Estudos Preliminares sobre satanismo
O OCULTISMO

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A História revela uma certa evolução no modo como a figura do
Diabo se encaixou na sociedade e na religiosidade popular.
Um estudo histórico de demonologia e todas as suas variações e
manifestações, como está no livro "Rastros do Oculto" será de incalculável
valor.
Terminologia
O vocábulo "Oculto" deriva da palavra latina "occultus" e significa
escondido, secreto, obscuro; aquilo que é de falso fundamento, misterioso.
São fenômenos que parecem escapar, como realmente escapam, ao
domínio dos sentidos. A palavra sinônima de Oculto - popularmente
falando - é "Esotérico" e está relacionada com a doutrina que é escondida
das "pessoas em geral", mas se revela apenas aos iniciados; isto já é uma
prática longínqua, comum a todas as Antigas Culturas. O Dicionário de
Religiões, Crenças e Ocultismo relata: "Ocultismo é o que está além da
esfera do conhecimento empírico; o sobrenatural; o que é secreto ou
escondido".
O termo "Ocultismo", criado no Século XIX pelo francês Eliphas Lévi
(Alphonse Louis Constant), designa a série de teorias, práticas e rituais
que têm por base conhecimentos secretos e a possibilidade de invocar
forças desconhecidas, sejam da mente ou da natureza. A alquimia, a
astrologia, a cabala e a bruxaria estão entre as mais antigas formas de
Ocultismo.
Com metodologia própria para curar enfermidades, obter
determinados bens ou adivinhar o futuro, essas doutrinas pressupõem a
existência de espíritos e de Forças Ocultas que governam o Universo.
Muitas das formas de Ocultismo tiveram origem em Religiões secretas que
vêm - pasme, se quiser! - desde a Antiguidade. Não surgiu apenas com a
Bruxaria da Idade Média, como pensávamos todos.
Ao nos referirmos ao Ocultismo, não estamos tratando de um
Sistema Religioso específico, ou uma Organização Homogênea.
Determinado grupo ou seita pode conter dentro do seu escopo doutrinário,
ou regras de fé e práticas, ensinos extraídos do Ocultismo. Existem vários
grupos que praticam, explícita ou implicitamente, o Ocultismo.
Ele - Asmodeo, Belzebu, Azazel, Belial, Baal são alguns dentre os
muitos nomes com os quais os antigos Hebreus o rotularam. Ou Iblis,
como dizem os Muçulmanos. Ou Arimã, para os seguidores de Zoroastro,
na Pérsia. Seth, para os Egípcios. Ou simplesmente, como bem o sabem
os brasileiros temerosos em mencionar-lhe o nome, o Rabudo, o Tinhoso,
o Beiçudo, o Pai da Mentira, o Cão. O Demo.
Satanás. Diabo. Ou Lucifér, como preferem os
Filhos do Fogo.
Uma das mais intrigantes figuras que
povoaram e ainda povoam o imaginário do ser
humano. É interessante notar que nenhuma
Sociedade conseguiu viver sem uma
personificação do Mal, sem uma "figura do
Diabo". Isso não é Teologia, veja muito bem
isso, e perceba a diferença deste estudo. É
História.
O Diabo chegou ao Século XXI já sem sua aparência grotesca de bode, dragão alado, com chifres e rabo, com uma face monstruosa cheia de dentes pontiagudos. A não ser nas capas de CD's de Hard Rock e nas anedotas cômicas. Na maior parte do Mundo Moderno já não o responsabilizamos por toda doença ou tragédia do Mundo Natural. Foi preciso que o Diabo, antes tão cheio de fama, sobretudo na Europa Medieval, cedesse parte do seu lugar ao Pensamento Racional, aos avanços sobre a superstição e progressos da Ciência. Independente disso é curioso perceber que ele continua; apesar de reduzido em suas ideias e poder originais, é inegável que ele continua influente em nossos dias, qualquer que seja a classe social, o nível cultural ou a nacionalidade das pessoas. É muito difícil que o ser humano, bem no fundo das suas introspecções, ou mesmo de maneira aberta, deixe de precisar de uma explicação na qual somente Satanás se enquadra. Nos Estados Unidos, por exemplo, maior potência do Mundo e centro tecnológico, de 1998 a 2000, cresceu em mais de 10 vezes o número de Exorcistas autorizados pela Igreja Católica. Na França, no mesmo período, eles foram de 15 para 120. Em quase todo o Mundo Desenvolvido (que não se dirá dos "Em Desenvolvimento"?). Isso significa que os Demônios e seus seguidores continuam ainda fazendo parte do cotidiano. Entre os fundamentalistas Islâmicos, Iblis ganhou as cores branca, vermelha e azul, sugestivamente as da Bandeira Norte-americana, país rotulado como "O Grande Satã". Foi, em suma, contra o próprio Diabo que os aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Esta é uma luta também de cunho religioso, e Satanás é o grande vilão a ser enfrentado! Igualmente, para muitos norteamericanos e Cristãos de todo o Mundo, foi a mão do Diabo que guiou os suicidas Muçulmanos naquele fatídico e terrível dia. E para impedir o ação de Demônios que o regime Taliban impõe o uso das burcas pelas mulheres, do mesmo modo que os órgãos sexuais de meninas eram mutilados - e talvez ainda sejam - em certas culturas Mundo afora. Da Europa à Africa, Belzebu segue com suas manipulações. No Brasil, é claro, há amplo terreno para ele, como nós mesmos sabemos, nas suas mais diversas formas. Desde a Quimbanda e o Candomblé, até dentro das Igrejas Evangélicas o Diabo está frequentemente presente. A Igreja Católica, até meados do Século passado, pintava o Diabo com a mais horripilante máscara, mas nos presentes tempos teve que retocá-la para adaptar-se ao Mundo Atual. Mesmo assim, apesar de deixar de lado sua forma grotesca, não perdeu sua força, ao contrário: agora Satanás é mais ardiloso e sutil, induzindo o Coletivo que a verdadeira felicidade está em satisfazer as concupiscências da carne, deixando-se seduzir pelo poder, dinheiro e luxúria; afinal, "a Vida está aqui para ser vivida, sem restrições", e não é preciso servir ao Diabo para abraçar tal filosofia como forma de viver. A Igreja Católica assume esse tipo de ação como demoníaca, mas afastar o homem dos desígnios e caminhos de Deus também pode ser ação do "Bicho". Ao contrário do que muitos intelectuais pensavam, a superstição não regrediu com o avanço da tecnologia e das ciências. Muitos achavam que ninguém mais difundiria histórias mirabolantes sobre seres mirabolantes; aposentariam seus amuletos, suas imagens de Buda, seus cristais, Pirâmides e patas de coelho; o mês de agosto deixaria de ser agourento, bem como as sextas 13... ninguém iria temer o mau-olhado, as invejas; o que não dizer da cartomancia, dos búzios e do tarô? As pessoas têm muita confiança em seus mestres, guias, gurus, médiuns, benzedeiros, pais-desanto... e a coisa não termina por aí... percepção extra-sensorial, mandala, cabala, talismãs, duendes, "anjos", benzimentos...! A grande verdade é que toda espécie de doutrina - até aquelas sem pé nem cabeça - não encontraria centenas, milhares de adeptos, se tais coisas não estivessem em moda. Isso quer dizer que, para desgosto de alguns, mesmo os mais intelectualizados crêem em alguma forma de sobrenatural. Se bom, se mal... se der certo e ajudar na vida... qual o problema, afinal?! Ninguém disse que estamos a cultuar o Diabo... ou disse? "Então, deixe de intrometer-se em minha vida, deixe-me aqui quieto, com meus Florais de Bach e minhas massagens energizantes e minhas manipulações de Chakhras... sabia que Viagem Astral tem tudo a ver comigo?!!!". MAS, PERGUNTA-SE: Quem, afinal de contas, é o Diabo? Ele existe de fato? Está entre nós desde quando? (lembre-se, este estudo não é Teológico, mas Histórico). Historicamente, Satã, como o compreendemos hoje no Ocidente, é um ser que concentra em si a Maldade Absoluta. Mas como isso começou? E apenas idéia difundida pelo Cristianismo ou podemos encontrar as "pegadas do Diabo" ao longo da História, mesmo que ele não as quisesse deixar, preferindo surpreender a todos bem no "Final do Jogo da Vida"?... Em outras palavras..... como foi que a figura do Diabo se tornou o que é? A formação Do Diabo Na Mente Humana Em termos concretos, ele é resultado de uma longa gestação, decorrente basicamente de três aspectos: ♦ Sincretismo: os arquétipos do Mal - imagens psíquicas do Inconsciente Coletivo que, segundo K. Jung, estruturam modos de compreensão comuns aos indivíduos de uma mesma Comunidade - foram ganhando formas concretas a partir deste fenômeno, o Sincretismo. Isto é, por meios da mistura da idéia do Mal que há nas diversas Religiões. Aqui no Brasil, por exemplo, que sofreu bastante influência indígena e africana, além do Catolicismo Português, fica fácil entender o conceito do Sincretismo. Foi tudo "misturado", numa enorme massa de Bolo, à medida que os Povos também se misturavam. O Senhor não queria que o Sincretismo - algo inevitável quando Povos diferentes convivem num mesmo ambiente - contaminasse a Revelação Pura que tinha vindo dos Patriarcas e de Moisés. Como os Israelitas, em tempos antigos, estavam sujeitos a todo tipo de influência pagã, era por esse motivo que Deus os exortava tão claramente a "não prestassem culto a outros deuses". Fica claro perceber que quando se misturam diversas culturas, as idéias delas também se misturam, criando outras. Assim se dá o Sincretismo Religioso. Na Antiguidade, devido à expansão das Civilizações e à formação de Sociedades mais poderosas que outras, milênios de conquistas e grandes misturas entre os povos levaram a uma enorme "miscelânea" em todos os sentidos. É bem a "massa de Bolo"! Nela se colocam diversos ingredientes de todos os tipos, e, ao final, tem-se algo completamente diferente daquilo que tínhamos no começo. Isso sem contar que muitos dos "ingredientes" eram simplesmente impostos pelos conquistadores aos conquistados... A mistura de tudo isso: linguagem, costumes, formas de vida e subsistência, religiosidade, artes e tudo o mais costuma ser muito forte, porque o Homem é um ser social, que se relaciona. E tudo vai sendo misturado na massa! Imagine o processo de colonização do Brasil... todos se misturaram com todos, alguns foram subjugados por outros, mas isso não apagou as suas marcas. Hoje, nosso modo de vida e de pensar tem raízes africanas, portuguesas, indígenas, italianas, germânicas, orientais... nosso País é de enorme miscigenação! Hoje, em nosso Século, temos o privilégio de não sermos obrigados a adotar costumes de outros povos, vivemos num País que permite a liberdade de Culto, um lugar onde o Católico convive com o Espírita, que é vizinho do Protestante, que tolera os Hare-Khrisna (embora queira convertê-lo!), os quais já tomaram ciência das doutrinas Budistas, que certamente conhecem os princípios de Bodhidharma, e a filosofia dos Esotéricos, os quais, tão certo como 2 + 2 = 4 já espantaram de sua porta algumas Testemunha de Jeová, que se pelam de medo dos Muçulmanos... e etc..., etc..., etc... . No entanto, antes, muito antes.... na Antiguidade, na Idade Média e mesmo ainda na Idade Moderna, quando um Reino era conquistado e subjugado, normalmente ocorria o somatório (Sincretismo), uma mistura que gerava algo diferente de ambas... ou então o Povo dominado era obrigado a abandonar suas crenças, e abraçar as novas. ♦ Processos de Transferência: a "criação" do Diabo também é decorrente deles - a pessoa descarrega num mito, numa figura externa, num "ser maléfico absoluto" todo o mal que enxerga dentro de si. E, claro, por não querermos ver a nossa essência ruim, não queremos ver isso como fazendo parte de nosso ser, descarregamos isso de alguma maneira. Podem ser as mais absurdas terapias psicológicas. Mas como estamos tratando do Diabo e não dos desvarios do Consciente e do Inconsciente, a verdade é que tal ser - Satanás - torna-se responsável por tudo aquilo que consideramos ruim ou que se opõe a Deus, sinonimo do Bem e de tudo que é benéfico, altruísta, que perdoa, que tem compaixão, que tem solidariedade e bondade. Transferimos ou descarregamos o ódio, a raiva, o medo, as fobias, os desvios de personalidade, as paixões mundanas. Não aceitamos isso em nós, então transferimos para algo ou alguém. O Diabo é uma ótima pedida! ♦ Mitologia: vem de diversas fontes. A primeira delas é Histórica e admitese que muitos personagens mitológicos de fato existiram, mas as lendas e tradições fabulosas são apenas acréscimos e embelezamentos poéticos. Quer dizer, o fato histórico aconteceu, mas foi contado sob a forma de Poesia. É o caso da Ilíada e da Odisséia, tidos como acontecimentos reais, mas narrados de maneira a dar "leveza e suavidade" à narrativa. A segunda fonte é a Alegórica pura, onde se admite que os Mitos da Antiguidade eram apenas simbolismos, contendo alguma verdade moral, religiosa ou filosófica; mais ou menos como as Parábolas de Jesus, sabe? Outra fonte para dar asas à Mitologia é a Física; pois os principais elementos, ar, terra, fogo e água, bem como os principais elementos da Natureza, sempre foram objeto de adoração religiosa e as principais divindades de todos os Tempos sempre foram personificações de forças da Natureza, ou de seus derivados: deuses da Boa Colheita, do Sol, da Fertilidade, da Beleza, da Chuva etc... Percebendo desde os primórdios da Existência que nem tudo à nossa volta é reflexo do Bem, notamos que uma figura representante do Mal, afinal, se torna peça necessária à Vida! Nenhuma Sociedade Humana conseguiu viver sem ela - ou ele! Psicologicamente falando, como já foi comentado, nos ajuda a exorcizar, a retirar de dentro de nós todo o Mal e colocá-lo em outro lugar. E Historicamente falando, a essência do Mal é reconhecida em toda e qualquer cultura. A partir dessa constatação, começaram as tentativa de personificálo. Personificar o Mal. Teologicamente falando... bem... isso já é outra questão. Mas antes que todo Cristão Evangélico seja tachado de lunático, vamos ver o que nos diz a História. E a História observou que, embora presente em todas as Culturas do Mundo, em todas as épocas, esse personagem - a figura do Mal -, é essencial no Cristianismo como em nenhuma outra Religião ou Povo. Parece que a função do Diabo como válvula de escape está muito clara, por exemplo, no Novo Testamento, base da Doutrina Cristã; aí há mais citações do Mal do que do Bem. E mais referências a Satã que a Deus.... (Naturalmente esta é uma interpretação puramente teórica dos fatos. Não estamos tratando do assunto Teologicamente! Ainda...) Mas vamos começar pelo começo. Em duas palavras: como começou a História do Diabo? Em que momento ele foi citado pela primeira vez pelo Homem, seja pelo motivo que for...? Em que momento a personificação do Mal se transformou nessa figura, nesse Nome?!... A Civilização Humana, desde as suas mais remotas Antiguidades, procurava uma explicação para o Mal. Vamos ver desde quando podemos encontrar "Figuras do Mal", e como elas eram encaradas. ♦ Mesopotâmia: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios, Neobabilônios, Caldeus, Persas:

São Sociedades Antigas que vêm desde a Pré-História, e que se desenvolveram na Mesopotâmia. Aqui surgiram Povos e Civilizações tão antigas quanto a do Egito. Os Sumérios foram os primeiros de importância na região; depois vieram os Semitas (Acádios, Babilônios, Assírios). Por fim, os Caldeus e os Persas. Estes são os mais importantes e de quem falaremos a seguir. Mesopotâmia, em grego, quer dizer "entre rios"; e refere-se à região localizada no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates. Formava a ponta do "Crescente Fértil", o arco de terra habitável que se estendia a oeste através da Síria, e para o sul em direção à Palestina e ao Egito. No uso moderno, o termo adquiriu um significado mais amplo porque se refere não só à terra entre os dois principais rios, mas também aos seus tributários e vales circundantes, englobando uma área da qual faz parte o Iraque, a Síria oriental e o sudeste da Turquia. A Região Mesopotâmica foi berço de muitas civilizações antigas: os Sumérios e os Babilônios ao sul; os Assírios ao norte e, mais tarde, os Persas a leste. Nos tempos antigos, por causa da sua riqueza natural, que sempre atraiu os povos procedentes das regiões vizinhas mais próximas, a região conhecida como Mesopotâmia foi alvo de muitas migrações e conquistas. Foi nesse território que o Homem aprendeu a adaptar-se ao meio ambiente, sobretudo através do controle dos cursos de água dos rios por meio de canais e diques, assim tirando proveito do potencial econômico da região. Por causa da cheia dos rios, o solo era irrigado e, por meio dos canais, fez-se mais fértil ainda, produzindo cultivos abundantes. Foi somente neste momento (quando se conseguiu canalizar a água dos rios e melhorar a qualidade do solo) que começaram a se desenvolver as primeiras comunidades em grande escala. As comunidades mais antigas que surgiram aí datam de 7000 anos a.C, e a partir de 6000 a.C. começaram a aparecer as civilizações que se tornariam as cidades do IV milênio a.C. Os Homens começaram a lucrar com esse sistema para além dos limites puros da subsistência, e passaram a produzir um excedente, diversificar as atividades culturais e tirar proveitos cada vez maiores das comunidades de uma forma coletiva, isto é, na forma de "Cidade". A "invenção" das cidades pode muito bem ter sido o maior legado da Civilização Mesopotâmica. Não havia apenas uma cidade, mas dezenas delas, cada uma controlando o seu próprio território rural e pastoril, e sua própria rede de irrigação. Cada cidade tinha seu caráter singular: havia Cidades Sagradas, Cidades do Saber, Cidades do Comércio, Cidades de Reis; cidades que floresceram por um tempo e depois foram abandonadas, mas também algumas que até os dias de hoje são habitadas! A primeira povoação da região é provavelmente Eridu, embora o exemplo mais notável seja Uruk (a Erech Bíblica), ao sul, onde os Templos de adobe eram decorados com refinada metalurgia e pedras lavradas. Pouco temos a respeito da Religião adotada e rituais praticados, mas sabe-se que sua influência estendeu-se por toda a região vizinha, chegando inclusive a lugares distantes como a costa sírio-palestina. No início do seu florescimento, na Mesopotâmia, doenças, fome e seca eram vistas como as faces zangadas dos deuses. Ainda que aparentemente não houvesse a concepção de "Demônios", havia uma distinção entre os deuses bons e aqueles encarregados de espalhar o Mal aos homens e à Natureza, segundo cada espécie. Havia o grupo que cuidava de espalhar as doenças contagiosas (lepra e malária), o grupo que influenciava na Natureza (vendavais, secas) e o grupo que influenciava o comportamento do homem (raiva, ódio, fúria, epilepsia, distúrbios mentais). Para cada grupo específico havia os "Sacerdotes", homens estudados e preparados para apaziguá-los por meio de rituais, magias, sacrifícios e chás preparados com ervas próprias. Havia, entretanto, o maior de todos, que nenhum Sacerdote conseguia derrotar: o deus da morte que atemorizava principalmente as gestantes e crianças recémnascidas. Claro que o índice de mortalidade infantil era muito elevado nesta região e época, e isto era atribuído a um ser espiritual horrível que não poupava as crianças de viverem. Este "deus" era concebido sob a forma de uma serpente. Por outro lado, a chuva e a boa colheita representavam proteção dos deuses. Quanto à criação, para eles o Mundo começou do Caos e sempre havia a possibilidade disto voltar a acontecer, uma vez que a Criação e a existência eram resultado de uma luta que começou no início dos Tempos. Os Sumérios constituíram a primeira civilização influente a estabelecer-se na Mesopotâmia, em torno de 3000 a.C. Pouco se sabia sobre eles até 1970 quando tabuletas de argila foram encontradas em Ebla, na atual Síria, revelando uma cidade-Estado bem organizada. Foram eles provavelmente os responsáveis pela primeira cultura urbana, que se estendeu até o norte do Eufrates. Outras Povoações Mesopotâmicas importantes foram Adab, Isin, Kish, Larsa, Nippur e Ur. As tabuletas também registravam trechos de vários mitos, mostrando que deuses, como Enki, eram vistos como fonte de vida e fertilidade, aparecendo ora como deus-terra, ora como deuságua; Enki, com Anou ou An, deus-céu; e Enlil, deus do vento e, mais tarde, deus da terra, são os deuses mais primitivos da Suméria. Nin-ursag, também chamada de Nin-mah ou Aruru, a senhora da montanha, também era cultuada. A hierarquia entre esses deuses muda com o tempo. No início da civilização Suméria, Anou ocupa a principal posição. Depois, o deus supremo passa a ser Enlil, considerado o regente da Natureza, o senhor do destino e do poder dos Reis. Por sinal, o Rei assumia papel divino. Os antigos sumérios procuravam obter as graças divinas por meio de sacrifícios regulares e oferendas. Cada deus tinha sua festa especial. Os Sumérios foram os primeiros a inventar a escrita - os caracteres cuneiformes. Descobertas arqueológicas e a decifração da escrita cuneiforme têm revelado as tradições culturais e religiosas desses povos. Entre os documentos decifrados, destacam-se alguns anteriores ao Século XV a.C. Em 2330 a.C. a região foi conquistada pelos Acádios, que estenderam seu domínio sobre a Suméria, unificando toda a Mesopotâmia. Nessa época, percebemos algo mais na Mesopotâmia, a crença na existência de semideuses, por causa de certos achados artísticos. Talvez - quem sabe - foi legado dos Acádios. Também impressionantes Santuários foram construídos no período de 2121-2004 a.C, no período chamado Terceira Dinastia de Ur. Declinou-se novamente a Civilização vigente, quando caíram sob o domínio de Hamurabi (1799-1750 a.C), quando a região foi conquistada pelos Babilônios. Sumérios e Acádios perderam sua independência. Novamente uma parte do que podemos saber a respeito da religiosidade deste momento vem evidenciada da Arte, pois dela se fez uso para imprimir e gravar rituais religiosos, em qualquer cultura do Mundo. Então sabemos, indiretamente, por cerâmicas decoradas e estatuetas de mulheres sentadas, que eles acreditavam na existência das deusas da fertilidade, que certamente eram cultuadas. Os Babilônios (e posteriormente os Assírios) incorporaram os deuses Sumérios apenas trocando seus nomes e alterando a sua hierarquia. Anou, Enki e Enlil permaneceram como deuses principais. Mas muitos outros deuses eram venerados pelo Babilônios: por exemplo Sin, o deus-lua; e Ishtar ou Astarté, deusa do dia e da noite, do amor e da guerra. No Reinado de Hamurabi, o deus Supremo passa a ser Marduk, o mesmo Enlil dos Sumérios, porém mais poderoso. Chamado de "pai dos deuses", ou criador, Marduk sobrevive com o nome de Assur, deus supremo da Assíria, quando esse povo domina a Mesopotâmia. Sabemos também da existência das Torres Escalonadas (Zigurates), típicas construções religiosas dos Babilônios da Mesopotâmia, e também da existência de Templos. A ideologia religiosa dos Babilônios envolvia um sem-número de personalidades divinas, governado por deuses arbitrários, bons e ruins. Nesse contexto sociológico, erguia-se um complexo sistema de relações, no qual incluía o culto, o exorcismo e a magia. Ainda que a Mesopotâmia, neste período, fosse sinônimo da presença dos Babilônios em toda a região, a Cidade de Babilônia foi a primeira Metrópole dos tempos antigos, no sentido mais real desta palavra. Multicultural, multi-étnica, cheia das incríveis realizações dos Mesopotâmios e das vidas de seus poetas, Sacerdotes, Reis, mulheres e homens de negócios, entretecidos com os Mitos da mais antiga Literatura do Mundo. Não há muitos relatos de como a vida era vivida na sua profundidade nessas cidades invisíveis há muito perdidas. Nippur, Sippar, Assur, Nínive, Ur, Acádia, Babilônia. Estas eram algumas das cidades importantes do Império Babilônico que se estabeleceu na Mesopotâmia. Os Babilônicos tinham muitos deuses e deusas, os quais se comportavam de maneira estranha algumas vezes, exercendo tanto o Bem quanto o Mal, de acordo com seus humores. Daí surgiram muitos Rituais que tinham por objetivo satisfazer aos deuses, ou aplacar-lhes a ira. A relação com os deuses é marcada pela total submissão às suas vontades, mas estes por vezes podem manifestá-las através de sonhos e de oráculos. Importante: perceba que segundo estas crenças antigas, o Bem e o Mal habitavam em um só personagem. Como já foi comentado, claro que A Criação do Mundo era algo que muito naturalmente despertava a curiosidade do Homem. Esses antigos Pagãos acreditavam que, antes de serem criadas terra, céu e mar, todas as coisas apresentavam um aspecto a que se dava o nome de Caos (lembra-se que os Sumérios tinham uma crença semelhante, de muitos anos antes?). Esse Caos, uma enorme e confusa massa onde, entretanto, jaziam as sementes das coisas. Latentes. Os deuses e a Natureza, por fim, intervieram e puseram fim a essa discórdia, a esse Caos. Segundo a crença Babilônia, no início do Caos havia deuses bons; mas aqueles que não eram bons por completo (o que é diferente de serem "maus"), criaram um exército para ajudá-los. Um exército a partir de pássaros, escorpiões, leões, touros, e assim por diante. É uma idéia interessante esta, porque fala em "híbridos": metade deuses, metade animais, como já se evidenciava na Cultura Acádia, 500 anos antes, e irá evidenciar-se também em muitas outras culturas antigas, como veremos. TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO RASTROS DO OCULTO DE DANIEL E ISABELA MASTRAL
O Diabo chegou ao Século XXI já sem sua aparência grotesca de bode, dragão alado, com chifres e rabo, com uma face monstruosa cheia de dentes pontiagudos. A não ser nas capas de CD's de Hard Rock e nas anedotas cômicas. Na maior parte do Mundo Moderno já não o responsabilizamos por toda doença ou tragédia do Mundo Natural. Foi preciso que o Diabo, antes tão cheio de fama, sobretudo na Europa Medieval, cedesse parte do seu lugar ao Pensamento Racional, aos avanços sobre a superstição e progressos da Ciência. Independente disso é curioso perceber que ele continua; apesar de reduzido em suas ideias e poder originais, é inegável que ele continua influente em nossos dias, qualquer que seja a classe social, o nível cultural ou a nacionalidade das pessoas. É muito difícil que o ser humano, bem no fundo das suas introspecções, ou mesmo de maneira aberta, deixe de precisar de uma explicação na qual somente Satanás se enquadra. Nos Estados Unidos, por exemplo, maior potência do Mundo e centro tecnológico, de 1998 a 2000, cresceu em mais de 10 vezes o número de Exorcistas autorizados pela Igreja Católica. Na França, no mesmo período, eles foram de 15 para 120. Em quase todo o Mundo Desenvolvido (que não se dirá dos "Em Desenvolvimento"?). Isso significa que os Demônios e seus seguidores continuam ainda fazendo parte do cotidiano. Entre os fundamentalistas Islâmicos, Iblis ganhou as cores branca, vermelha e azul, sugestivamente as da Bandeira Norte-americana, país rotulado como "O Grande Satã". Foi, em suma, contra o próprio Diabo que os aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Esta é uma luta também de cunho religioso, e Satanás é o grande vilão a ser enfrentado! Igualmente, para muitos norteamericanos e Cristãos de todo o Mundo, foi a mão do Diabo que guiou os suicidas Muçulmanos naquele fatídico e terrível dia. E para impedir o ação de Demônios que o regime Taliban impõe o uso das burcas pelas mulheres, do mesmo modo que os órgãos sexuais de meninas eram mutilados - e talvez ainda sejam - em certas culturas Mundo afora. Da Europa à Africa, Belzebu segue com suas manipulações. No Brasil, é claro, há amplo terreno para ele, como nós mesmos sabemos, nas suas mais diversas formas. Desde a Quimbanda e o Candomblé, até dentro das Igrejas Evangélicas o Diabo está frequentemente presente. A Igreja Católica, até meados do Século passado, pintava o Diabo com a mais horripilante máscara, mas nos presentes tempos teve que retocá-la para adaptar-se ao Mundo Atual. Mesmo assim, apesar de deixar de lado sua forma grotesca, não perdeu sua força, ao contrário: agora Satanás é mais ardiloso e sutil, induzindo o Coletivo que a verdadeira felicidade está em satisfazer as concupiscências da carne, deixando-se seduzir pelo poder, dinheiro e luxúria; afinal, "a Vida está aqui para ser vivida, sem restrições", e não é preciso servir ao Diabo para abraçar tal filosofia como forma de viver. A Igreja Católica assume esse tipo de ação como demoníaca, mas afastar o homem dos desígnios e caminhos de Deus também pode ser ação do "Bicho". Ao contrário do que muitos intelectuais pensavam, a superstição não regrediu com o avanço da tecnologia e das ciências. Muitos achavam que ninguém mais difundiria histórias mirabolantes sobre seres mirabolantes; aposentariam seus amuletos, suas imagens de Buda, seus cristais, Pirâmides e patas de coelho; o mês de agosto deixaria de ser agourento, bem como as sextas 13... ninguém iria temer o mau-olhado, as invejas; o que não dizer da cartomancia, dos búzios e do tarô? As pessoas têm muita confiança em seus mestres, guias, gurus, médiuns, benzedeiros, pais-desanto... e a coisa não termina por aí... percepção extra-sensorial, mandala, cabala, talismãs, duendes, "anjos", benzimentos...! A grande verdade é que toda espécie de doutrina - até aquelas sem pé nem cabeça - não encontraria centenas, milhares de adeptos, se tais coisas não estivessem em moda. Isso quer dizer que, para desgosto de alguns, mesmo os mais intelectualizados crêem em alguma forma de sobrenatural. Se bom, se mal... se der certo e ajudar na vida... qual o problema, afinal?! Ninguém disse que estamos a cultuar o Diabo... ou disse? "Então, deixe de intrometer-se em minha vida, deixe-me aqui quieto, com meus Florais de Bach e minhas massagens energizantes e minhas manipulações de Chakhras... sabia que Viagem Astral tem tudo a ver comigo?!!!". MAS, PERGUNTA-SE: Quem, afinal de contas, é o Diabo? Ele existe de fato? Está entre nós desde quando? (lembre-se, este estudo não é Teológico, mas Histórico). Historicamente, Satã, como o compreendemos hoje no Ocidente, é um ser que concentra em si a Maldade Absoluta. Mas como isso começou? E apenas idéia difundida pelo Cristianismo ou podemos encontrar as "pegadas do Diabo" ao longo da História, mesmo que ele não as quisesse deixar, preferindo surpreender a todos bem no "Final do Jogo da Vida"?... Em outras palavras..... como foi que a figura do Diabo se tornou o que é? A formação Do Diabo Na Mente Humana Em termos concretos, ele é resultado de uma longa gestação, decorrente basicamente de três aspectos: ♦ Sincretismo: os arquétipos do Mal - imagens psíquicas do Inconsciente Coletivo que, segundo K. Jung, estruturam modos de compreensão comuns aos indivíduos de uma mesma Comunidade - foram ganhando formas concretas a partir deste fenômeno, o Sincretismo. Isto é, por meios da mistura da idéia do Mal que há nas diversas Religiões. Aqui no Brasil, por exemplo, que sofreu bastante influência indígena e africana, além do Catolicismo Português, fica fácil entender o conceito do Sincretismo. Foi tudo "misturado", numa enorme massa de Bolo, à medida que os Povos também se misturavam. O Senhor não queria que o Sincretismo - algo inevitável quando Povos diferentes convivem num mesmo ambiente - contaminasse a Revelação Pura que tinha vindo dos Patriarcas e de Moisés. Como os Israelitas, em tempos antigos, estavam sujeitos a todo tipo de influência pagã, era por esse motivo que Deus os exortava tão claramente a "não prestassem culto a outros deuses". Fica claro perceber que quando se misturam diversas culturas, as idéias delas também se misturam, criando outras. Assim se dá o Sincretismo Religioso. Na Antiguidade, devido à expansão das Civilizações e à formação de Sociedades mais poderosas que outras, milênios de conquistas e grandes misturas entre os povos levaram a uma enorme "miscelânea" em todos os sentidos. É bem a "massa de Bolo"! Nela se colocam diversos ingredientes de todos os tipos, e, ao final, tem-se algo completamente diferente daquilo que tínhamos no começo. Isso sem contar que muitos dos "ingredientes" eram simplesmente impostos pelos conquistadores aos conquistados... A mistura de tudo isso: linguagem, costumes, formas de vida e subsistência, religiosidade, artes e tudo o mais costuma ser muito forte, porque o Homem é um ser social, que se relaciona. E tudo vai sendo misturado na massa! Imagine o processo de colonização do Brasil... todos se misturaram com todos, alguns foram subjugados por outros, mas isso não apagou as suas marcas. Hoje, nosso modo de vida e de pensar tem raízes africanas, portuguesas, indígenas, italianas, germânicas, orientais... nosso País é de enorme miscigenação! Hoje, em nosso Século, temos o privilégio de não sermos obrigados a adotar costumes de outros povos, vivemos num País que permite a liberdade de Culto, um lugar onde o Católico convive com o Espírita, que é vizinho do Protestante, que tolera os Hare-Khrisna (embora queira convertê-lo!), os quais já tomaram ciência das doutrinas Budistas, que certamente conhecem os princípios de Bodhidharma, e a filosofia dos Esotéricos, os quais, tão certo como 2 + 2 = 4 já espantaram de sua porta algumas Testemunha de Jeová, que se pelam de medo dos Muçulmanos... e etc..., etc..., etc... . No entanto, antes, muito antes.... na Antiguidade, na Idade Média e mesmo ainda na Idade Moderna, quando um Reino era conquistado e subjugado, normalmente ocorria o somatório (Sincretismo), uma mistura que gerava algo diferente de ambas... ou então o Povo dominado era obrigado a abandonar suas crenças, e abraçar as novas. ♦ Processos de Transferência: a "criação" do Diabo também é decorrente deles - a pessoa descarrega num mito, numa figura externa, num "ser maléfico absoluto" todo o mal que enxerga dentro de si. E, claro, por não querermos ver a nossa essência ruim, não queremos ver isso como fazendo parte de nosso ser, descarregamos isso de alguma maneira. Podem ser as mais absurdas terapias psicológicas. Mas como estamos tratando do Diabo e não dos desvarios do Consciente e do Inconsciente, a verdade é que tal ser - Satanás - torna-se responsável por tudo aquilo que consideramos ruim ou que se opõe a Deus, sinonimo do Bem e de tudo que é benéfico, altruísta, que perdoa, que tem compaixão, que tem solidariedade e bondade. Transferimos ou descarregamos o ódio, a raiva, o medo, as fobias, os desvios de personalidade, as paixões mundanas. Não aceitamos isso em nós, então transferimos para algo ou alguém. O Diabo é uma ótima pedida! ♦ Mitologia: vem de diversas fontes. A primeira delas é Histórica e admitese que muitos personagens mitológicos de fato existiram, mas as lendas e tradições fabulosas são apenas acréscimos e embelezamentos poéticos. Quer dizer, o fato histórico aconteceu, mas foi contado sob a forma de Poesia. É o caso da Ilíada e da Odisséia, tidos como acontecimentos reais, mas narrados de maneira a dar "leveza e suavidade" à narrativa. A segunda fonte é a Alegórica pura, onde se admite que os Mitos da Antiguidade eram apenas simbolismos, contendo alguma verdade moral, religiosa ou filosófica; mais ou menos como as Parábolas de Jesus, sabe? Outra fonte para dar asas à Mitologia é a Física; pois os principais elementos, ar, terra, fogo e água, bem como os principais elementos da Natureza, sempre foram objeto de adoração religiosa e as principais divindades de todos os Tempos sempre foram personificações de forças da Natureza, ou de seus derivados: deuses da Boa Colheita, do Sol, da Fertilidade, da Beleza, da Chuva etc... Percebendo desde os primórdios da Existência que nem tudo à nossa volta é reflexo do Bem, notamos que uma figura representante do Mal, afinal, se torna peça necessária à Vida! Nenhuma Sociedade Humana conseguiu viver sem ela - ou ele! Psicologicamente falando, como já foi comentado, nos ajuda a exorcizar, a retirar de dentro de nós todo o Mal e colocá-lo em outro lugar. E Historicamente falando, a essência do Mal é reconhecida em toda e qualquer cultura. A partir dessa constatação, começaram as tentativa de personificálo. Personificar o Mal. Teologicamente falando... bem... isso já é outra questão. Mas antes que todo Cristão Evangélico seja tachado de lunático, vamos ver o que nos diz a História. E a História observou que, embora presente em todas as Culturas do Mundo, em todas as épocas, esse personagem - a figura do Mal -, é essencial no Cristianismo como em nenhuma outra Religião ou Povo. Parece que a função do Diabo como válvula de escape está muito clara, por exemplo, no Novo Testamento, base da Doutrina Cristã; aí há mais citações do Mal do que do Bem. E mais referências a Satã que a Deus.... (Naturalmente esta é uma interpretação puramente teórica dos fatos. Não estamos tratando do assunto Teologicamente! Ainda...) Mas vamos começar pelo começo. Em duas palavras: como começou a História do Diabo? Em que momento ele foi citado pela primeira vez pelo Homem, seja pelo motivo que for...? Em que momento a personificação do Mal se transformou nessa figura, nesse Nome?!... A Civilização Humana, desde as suas mais remotas Antiguidades, procurava uma explicação para o Mal. Vamos ver desde quando podemos encontrar "Figuras do Mal", e como elas eram encaradas. ♦ Mesopotâmia: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios, Neobabilônios, Caldeus, Persas:
São Sociedades Antigas que vêm desde a Pré-História, e que se desenvolveram na Mesopotâmia. Aqui surgiram Povos e Civilizações tão antigas quanto a do Egito. Os Sumérios foram os primeiros de importância na região; depois vieram os Semitas (Acádios, Babilônios, Assírios). Por fim, os Caldeus e os Persas. Estes são os mais importantes e de quem falaremos a seguir. Mesopotâmia, em grego, quer dizer "entre rios"; e refere-se à região localizada no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates. Formava a ponta do "Crescente Fértil", o arco de terra habitável que se estendia a oeste através da Síria, e para o sul em direção à Palestina e ao Egito. No uso moderno, o termo adquiriu um significado mais amplo porque se refere não só à terra entre os dois principais rios, mas também aos seus tributários e vales circundantes, englobando uma área da qual faz parte o Iraque, a Síria oriental e o sudeste da Turquia. A Região Mesopotâmica foi berço de muitas civilizações antigas: os Sumérios e os Babilônios ao sul; os Assírios ao norte e, mais tarde, os Persas a leste. Nos tempos antigos, por causa da sua riqueza natural, que sempre atraiu os povos procedentes das regiões vizinhas mais próximas, a região conhecida como Mesopotâmia foi alvo de muitas migrações e conquistas. Foi nesse território que o Homem aprendeu a adaptar-se ao meio ambiente, sobretudo através do controle dos cursos de água dos rios por meio de canais e diques, assim tirando proveito do potencial econômico da região. Por causa da cheia dos rios, o solo era irrigado e, por meio dos canais, fez-se mais fértil ainda, produzindo cultivos abundantes. Foi somente neste momento (quando se conseguiu canalizar a água dos rios e melhorar a qualidade do solo) que começaram a se desenvolver as primeiras comunidades em grande escala. As comunidades mais antigas que surgiram aí datam de 7000 anos a.C, e a partir de 6000 a.C. começaram a aparecer as civilizações que se tornariam as cidades do IV milênio a.C. Os Homens começaram a lucrar com esse sistema para além dos limites puros da subsistência, e passaram a produzir um excedente, diversificar as atividades culturais e tirar proveitos cada vez maiores das comunidades de uma forma coletiva, isto é, na forma de "Cidade". A "invenção" das cidades pode muito bem ter sido o maior legado da Civilização Mesopotâmica. Não havia apenas uma cidade, mas dezenas delas, cada uma controlando o seu próprio território rural e pastoril, e sua própria rede de irrigação. Cada cidade tinha seu caráter singular: havia Cidades Sagradas, Cidades do Saber, Cidades do Comércio, Cidades de Reis; cidades que floresceram por um tempo e depois foram abandonadas, mas também algumas que até os dias de hoje são habitadas! A primeira povoação da região é provavelmente Eridu, embora o exemplo mais notável seja Uruk (a Erech Bíblica), ao sul, onde os Templos de adobe eram decorados com refinada metalurgia e pedras lavradas. Pouco temos a respeito da Religião adotada e rituais praticados, mas sabe-se que sua influência estendeu-se por toda a região vizinha, chegando inclusive a lugares distantes como a costa sírio-palestina. No início do seu florescimento, na Mesopotâmia, doenças, fome e seca eram vistas como as faces zangadas dos deuses. Ainda que aparentemente não houvesse a concepção de "Demônios", havia uma distinção entre os deuses bons e aqueles encarregados de espalhar o Mal aos homens e à Natureza, segundo cada espécie. Havia o grupo que cuidava de espalhar as doenças contagiosas (lepra e malária), o grupo que influenciava na Natureza (vendavais, secas) e o grupo que influenciava o comportamento do homem (raiva, ódio, fúria, epilepsia, distúrbios mentais). Para cada grupo específico havia os "Sacerdotes", homens estudados e preparados para apaziguá-los por meio de rituais, magias, sacrifícios e chás preparados com ervas próprias. Havia, entretanto, o maior de todos, que nenhum Sacerdote conseguia derrotar: o deus da morte que atemorizava principalmente as gestantes e crianças recémnascidas. Claro que o índice de mortalidade infantil era muito elevado nesta região e época, e isto era atribuído a um ser espiritual horrível que não poupava as crianças de viverem. Este "deus" era concebido sob a forma de uma serpente. Por outro lado, a chuva e a boa colheita representavam proteção dos deuses. Quanto à criação, para eles o Mundo começou do Caos e sempre havia a possibilidade disto voltar a acontecer, uma vez que a Criação e a existência eram resultado de uma luta que começou no início dos Tempos. Os Sumérios constituíram a primeira civilização influente a estabelecer-se na Mesopotâmia, em torno de 3000 a.C. Pouco se sabia sobre eles até 1970 quando tabuletas de argila foram encontradas em Ebla, na atual Síria, revelando uma cidade-Estado bem organizada. Foram eles provavelmente os responsáveis pela primeira cultura urbana, que se estendeu até o norte do Eufrates. Outras Povoações Mesopotâmicas importantes foram Adab, Isin, Kish, Larsa, Nippur e Ur. As tabuletas também registravam trechos de vários mitos, mostrando que deuses, como Enki, eram vistos como fonte de vida e fertilidade, aparecendo ora como deus-terra, ora como deuságua; Enki, com Anou ou An, deus-céu; e Enlil, deus do vento e, mais tarde, deus da terra, são os deuses mais primitivos da Suméria. Nin-ursag, também chamada de Nin-mah ou Aruru, a senhora da montanha, também era cultuada. A hierarquia entre esses deuses muda com o tempo. No início da civilização Suméria, Anou ocupa a principal posição. Depois, o deus supremo passa a ser Enlil, considerado o regente da Natureza, o senhor do destino e do poder dos Reis. Por sinal, o Rei assumia papel divino. Os antigos sumérios procuravam obter as graças divinas por meio de sacrifícios regulares e oferendas. Cada deus tinha sua festa especial. Os Sumérios foram os primeiros a inventar a escrita - os caracteres cuneiformes. Descobertas arqueológicas e a decifração da escrita cuneiforme têm revelado as tradições culturais e religiosas desses povos. Entre os documentos decifrados, destacam-se alguns anteriores ao Século XV a.C. Em 2330 a.C. a região foi conquistada pelos Acádios, que estenderam seu domínio sobre a Suméria, unificando toda a Mesopotâmia. Nessa época, percebemos algo mais na Mesopotâmia, a crença na existência de semideuses, por causa de certos achados artísticos. Talvez - quem sabe - foi legado dos Acádios. Também impressionantes Santuários foram construídos no período de 2121-2004 a.C, no período chamado Terceira Dinastia de Ur. Declinou-se novamente a Civilização vigente, quando caíram sob o domínio de Hamurabi (1799-1750 a.C), quando a região foi conquistada pelos Babilônios. Sumérios e Acádios perderam sua independência. Novamente uma parte do que podemos saber a respeito da religiosidade deste momento vem evidenciada da Arte, pois dela se fez uso para imprimir e gravar rituais religiosos, em qualquer cultura do Mundo. Então sabemos, indiretamente, por cerâmicas decoradas e estatuetas de mulheres sentadas, que eles acreditavam na existência das deusas da fertilidade, que certamente eram cultuadas. Os Babilônios (e posteriormente os Assírios) incorporaram os deuses Sumérios apenas trocando seus nomes e alterando a sua hierarquia. Anou, Enki e Enlil permaneceram como deuses principais. Mas muitos outros deuses eram venerados pelo Babilônios: por exemplo Sin, o deus-lua; e Ishtar ou Astarté, deusa do dia e da noite, do amor e da guerra. No Reinado de Hamurabi, o deus Supremo passa a ser Marduk, o mesmo Enlil dos Sumérios, porém mais poderoso. Chamado de "pai dos deuses", ou criador, Marduk sobrevive com o nome de Assur, deus supremo da Assíria, quando esse povo domina a Mesopotâmia. Sabemos também da existência das Torres Escalonadas (Zigurates), típicas construções religiosas dos Babilônios da Mesopotâmia, e também da existência de Templos. A ideologia religiosa dos Babilônios envolvia um sem-número de personalidades divinas, governado por deuses arbitrários, bons e ruins. Nesse contexto sociológico, erguia-se um complexo sistema de relações, no qual incluía o culto, o exorcismo e a magia. Ainda que a Mesopotâmia, neste período, fosse sinônimo da presença dos Babilônios em toda a região, a Cidade de Babilônia foi a primeira Metrópole dos tempos antigos, no sentido mais real desta palavra. Multicultural, multi-étnica, cheia das incríveis realizações dos Mesopotâmios e das vidas de seus poetas, Sacerdotes, Reis, mulheres e homens de negócios, entretecidos com os Mitos da mais antiga Literatura do Mundo. Não há muitos relatos de como a vida era vivida na sua profundidade nessas cidades invisíveis há muito perdidas. Nippur, Sippar, Assur, Nínive, Ur, Acádia, Babilônia. Estas eram algumas das cidades importantes do Império Babilônico que se estabeleceu na Mesopotâmia. Os Babilônicos tinham muitos deuses e deusas, os quais se comportavam de maneira estranha algumas vezes, exercendo tanto o Bem quanto o Mal, de acordo com seus humores. Daí surgiram muitos Rituais que tinham por objetivo satisfazer aos deuses, ou aplacar-lhes a ira. A relação com os deuses é marcada pela total submissão às suas vontades, mas estes por vezes podem manifestá-las através de sonhos e de oráculos. Importante: perceba que segundo estas crenças antigas, o Bem e o Mal habitavam em um só personagem. Como já foi comentado, claro que A Criação do Mundo era algo que muito naturalmente despertava a curiosidade do Homem. Esses antigos Pagãos acreditavam que, antes de serem criadas terra, céu e mar, todas as coisas apresentavam um aspecto a que se dava o nome de Caos (lembra-se que os Sumérios tinham uma crença semelhante, de muitos anos antes?). Esse Caos, uma enorme e confusa massa onde, entretanto, jaziam as sementes das coisas. Latentes. Os deuses e a Natureza, por fim, intervieram e puseram fim a essa discórdia, a esse Caos. Segundo a crença Babilônia, no início do Caos havia deuses bons; mas aqueles que não eram bons por completo (o que é diferente de serem "maus"), criaram um exército para ajudá-los. Um exército a partir de pássaros, escorpiões, leões, touros, e assim por diante. É uma idéia interessante esta, porque fala em "híbridos": metade deuses, metade animais, como já se evidenciava na Cultura Acádia, 500 anos antes, e irá evidenciar-se também em muitas outras culturas antigas, como veremos. TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO RASTROS DO OCULTO DE DANIEL E ISABELA MASTRAL
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