreender a diferença entre a religião em que acreditava, na qual as regras têm primazia, e a religião de Jesus, na qual os relacionamentos são o ponto principal. Jesus não pregou uma filosofia de vida e não deixou um conjunto de regras religiosas para serem seguidas. Ele se expressava por meio de analogias, oferecia princípios espirituais e falava sobre o amor como a marca que distinguia aqueles que o seguiam. Ele disse: "Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros", porque esta era a mais pura explicação da religião que ele pregava. A religião dele era de relacionamentos e não de regras A psicologia está chegando à conclusão de que os seres humanos não podem existir sem um relacionamento saudável com outra pessoa. Estamos reconhecendo que os relacionamentos são a atmosfera necessária à nossa sobrevivência. As crianças que não são abraçadas não se desenvolvem bem, parceiros amorosos de uma vida inteira morrem com poucos meses de diferença e a solidão é a principal causa do suicídio. A religião de Jesus era sobre amor e relacionamento, não sobre regras, porque é do amor nos relacionamentos que precisamos para sobreviver. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os relacionamentos que encerram amor são a prova da verdadeira religião. ESTÍMULO "Eu vos digo que este homem... voltou para casa justificado diante de Deus." Lucas 18:14 De acordo com Jesus, Deus não exige que mudemos para que ele nos ame; é porque nos ama que ele nos estimula a mudar. É nos momentos de paz em que ansiamos em nos tornar pessoas melhores e admitimos para nós mesmos que podemos crescer que o sentimento de sermos amados por Deus nos estimula. O estímulo nos motiva a ser completos. No início, achei que a minha terapia com Jéssica tinha tudo para dar certo por causa do apego positivo que ela parecia ter por mim. "Você parece realmente saber o que está fazendo", disse ela. "Acho que sou uma pessoa de sorte por ter encontrado alguém tão competente na sua função quanto sou na minha." Mas, à medida que o tempo foi passando, ficou claro que o fato de idealizar-me estava prejudicando Jéssica. Em vez de sentir-se melhor na minha presença, ela parecia sentir-se pior. Embora me considerasse um grande terapeuta, ela dava a impressão de não se sentir à vontade com o que considerava a minha excelência. "Você foi realmente esperto quando decidiu ser psicólogo, porque estou certa de que você não tem que suportar o tipo de frustrações no seu trabalho que eu tenho que enfrentar no meu", ela se queixava. "Quero dizer, as pessoas com quem eu trabalho são basicamente idiotas. Eu sou provavelmente a pessoa mais esperta no escritório e ninguém parece gostar disso." Jéssica dava a impressão de estar quase desconcertada porque a sua vida não estava indo tão bem quanto ela imaginava que a minha estivesse. Finalmente percebi que cada vez que Jéssica estava comigo e me olhava considerando-me uma pessoa especialmente bem sucedida, ela se sentia um fracasso. Apesar de me repetir que estava se dando muito bem na vida e de contar seus sucessos no trabalho, a verdade era que Jéssica sentia uma grande insatisfação. Sentia-se desestimulada e não queria que ninguém soubesse disso. De repente percebi que o triunfalismo de Jéssica era uma fachada para encobrir sua sensação de fracasso. Ela precisava sentir-se segura para falar de suas falhas, de suas vulnerabilidades e do quanto desejava ser melhor do que achava que era. Assim que Jéssica conseguiu descrever a sua insegurança e dizer que queria que os outros gostassem dela mas temia que isso não acontecesse, nossa terapia adquiriu uma qualidade diferente. Jéssica ficou surpresa com o que aconteceu. Em vez de sentir-se pior a respeito de si mesma por falar de suas falhas, ela passou a sentir-se melhor. A tentativa de receber atenção demonstrando uma extrema competência na verdade a desestimulava, mas o fato de compartilhar seu ardente desejo de crescer e melhorar começou a dar-lhe mais coragem. Jéssica estava aprendendo que era mais importante para ela receber estímulos dos outros do que tentar impressioná-los. Este foi um passo fundamental para que ela compreendesse do que precisava para ser uma pessoa completa. Jesus ensinou que temos um Deus que está intimamente interessado em tudo a nosso respeito, não para julgar-nos por nossas más ações e sim por desejar o nosso crescimento. Cada um de nós é importante para Deus. Quando revelamos a ele os nossos pensamentos e sentimentos mais profundos, ele nos aceita pelo que somos. Esta é uma profunda fonte de estímulo. Jesus ensinou que temos uma necessidade essencial de crescer e que o estímulo que vem de Deus nos encoraja para nos desenvolvermos. Qualquer pessoa que tenha criado uma criança conhece essa necessidade humana fundamental. Quer seja empilhando blocos ou tentando ganhar o Prêmio Nobel, precisamos que os nossos esforços tenham importância para outra pessoa. Necessitamos de estímulo para crescer. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não mude para ser amado; cresça a partir do que você é. SERMOS AMADOS POR QUEM SOMOS "E até mesmo todos os fios de cabelo da vossa cabeça estão contados.” Mateus 10:30 Foi muito bom Mary e Daniel terem procurado o aconselhamento conjugal. Mary amava Daniel, mas achava que viver com ele era muito estressante. Daniel era um homem de elevados princípios morais, comprometido com suas convicções religiosas e que valorizava a sua reputação na comunidade. Mary era uma pessoa de espírito livre que dava valor a ser receptiva e aberta aos outros. Daniel era um homem para quem as coisas eram "ou pretas ou brancas", ao passo que Mary vivia principalmente nas "áreas cinzentas". Ambos tinham muito a aprender um com o outro, mas cada um achava o outro decepcionante. Daniel acreditava firmemente no certo e no errado. Mary achava que os sentimentos da outra pessoa deviam ser considerados em primeiro lugar. Às vezes, Daniel era mais prudente, em outras Mary era mais amorosa. A dificuldade estava no fato de que para Daniel e Mary suas diferenças significavam desavenças, e isso era um problema no casamento deles. Daniel acreditava que marido e mulher deviam tornar-se "uma só carne" e deviam concordar e pensar da mesma maneira quando tomavam decisões. Mary nem sempre tinha o mesmo ponto de vista a respeito das coisas. Daniel via as opiniões diferentes de Mary como uma oposição e um desafio a ele. Mary achava que Daniel era crítico demais. Mary respeitava Daniel por ele ser íntegro e fiel, mas mesmo assim queria que o marido mudasse. Daniel amava Mary por sua compaixão e capacidade de discernimento, mas considerava a recusa dela em prestar atenção aos detalhes um defeito de caráter. Nem Mary nem Daniel gostavam de ter um cônjuge tão diferente de si. Ambos eram de opinião que intimidade significava concordância, de modo que questionavam o casamento baseados no fato de terem personalidades diferentes. Tanto Mary quanto Daniel achavam que tinham cometido um erro ao se casar, mas nenhum dos dois sabia o que fazer a respeito do problema. Embora fosse mais difícil para Daniel, eles começaram a discutir menos quando ambos modificaram a maneira como encaravam as diferenças entre eles. Ser diferente não tinha que significar que algo estava errado; poderia também ser um sinal de força no casamento. Daniel aprendeu por que "A corda tripla não se rompe facilmente" (Eclesiastes 4:12) quando começou a perceber como as diferenças entre eles poderiam atuar juntas para tornar a união mais forte. Começou a entender que um vínculo formado pelo amor era sempre mais forte do que laços baseados na total concordância. A harmonia no casamento de Daniel e Mary melhorou assim que eles foram capazes de aplicar essa lição a si mesmos. À medida que Daniel e Mary começaram a apreciar suas diferenças, em vez de ressentir-se delas, eles continuaram a discordar a respeito das coisas, mas essas divergências geraram menos discussões. Jesus ensinou que as características de cada pessoa como indivíduo são tão importantes para Deus que este sabe o número "até mesmo de todos os fios de cabelo da vossa cabeça". Jesus acreditava que cada um de nós possui características únicas que enriquecem nossos relacionamentos com os outros. As nossas personalidades distintas precisam ser apreciadas para que os nossos relacionamentos sejam completos. Algumas pessoas têm dificuldade em compreender isso. Elas acham que se fizermos parte da mesma comunidade não poderemos ser diferentes em nada, ou seja, precisamos andar, falar, nos vestir, agir e pensar da mesma maneira para fazer parte do mesmo grupo. Jesus não pensava assim. Ele acreditava que os relacionamentos mais fortes deixam espaço para as diferenças individuais entre as pessoas. A nossa capacidade de conviver com essas diferenças é um sinal de saúde espiritual e emocional. Na verdade, as pessoas que têm os relacionamentos mais amadurecidos sentem prazer no fato de serem diferentes. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: As diferenças não precisam significar divergências. O PERDÃO E A CURA "O que é mais fácil dizer: 'Teus pecados estão perdoados' ou 'Levanta-te e anda?” Lucas 5:23 Emma sofreu abuso e foi abandonada pelos pais quando criança, tendo sido criada no sistema de lares adotivos. Sua infância foi extremamente sofrida por causa do tratamento que recebeu dos pais e também em vários dos locais onde morou. Emma sempre culpara os pais pelo sofrimento que teve que suportar, mas ultimamente decidira colocar uma pedra em cima do passado. "Já consegui superar tudo", ela me explicou. "Eles provavelmente eram imaturos e incapazes de assumir responsabilidade ou não tinham recursos. Não importa. Vou simplesmente me concentrar no presente e deixar o passado para trás. Não estou interessada em uma terapia profunda. Só preciso de algumas sessões rápidas para recobrar o equilíbrio e seguir em frente.” Mas o passado de Emma recusava-se a ficar para trás. Ela sentia raiva grande parte do tempo, não confiava nas pessoas, nunca dormia bem e fazia sistematicamente más escolhas nos seus relacionamentos. Emma havia desculpado os pais, mas não os havia perdoado. No entanto, queria seguir em frente, sem olhar para trás, achando que revolver todas aquelas recordações dolorosas da infância era penoso demais e não adiantaria nada. Acontece que a terapia de Emma não foi tão rápida quanto ela desejava. Foram necessários anos de terapia e grupos de apoio para que ela pudesse compreender a importância de lidar com sua questão inacabada com os pais e mais tempo ainda para que pensasse em perdoá-los. No fundo, Emma não queria perdoar os pais porque achava que ao fazer assim estaria tornando a atitude deles aceitável. Mas isso não é verdade. Pode-se perfeitamente perdoar as pessoas, mas optar por não permitir que elas voltem a fazer parte da sua vida se você não achar que recebê-las de volta seria uma boa coisa. Emma precisava acreditar que o que os pais fizeram foi errado, mas não tinha que continuar a odiá-los por isso. O seu ódio só a estava magoando. Emma precisava perdoar os pais por causa dela mesma, e não deles. Ao compartilhar suas experiências e sentimentos na terapia e nos grupos de apoio, Emma não se sente mais sozinha. Sentindo-se compreendida, ela começou a olhar de novas maneiras para o ressentimento que os pais despertaram nela. Ao perdoá-los, ela libertou a si mesma de uma vida de culpa e ódio. O trabalho foi imenso, mas, ao completá-lo, Emma atingiu um nível mais profundo de totalidade espiritual e psicológica. Às vezes os meus pacientes gostariam que eu dissesse algo milagroso que lhes permitisse psicologicamente "levantar-se e andar" de imediato. Mas quando somos feridos no nosso nível mais profundo precisamos passar por um processo que exige a nossa participação ativa. Precisamos nos esforçar para identificar o que foi ferido no nosso coração e nos nossos relacionamentos para em seguida perdoar. Esta seqüência geralmente não é fácil e raramente é instantânea. Na época de Jesus, as pessoas também desejavam soluções imediatas. Elas preferiam os milagres ao trabalho árduo. Mas Jesus não estava interessado simplesmente em ajudar as pessoas a se sentir melhor; ele queria que elas de fato melhorassem. Para ele, isso significava lidar com as feridas do coração e dos relacionamentos que exigiam perdão e reconciliação. Ele sabia que às vezes era mais fácil dizer a uma pessoa fisicamente debilitada "levanta-te e anda" do que dizer "teus pecados estão perdoados". Curar fisicamente o corpo era fácil quando comparado com o arrependimento e o perdão necessários no coração humano. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: É mais fácil desculpar as pessoas do que perdoá-las; mas para o nosso crescimento o ideal é perdoar.

Conhecendo a verdadeira humildade
Jesus contou também a seguinte parábola para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os outros: "Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro, um cobrador de impostos. O fariseu rezava, em pé, desta maneira: 'Ó Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo que possuo.' Mas o cobrador de impostos, parado à distância, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu. Batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, pecador!' Eu vos digo: Este voltou justificado para casa e não aquele. Porque todo aquele que se enaltece será humilhado e quem se humilha será exaltado.” Lucas: 18:9-14 Jesus criticava o amor-próprio excessivo porque acreditava que as pessoas que aceitam depender de Deus e abrem mão da autosuficiência alcançam a plenitude. É preciso humildade para reconhecer que não somos Deus e saber que precisamos nos relacionar com ele para sermos espiritualmente completos. Essa mesma humildade nos permite compreender que também necessitamos dos outros para sermos emocionalmente completos. Deixamos de ser humildes e fingimos ser superiores aos outros quando sentimos medo de admitir que temos necessidade deles. A tendência atual da psicologia também reconhece a importância de dependermos dos outros. Não somos unidades auto-suficientes e sim seres interligados.1 O ponto de partida para a plenitude espiritual e psicológica é a nossa necessidade de ter um relacionamento com algo maior do que nós mesmos. A dependência saudável nos relacionamentos produz pessoas saudáveis. Precisar dos outros nos torna mais fortes e não ca- rentes. Os seguidores de Jesus nunca se consideravam melhores do que as outras pessoas pelo fato de precisarem delas para serem completos. Ao contrário dos fariseus, temos que agradecer a Deus por sermos como as outras pessoas, porque isso nos coloca no caminho para conhecer a plenitude. A GUERRA ENTRE A PSICOLOGIA E A RELIGIÃO "Para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os outros...” Lucas 18:9 Várias pessoas religiosas têm me procurado no decorrer dos anos para fazer terapia. Em determinados casos, precisei ser muito cuidadoso devido ao preconceito delas contra a psicologia, mas acabei descobrindo algumas abordagens bastante proveitosas. Por desejar compartilhar o que aprendera com outros profissionais, escrevi um artigo e submeti-o a uma famosa revista técnica na área da psicoterapia. Fiquei consternado ao ser informado que o artigo tinha sido rejeitado. O editor da publicação incluiu na carta que me enviou os comentários da pessoa que fez a análise do meu artigo. Fiquei surpreso com os comentários, que eram concisos, hostis e extremamente pejorativos. No final da análise, em que apaixonadamente argumentava que o assunto em questão não era adequado a uma revista de psicologia, as frases estavam incompletas evidenciando a raiva de quem escrevera. Ficou claro para mim que ele não tinha terminado de ler o meu artigo porque várias das suas objeções haviam sido respondidas na parte final do meu texto. Eu escrevera o artigo para ajudar os psicoterapeutas a entender os preconceitos dos pacientes religiosos. No entanto, vários psicoterapeutas também estão precisando de ajuda com relação aos seus próprios preconceitos contra a religião. A necessidade de menosprezar aqueles que não compreendemos decorre de um amor-próprio excessivo que prejudica a nossa própria saúde espiritual e psicológica. O fato de o meu artigo ter sido rejeitado é irônico se levarmos em conta seu tema central: podemos ser dogmáticos com relação à religião ou à psicologia, mas ao nos considerarmos superiores aos outros e ao achar que não precisamos do que eles têm a nos oferecer estamos causando um dano a nós mesmos. Meu artigo acabou sendo publicado em uma revista de psicologia conhecida por interessar-se tanto pela psicologia quanto pela religião. No entanto, não consegui deixar de pensar que os leitores da primeira revista talvez fossem os que mais precisassem ler o que eu estava tentando dizer. O que Jesus criticava como excesso de amor-próprio a psicologia chama de narcisismo, que acontece quando a pessoa tem uma visão grandiosa de si mesma para defender-se das próprias imperfeições. O narcisismo prejudica o relacionamento com os outros e cria uma barreira tanto para a saúde espiritual quanto para a psicológica. Algumas pessoas não acreditam que a psicologia e a religião sejam compatíveis, chegando ao ponto de descrever as divergências entre elas como uma "guerra". Quando a psicologia é excessivamente narcisista e não admite que a religião tenha alguma coisa a oferecer para o entendimento do comportamento humano, ela é culpada de um excesso de amor-próprio. Quando a religião tem um amor-próprio exagerado e não admite que a psicologia tenha algo a oferecer para o entendimento do coração e da mente humana, ela é culpada de narcisismo. Aqueles que são suficientemente humildes para admitir que podem aprender com os outros sem os desprezarem estão no caminho da saúde psicológica e espiritual à qual Jesus se referiu. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros tem origem no medo de sermos inferiores. JESUS PREGOU RELACIONAMENTOS E NÃO REGRAS "Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros.” João 13:35 Jack veio fazer terapia porque havia prometido a si mesmo que se perdesse a paciência e quebrasse de novo alguma coisa procuraria ajuda profissional. Ele sempre cumpre suas promessas. Na verdade, não acredita que a raiva que sente seja um problema; ele apenas acha que a maioria das pessoas tem um comportamento muito condescendente, o que ele considera extremamente irritante. Jack sempre tenta fazer a coisa certa. Por que não deveria esperar o mesmo de todas as outras pessoas? Jack sente que tem o direito de ficar zangado quando os outros o desapontam. No início, ele teve dificuldade com a terapia porque fazia questão de seguir regras. Queria saber como devíamos começar as sessões, ou seja, se tínhamos que retomar as coisas do ponto onde havíamos parado na última vez e exatamente sobre que tipo de coisas devíamos conversar. Jack acreditava que as pessoas boas seguem as regras, e as más estragam tudo. Por esse motivo ele tentava seguir religiosamente as regras em todos os aspectos da sua vida. Ele levou bastante tempo para entender que tanto na terapia de boa qualidade quanto na religião de bom nível as regras só existem e são usadas para favorecer melhores relacionamentos. Não existe nenhum mérito em seguir regras só pelo fato de serem regras. Jack não compreendia isso. Para ele o simples fato de uma pessoa seguir rigidamente as regras indicava a qualidade da pessoa, e por isso ele se enraivecia quando as regras não eram obedecidas ao pé da letra. Ele rejeitava a idéia de que uma pessoa boa talvez tivesse às vezes que sacrificar algumas regras para preservar seus relacionamentos com os outros, pois as considerava mais importantes do que os relacionamentos. Jack começou aos poucos a perceber que o relacionamento que tinha comigo o estava ajudando, apesar de eu não seguir o que ele imaginara como sendo as regras da terapia. No início, ele se aborreceu comigo, mas acabou concluindo que poderia ser de algum modo beneficiado por eu compreendê-lo. Jack começou a sentir a minha importância por eu ser quem era e não por eu ter um desempenho à altura do que ele esperava. Foi uma grande libertação quando Jack descobriu que era isso exatamente o que ele queria sentir por si mesmo. Ele vinha seguindo religiosamente as regras porque tinha medo de não ser considerado uma boa pessoa. Jack está começando a acreditar que os outros poderão achar que ele tem valor por ser quem é, mesmo que o seu desempenho não corresponda às expectativas deles. Está começando a compreender a diferença entre a religião em que acreditava, na qual as regras têm primazia, e a religião de Jesus, na qual os relacionamentos são o ponto principal. Jesus não pregou uma filosofia de vida e não deixou um conjunto de regras religiosas para serem seguidas. Ele se expressava por meio de analogias, oferecia princípios espirituais e falava sobre o amor como a marca que distinguia aqueles que o seguiam. Ele disse: "Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros", porque esta era a mais pura explicação da religião que ele pregava. A religião dele era de relacionamentos e não de regras A psicologia está chegando à conclusão de que os seres humanos não podem existir sem um relacionamento saudável com outra pessoa. Estamos reconhecendo que os relacionamentos são a atmosfera necessária à nossa sobrevivência. As crianças que não são abraçadas não se desenvolvem bem, parceiros amorosos de uma vida inteira morrem com poucos meses de diferença e a solidão é a principal causa do suicídio. A religião de Jesus era sobre amor e relacionamento, não sobre regras, porque é do amor nos relacionamentos que precisamos para sobreviver. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os relacionamentos que encerram amor são a prova da verdadeira religião. ESTÍMULO "Eu vos digo que este homem... voltou para casa justificado diante de Deus." Lucas 18:14 De acordo com Jesus, Deus não exige que mudemos para que ele nos ame; é porque nos ama que ele nos estimula a mudar. É nos momentos de paz em que ansiamos em nos tornar pessoas melhores e admitimos para nós mesmos que podemos crescer que o sentimento de sermos amados por Deus nos estimula. O estímulo nos motiva a ser completos. No início, achei que a minha terapia com Jéssica tinha tudo para dar certo por causa do apego positivo que ela parecia ter por mim. "Você parece realmente saber o que está fazendo", disse ela. "Acho que sou uma pessoa de sorte por ter encontrado alguém tão competente na sua função quanto sou na minha." Mas, à medida que o tempo foi passando, ficou claro que o fato de idealizar-me estava prejudicando Jéssica. Em vez de sentir-se melhor na minha presença, ela parecia sentir-se pior. Embora me considerasse um grande terapeuta, ela dava a impressão de não se sentir à vontade com o que considerava a minha excelência. "Você foi realmente esperto quando decidiu ser psicólogo, porque estou certa de que você não tem que suportar o tipo de frustrações no seu trabalho que eu tenho que enfrentar no meu", ela se queixava. "Quero dizer, as pessoas com quem eu trabalho são basicamente idiotas. Eu sou provavelmente a pessoa mais esperta no escritório e ninguém parece gostar disso." Jéssica dava a impressão de estar quase desconcertada porque a sua vida não estava indo tão bem quanto ela imaginava que a minha estivesse. Finalmente percebi que cada vez que Jéssica estava comigo e me olhava considerando-me uma pessoa especialmente bem sucedida, ela se sentia um fracasso. Apesar de me repetir que estava se dando muito bem na vida e de contar seus sucessos no trabalho, a verdade era que Jéssica sentia uma grande insatisfação. Sentia-se desestimulada e não queria que ninguém soubesse disso. De repente percebi que o triunfalismo de Jéssica era uma fachada para encobrir sua sensação de fracasso. Ela precisava sentir-se segura para falar de suas falhas, de suas vulnerabilidades e do quanto desejava ser melhor do que achava que era. Assim que Jéssica conseguiu descrever a sua insegurança e dizer que queria que os outros gostassem dela mas temia que isso não acontecesse, nossa terapia adquiriu uma qualidade diferente. Jéssica ficou surpresa com o que aconteceu. Em vez de sentir-se pior a respeito de si mesma por falar de suas falhas, ela passou a sentir-se melhor. A tentativa de receber atenção demonstrando uma extrema competência na verdade a desestimulava, mas o fato de compartilhar seu ardente desejo de crescer e melhorar começou a dar-lhe mais coragem. Jéssica estava aprendendo que era mais importante para ela receber estímulos dos outros do que tentar impressioná-los. Este foi um passo fundamental para que ela compreendesse do que precisava para ser uma pessoa completa. Jesus ensinou que temos um Deus que está intimamente interessado em tudo a nosso respeito, não para julgar-nos por nossas más ações e sim por desejar o nosso crescimento. Cada um de nós é importante para Deus. Quando revelamos a ele os nossos pensamentos e sentimentos mais profundos, ele nos aceita pelo que somos. Esta é uma profunda fonte de estímulo. Jesus ensinou que temos uma necessidade essencial de crescer e que o estímulo que vem de Deus nos encoraja para nos desenvolvermos. Qualquer pessoa que tenha criado uma criança conhece essa necessidade humana fundamental. Quer seja empilhando blocos ou tentando ganhar o Prêmio Nobel, precisamos que os nossos esforços tenham importância para outra pessoa. Necessitamos de estímulo para crescer. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não mude para ser amado; cresça a partir do que você é. SERMOS AMADOS POR QUEM SOMOS "E até mesmo todos os fios de cabelo da vossa cabeça estão contados.” Mateus 10:30 Foi muito bom Mary e Daniel terem procurado o aconselhamento conjugal. Mary amava Daniel, mas achava que viver com ele era muito estressante. Daniel era um homem de elevados princípios morais, comprometido com suas convicções religiosas e que valorizava a sua reputação na comunidade. Mary era uma pessoa de espírito livre que dava valor a ser receptiva e aberta aos outros. Daniel era um homem para quem as coisas eram "ou pretas ou brancas", ao passo que Mary vivia principalmente nas "áreas cinzentas". Ambos tinham muito a aprender um com o outro, mas cada um achava o outro decepcionante. Daniel acreditava firmemente no certo e no errado. Mary achava que os sentimentos da outra pessoa deviam ser considerados em primeiro lugar. Às vezes, Daniel era mais prudente, em outras Mary era mais amorosa. A dificuldade estava no fato de que para Daniel e Mary suas diferenças significavam desavenças, e isso era um problema no casamento deles. Daniel acreditava que marido e mulher deviam tornar-se "uma só carne" e deviam concordar e pensar da mesma maneira quando tomavam decisões. Mary nem sempre tinha o mesmo ponto de vista a respeito das coisas. Daniel via as opiniões diferentes de Mary como uma oposição e um desafio a ele. Mary achava que Daniel era crítico demais. Mary respeitava Daniel por ele ser íntegro e fiel, mas mesmo assim queria que o marido mudasse. Daniel amava Mary por sua compaixão e capacidade de discernimento, mas considerava a recusa dela em prestar atenção aos detalhes um defeito de caráter. Nem Mary nem Daniel gostavam de ter um cônjuge tão diferente de si. Ambos eram de opinião que intimidade significava concordância, de modo que questionavam o casamento baseados no fato de terem personalidades diferentes. Tanto Mary quanto Daniel achavam que tinham cometido um erro ao se casar, mas nenhum dos dois sabia o que fazer a respeito do problema. Embora fosse mais difícil para Daniel, eles começaram a discutir menos quando ambos modificaram a maneira como encaravam as diferenças entre eles. Ser diferente não tinha que significar que algo estava errado; poderia também ser um sinal de força no casamento. Daniel aprendeu por que "A corda tripla não se rompe facilmente" (Eclesiastes 4:12) quando começou a perceber como as diferenças entre eles poderiam atuar juntas para tornar a união mais forte. Começou a entender que um vínculo formado pelo amor era sempre mais forte do que laços baseados na total concordância. A harmonia no casamento de Daniel e Mary melhorou assim que eles foram capazes de aplicar essa lição a si mesmos. À medida que Daniel e Mary começaram a apreciar suas diferenças, em vez de ressentir-se delas, eles continuaram a discordar a respeito das coisas, mas essas divergências geraram menos discussões. Jesus ensinou que as características de cada pessoa como indivíduo são tão importantes para Deus que este sabe o número "até mesmo de todos os fios de cabelo da vossa cabeça". Jesus acreditava que cada um de nós possui características únicas que enriquecem nossos relacionamentos com os outros. As nossas personalidades distintas precisam ser apreciadas para que os nossos relacionamentos sejam completos. Algumas pessoas têm dificuldade em compreender isso. Elas acham que se fizermos parte da mesma comunidade não poderemos ser diferentes em nada, ou seja, precisamos andar, falar, nos vestir, agir e pensar da mesma maneira para fazer parte do mesmo grupo. Jesus não pensava assim. Ele acreditava que os relacionamentos mais fortes deixam espaço para as diferenças individuais entre as pessoas. A nossa capacidade de conviver com essas diferenças é um sinal de saúde espiritual e emocional. Na verdade, as pessoas que têm os relacionamentos mais amadurecidos sentem prazer no fato de serem diferentes. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: As diferenças não precisam significar divergências. O PERDÃO E A CURA "O que é mais fácil dizer: 'Teus pecados estão perdoados' ou 'Levanta-te e anda?” Lucas 5:23 Emma sofreu abuso e foi abandonada pelos pais quando criança, tendo sido criada no sistema de lares adotivos. Sua infância foi extremamente sofrida por causa do tratamento que recebeu dos pais e também em vários dos locais onde morou. Emma sempre culpara os pais pelo sofrimento que teve que suportar, mas ultimamente decidira colocar uma pedra em cima do passado. "Já consegui superar tudo", ela me explicou. "Eles provavelmente eram imaturos e incapazes de assumir responsabilidade ou não tinham recursos. Não importa. Vou simplesmente me concentrar no presente e deixar o passado para trás. Não estou interessada em uma terapia profunda. Só preciso de algumas sessões rápidas para recobrar o equilíbrio e seguir em frente.” Mas o passado de Emma recusava-se a ficar para trás. Ela sentia raiva grande parte do tempo, não confiava nas pessoas, nunca dormia bem e fazia sistematicamente más escolhas nos seus relacionamentos. Emma havia desculpado os pais, mas não os havia perdoado. No entanto, queria seguir em frente, sem olhar para trás, achando que revolver todas aquelas recordações dolorosas da infância era penoso demais e não adiantaria nada. Acontece que a terapia de Emma não foi tão rápida quanto ela desejava. Foram necessários anos de terapia e grupos de apoio para que ela pudesse compreender a importância de lidar com sua questão inacabada com os pais e mais tempo ainda para que pensasse em perdoá-los. No fundo, Emma não queria perdoar os pais porque achava que ao fazer assim estaria tornando a atitude deles aceitável. Mas isso não é verdade. Pode-se perfeitamente perdoar as pessoas, mas optar por não permitir que elas voltem a fazer parte da sua vida se você não achar que recebê-las de volta seria uma boa coisa. Emma precisava acreditar que o que os pais fizeram foi errado, mas não tinha que continuar a odiá-los por isso. O seu ódio só a estava magoando. Emma precisava perdoar os pais por causa dela mesma, e não deles. Ao compartilhar suas experiências e sentimentos na terapia e nos grupos de apoio, Emma não se sente mais sozinha. Sentindo-se compreendida, ela começou a olhar de novas maneiras para o ressentimento que os pais despertaram nela. Ao perdoá-los, ela libertou a si mesma de uma vida de culpa e ódio. O trabalho foi imenso, mas, ao completá-lo, Emma atingiu um nível mais profundo de totalidade espiritual e psicológica. Às vezes os meus pacientes gostariam que eu dissesse algo milagroso que lhes permitisse psicologicamente "levantar-se e andar" de imediato. Mas quando somos feridos no nosso nível mais profundo precisamos passar por um processo que exige a nossa participação ativa. Precisamos nos esforçar para identificar o que foi ferido no nosso coração e nos nossos relacionamentos para em seguida perdoar. Esta seqüência geralmente não é fácil e raramente é instantânea. Na época de Jesus, as pessoas também desejavam soluções imediatas. Elas preferiam os milagres ao trabalho árduo. Mas Jesus não estava interessado simplesmente em ajudar as pessoas a se sentir melhor; ele queria que elas de fato melhorassem. Para ele, isso significava lidar com as feridas do coração e dos relacionamentos que exigiam perdão e reconciliação. Ele sabia que às vezes era mais fácil dizer a uma pessoa fisicamente debilitada "levanta-te e anda" do que dizer "teus pecados estão perdoados". Curar fisicamente o corpo era fácil quando comparado com o arrependimento e o perdão necessários no coração humano. PRINCÍPIO ESPIRITUAL: É mais fácil desculpar as pessoas do que perdoá-las; mas para o nosso crescimento o ideal é perdoar.
por Mark W. Baker
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