MODALIDADES DA CRUCIFIXÃO
capitulo 9

Parece bem certo que estava a crucifixão fixada mesmo nas
minúcias por uma série de leis e regulamentos internos o que,
no entanto, não impedia que houvesse sempre, por parte dos carrascos,
uma certa fantasia sádica.
1.° Flagelação preliminar. - Não se trata da flagelação mandada
aplicar como tortura em si, para castigo, nem mesmo como
um modo de matar os condenados, mas tão somente da flagelação
que era o preâmbulo legal de tôda e .qualquer execução capital.
Todo condenado à morte devia ser, por lei, flagelado preliminarmente,
quer fOsse a execução feita pela cruz quer de outro modo :
decapitação (Tito Lívio) ou fogo (José Flávio) . Dela estavam isentos,
segundo Mommsen, somente os senadores, os soldados e as mulheres
que gozassem do direito de cidadania.
Entretanto, nos casos de decapitação, não se aplicava a flagelação
propriamente dita, mas sim a fustigação, que se fazia com
as varas dos fachos dos litores: "Nudatos virgis caedunt se<!urique
percutiunt - Estando êles despidos, batem-nos com varas e feremnos
com o machado" (Tito Lívio) .
Como vimos, a flagelação era um antigo costume de Roma.
Foi também usada sob Alexandre, Antíoco Epüãnio e em Cartago.
De qualquer modo, encontram-se com freqüência as fórmulas:
"proaikistheis anestaurothe" = "verberatus cruci adfixit" = (depois
de) flagelado foi crucüicado".
·
Esta flagelação que primitivamente era aplicada sôbre a cruz,
passou, com o tempo, a ser aplicada no próprio local do tribunal.
O condenado era ali atado a uma coluna (provàvelmente com as
mãos amarradali por sôbre a cabeça. 1: á melhor maneira de imobilizar
o condenado que não repousa senão sôbre as pontas dos pés ) .
Encontramos em Plauto: "Abducite hunc intro atque astringite ad
columnam fortiter - Levai-o para dentro e amarrai-o solidamente à
coluna" (Bacchides) .
Despia-se o condenado para a flagelação. Era nú e flagelado
que encetava sua marcha para o suplício, carregando seu patíbulo.
(Valéria Máximo, Cícero) .
Qual era o instrumento d a flagelação? Acabamos de ver que
a fustigação se fazia com as varas dos litores; a flagelação necessitava
o "flagrum", instrumento especificamente romano. Compunhase
de um cabo curto ao qual estavam fixados grossos e compridos
látegos, geralmente dois. A pequena distância de sua extremidade
livre, estavam inseridas pequenas esferas de chumbo ou ossos de
carneiro, "tali", como os que serviam para jogar "ossinhos" ( 1 ) ,
que eram os astrágalos tirados das patas do carneiro.
Os látegos cortavam mais ou menos a pele e as balas ou os
ossinhos nela imprimiam profundas contusões. De onde se seguia
uma hemorragia nada desprezível e um enfraquecimento considerável
da resistência vital. Muitas vêzes, encontraremos na Mortalha
de Jesus, os ferimentos que podia provocar êste terrível instrumento
e os vestígios sangrentos que deixava sôbre a pele.
O número de golpes com o açoite era, segundo o direito judeu,
rigorosamente limitado a 40 . Mas os fariseus, gente escrupulosa,
para ter absoluta certeza de não ultrapassar o número, exigiam que
se contasse "40 menos 1", i . e . 3 9 . Entre os romanos, a lei não
conhecia outro limite senão a necessidade de não matar o condenado
sob os golpes; era ainda necessário que ficasse com fôrças
suficientes para carregar seu patíbulo e que morresse sôbre a cruz,
regularmente. Era êle, às vêzes, como diz Horácio, "sectum flagellis
. . . praeconis ad fastidium - dilacerado pelos açoites . até
enfastiar o carrasco". (Épodo IV).
capitulo 9

Parece bem certo que estava a crucifixão fixada mesmo nas
minúcias por uma série de leis e regulamentos internos o que,
no entanto, não impedia que houvesse sempre, por parte dos carrascos,
uma certa fantasia sádica.
1.° Flagelação preliminar. - Não se trata da flagelação mandada
aplicar como tortura em si, para castigo, nem mesmo como
um modo de matar os condenados, mas tão somente da flagelação
que era o preâmbulo legal de tôda e .qualquer execução capital.
Todo condenado à morte devia ser, por lei, flagelado preliminarmente,
quer fOsse a execução feita pela cruz quer de outro modo :
decapitação (Tito Lívio) ou fogo (José Flávio) . Dela estavam isentos,
segundo Mommsen, somente os senadores, os soldados e as mulheres
que gozassem do direito de cidadania.
Entretanto, nos casos de decapitação, não se aplicava a flagelação
propriamente dita, mas sim a fustigação, que se fazia com
as varas dos fachos dos litores: "Nudatos virgis caedunt se<!urique
percutiunt - Estando êles despidos, batem-nos com varas e feremnos
com o machado" (Tito Lívio) .
Como vimos, a flagelação era um antigo costume de Roma.
Foi também usada sob Alexandre, Antíoco Epüãnio e em Cartago.
De qualquer modo, encontram-se com freqüência as fórmulas:
"proaikistheis anestaurothe" = "verberatus cruci adfixit" = (depois
de) flagelado foi crucüicado".
·
Esta flagelação que primitivamente era aplicada sôbre a cruz,
passou, com o tempo, a ser aplicada no próprio local do tribunal.
O condenado era ali atado a uma coluna (provàvelmente com as
mãos amarradali por sôbre a cabeça. 1: á melhor maneira de imobilizar
o condenado que não repousa senão sôbre as pontas dos pés ) .
Encontramos em Plauto: "Abducite hunc intro atque astringite ad
columnam fortiter - Levai-o para dentro e amarrai-o solidamente à
coluna" (Bacchides) .
Despia-se o condenado para a flagelação. Era nú e flagelado
que encetava sua marcha para o suplício, carregando seu patíbulo.
(Valéria Máximo, Cícero) .
Qual era o instrumento d a flagelação? Acabamos de ver que
a fustigação se fazia com as varas dos litores; a flagelação necessitava
o "flagrum", instrumento especificamente romano. Compunhase
de um cabo curto ao qual estavam fixados grossos e compridos
látegos, geralmente dois. A pequena distância de sua extremidade
livre, estavam inseridas pequenas esferas de chumbo ou ossos de
carneiro, "tali", como os que serviam para jogar "ossinhos" ( 1 ) ,
que eram os astrágalos tirados das patas do carneiro.
Os látegos cortavam mais ou menos a pele e as balas ou os
ossinhos nela imprimiam profundas contusões. De onde se seguia
uma hemorragia nada desprezível e um enfraquecimento considerável
da resistência vital. Muitas vêzes, encontraremos na Mortalha
de Jesus, os ferimentos que podia provocar êste terrível instrumento
e os vestígios sangrentos que deixava sôbre a pele.
O número de golpes com o açoite era, segundo o direito judeu,
rigorosamente limitado a 40 . Mas os fariseus, gente escrupulosa,
para ter absoluta certeza de não ultrapassar o número, exigiam que
se contasse "40 menos 1", i . e . 3 9 . Entre os romanos, a lei não
conhecia outro limite senão a necessidade de não matar o condenado
sob os golpes; era ainda necessário que ficasse com fôrças
suficientes para carregar seu patíbulo e que morresse sôbre a cruz,
regularmente. Era êle, às vêzes, como diz Horácio, "sectum flagellis
. . . praeconis ad fastidium - dilacerado pelos açoites . até
enfastiar o carrasco". (Épodo IV).
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