Estudos Preliminares sobre satanismo
O ritual do sacrifício
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O satanismo é repleto de rituais cujo simbolismo impressiona
profundamente. Alguns de seus rituais incluem ofertas de sangue. Estão aqui os
chamados sacrifícios humanos.
Por intermédio destes rituais, os membros da irmandade fazem pactos com
entidades poderosas.
Estas ofertas de sangue têm por objetivo a busca de poder sohrenatural.
Veja a seguir o relato de um destes rituais compilado do livro "Filho do Fogo".
Sacrifícios Humanos
As tochas foram acesas em toda a volta do Pentagrama, formando
longos corredores. Ao redor, somente a noite. O céu estava coalhado de
estrelas e a luminosidade da Lua que começava a minguar parecia
sedutora. O cheirinho de mato inebriava o ar. Todos estavam nos seus
lugares em silêncio profundo. Eu me sentia seguro ali. Muito seguro.
Quase imortal. Quem poderia resistir aos Filhos das Trevas???
O Vale tinha uma acústica bastante privilegiada de forma que
quando se iniciaram os cânticos, às oito horas em ponto, os instrumentos
repercutiram alto e claro. Um número enorme de pessoas integrava o
conjunto e o coral, era uma verdadeira orquestra bem ali adiante. As
músicas, inspiradas pelos Guias, eram específicas para aquela ocasião.
Os atabaques começaram sozinhos numa batida constante e
cadenciada, leve. Todos começaram a embalar o corpo ao sabor daquele
ritmo, até que entrou o coro de vozes masculinas, potente, vigoroso,
semelhante a uma espécie de canto gregoriano. Foi crescendo, crescendo,
as vozes femininas foram entrando em harmonias inebriantes até que
todos explodiram numa melodia absolutamente indescritível e maravilhosa.
Já nem parecia que estávamos na face da Terra!
A música me contagiava. A medida que soava os vasos de incenso
iam sendo acesos com tochas. O cheiro era gostoso. A brisa continuava
afagando nossos rostos e a Lua vagava devagar pelo céu. Meus olhos
ficaram cerrados a maior parte do tempo.
De repente o tempo deixou de existir, as horas passavam em
minutos, e os minutos em segundos. E deu onze horas da noite. Aquele
período de cânticos e adoração devia chegar ao fim e o Ritual
propriamente dito começaria.
Os quatro Sumos Sacerdotes se posicionaram cada um na sua
ponta correspondente do Pentagrama. A entrada da Suma Sacerdotisa era
um momento mágico e especial. As músicas criavam o clima de
expectativa, a melodia era doce e bonita. E ao longe, da ponta oposta de
onde eu me encontrava vi nada mais nada menos do que a Suma
Sacerdotisa Gwyneth entrar.
Ela passou por um túnel de tochas de fogo, as pessoas tinham
cruzado as tochas acima da cabeça e à medida que ela caminhava as
tochas iam sendo descruzadas. Em perfeita sincronia.
Forcei a vista para ver bem. Gwyneth era muito bela, vinha andando
devagar, sem roupa alguma, com um adorno delicado de flores nos
cabelos. Todos os olhares estavam convergidos para ela. Até que assumiu
sua posição no Pentagrama.
Os Sumos Sacerdotes começaram a entoar solitariamente alguns
encantamentos. Num coro, apenas os quatro homens cantavam agora,
fortemente, até que num estrondo de potência a voz deles modificou-se.
Via-se claramente que a canalização tinha acontecido. A presença
dos demônios começou a ser incessantemente invocada por eles. E então,
pouco antes da meia noite, a fogueira foi acesa. O fogo ergueu-se alto e
poderoso, muito grande diante dos nossos olhos. Enquanto durasse a
fogueira, o mesmo aconteceria com o Rito. Ele só acabaria quando o fogo
se extinguisse.
Os encantamentos continuaram dentro do contexto ritualístico que a
Festa exigia, até que foram trazidas as oferendas para Astaroth. Um dos
Sumos Sacerdotes gritou em alta voz, numa força incalculável, algo que
jamais as cordas vocais humanas isoladas poderiam produzir.
- Astaroth está aqui!!! Está olhando para vocês...e sorrindo!!!
Entraram as cinco mulheres, todas elas de dezessete anos, também
adornadas apenas com flores na cabeça. Estavam se oferecendo em
sacrifício voluntário à Entidade. Conforme pede o Rito, as cinco moças são
sacrificadas pela Suma Sacerdotisa. Gwyneth aproximou-se delas,
canalizada, e fez o que devia.
O povo jubila por cada morte. Elas não pareciam realmente sentir
dor! Observei atentamente em meio à euforia. Eu havia aprendido que
quando o sacrifício é voluntário não ocorre dor. E de fato: não parecia que
estivessem sofrendo coisa alguma, e a vida se escoava delas
tranquilamente. Cada uma gritava, por sua vez:
- Em suas mãos entrego a minha alma!
O sangue foi separado para ser vertido no caldeirão de vinho porque
todos beberiam dele mais tarde. Era uma forma de participação conjunta
no Ritual. Normalmente a Entidade que está saindo aparece durante ou
logo após o sacrifício.
Mas neste dia Asmodeo não pôde aparecer para despedir-se, já
tinha ido embora. Não é regra que a Entidade que está de saída apareça.
Mas a Entidade que está chegando sim, aparece, e vem com muito
regozijo.
Uma sombra de repente materializou-se diante de nós, muito mais
alto do que a fogueira. Astaroth apareceu, gigantesco, como um homem,
com a testa ligeiramente deformada, o queixo proeminente. Usava a coroa
já conhecida mas tinha algo como dois chifres que saíam por trás da
cabeça. O olhar era sempre muito penetrante, o rosto apresentava como
que sulcos profundos, o queixo alongado. Usava uma corrente dourada
que caía sobre o peito peludo. Os braceletes de ouro chegavam quase até
os cotovelos.
Veio receber as cinco oferendas feitas a ele. Nós sabíamos da sua
particular predileção pelas mulheres jovens e
seu rosto dizia o quanto as tinha apreciado.
Depois que foram oferecidos os cinco
sacrifícios, começou outra etapa do Rito. As
oferendas que viriam então seriam
oferecidas em prol daqueles que estavam
sendo consagrados naquela noite. O sangue
deles seria derramado em troca do Poder.

Athame e o Cálice.

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